Freguesia de Serreta

População: 368

Actividades económicas: Agro-pecuária e serviços

Festas e Romarias: Nossa Senhora dos Milagres (2.º domingo de Setembro), Espírito Santo e carnaval

Património: Igreja matriz, chafariz, império, casario típico e farol

Outros Locais: Mata da Serreta, Queimado, zona de pesca, coreto, miradouro Pico do Pinheireiro, lagoa do Pico da Laguinha e fontes de água mineral

Gastronomia: Couves com bolo

Colectividades: Soc. Filarmónica Serretense

Orago: Nossa Senhora dos Milagre

 

DESCRITIVO HISTÓRICO

A vinte quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Serreta encontra-se no extremo ocidental da ilha, junto da ribeira do Gato, entre a ponta da Serreta e a de Doze Ribeiras. O seu nome é de origem óbvia e está relacionado com a posição geográfica que ocupa na ilha Terceira. Serreta é uma pequena serra. De grande beleza natural, já foi apelidada a Sintra de Terceira.

Embora a elevação de Serreta a freguesia tenha ocorrido apenas em 1862, com a emancipação em relação a Doze Ribeiras, o seu povoamento começou no século XVI. Um sacerdote penitente retirou-se para este local, construindo uma tosca ermida para uma imagem da Virgem. Depois da sua morte e por ordem do prelado, a imagem recolheu à matriz de Doze Ribeiras, onde teve logo grande romaria de devotos, que lhe atribuíram fama de milagreira. Mais tarde, construiu-se um novo templo, em 1842, e a imagem voltou. Já então estava constituída a paróquia, desmembrada de Doze Ribeiras.

Em 1764, aqui foi fundada a Irmandade dos Escravos de Nossa Senhora. Um dos primeiros objectivos era a reedificação da antiga ermida da Virgem, feito que acabou por não se cumprir nos anos mais próximos. Apenas em 1819 foi promovida a fundação da igreja de Serreta, concluída finalmente em 1842, como vimos anteriormente.

Templo de uma só nave, essa igreja era consagrada a Nossa Senhora dos Milagres. Modesta mas digna, tinha à direita da fachada torre sineira com dois sinos. Tinha duas sacristias e duas tribunas. Encontrava-se no local onde hoje existe o império.

A actual igreja, cuja construção demorou para cima de dez anos, foi benzida em 31 de Agosto de 1907. Templo de alegre traça, tem dezanove metros de altura desde o frontispício até à base da cruz e mais de dez de largura. A torre sineira mede vinte e três metros. O interior é de uma só nave. No corpo da igreja, dois altares, dedicados à Virgem de Fátima e ao Sagrado Coração de Jesus. Diversas esculturas merecem referência, como as de S. José e a de S. Judas Tadeu. Uma das peças mais valiosas do espólio do templo é um Cristo em marfim, indo-português, do século XVII, muito grande e raro. Ainda uma palavra para a estante com embutidos de marfim e quatro castiçaleiras, em madeira trabalhada, do século XVIII. Na sacristia, um Cristo seiscentista. A igreja foi restaurada em meados do século.

O império do Divino Espírito Santo, por seu lado, começou a ser construído no Verão de 1622. No seu interior, merece referência uma imagem que representa Santo António e que data do século XVIII.

Existem diversas fontes de água mineral em Serreta. Uma delas merece destaque pelas propriedades medicinais que contém. Foi descoberta em 1855 e logo nessa altura foi estudada por especialistas. José Augusto Nogueira Sampaio foi um desses cientistas. Chegou à conclusão, depois das suas investigações, que estas águas eram ácidas carbónicas, tinham cloreto de cálcio e de sódio, sulfato de cal, alumina, magnésia e ácido hidrosulfúrico. Em suma, era uma nascente de águas minerais, semelhante à de Vichy, Vidago e outras. Monsenhor Alves da Silva, por seu lado, aponta as doenças de estômago como uma das principais aplicações desta água.

O farol de Serreta, situado na ponta do Queimado, foi inaugurado em 4 de Novembro de 1908, segundo estudo do engenheiro hidrógrafo Schultz Xavier. É um aparelho que alcança uma distância de dezoito milhas e que apresenta duas luzes. Os clarões vão surgindo de dez em dez segundos. A estrada que o liga ao resto da povoação foi aberta apenas em 1968.

O património natural, por seu lado, é ainda mais rico que o edificado. Serreta é a natureza em todo o seu esplendor. As paisagens são belíssimas. Em finais do século XIX, a freguesia era descrita da seguinte forma: É um oásis no meio daquela natureza bravia, de matagais enredados, de penedos negros mal cobertos de um musgo cor de cinza. É um sorriso do Bom Deus a alegrar a torva paisagem de um inferno.

A vista cansa, apavorada, medrosa, olhando, desde a nuvem até ao mar, aquela terra que forças subterrâneas revolveram, cavando aqui abismos eriçados de rochas ponteagudas, levantando além monolitos de formas estranhas, de torres, de castelos, de animais, alguns tão inclinados para a estrada que serpenteia na encosta, que parece vão despegar-se e rolar pela montanha atormentada.”

Uma descrição que permite perceber a beleza extraordinária e de proporções gigantescas da povoação. Com menos de quatrocentos habitantes, Serreta é uma freguesia que vive sobretudo da agricultura de subsistência e da pecuária. A nível de colectividades, não poderia faltar uma referência à Sociedade Filarmónica Serretense. Foi fundada em 4 de Dezembro de 1873 e desde então não tem parado de demonstrar o seu valor e de levar a todo o País o nome de Serreta