Freguesia de Ribeirinha

População: 475

Actividades económicas: Agro-pecuária, carpintaria, construção civil, pequeno comércio e serviços

Festas e Romarias: Espírito Santo (Pentecostes), S. Mateus (21 de Setembro) e Santo António (13 de Junho)

Património: Igreja matriz, farol da Ribeirinha, império central, império vermelho, império de Espalhafatos e fornos de telha

Outros Locais: Zona do porto, pontinha, miradouro de Cima da Lomba, estrada de Ribeirinha a Cabouco Velho e Trás-da-Serra

Gastronomia: Sopas do Espírito Santo, inhame com linguiça, peixe, coscoréis, morcela com laranja, patinha, caçoila, matança do porco, bifinhos de coelho, lapas com milho, massa sovada e filhós

Artesanato: Bonecas de pano e casca de milho, capotes, capachos, esteiras, cestos de vime, rendas e bordados

Colectividades: Sociedade Filarmónica Recreio Musical Ribeirense, Grupo Musical Margens e Tuna dos Espalhafatos

Orago: S. Mateus

DESCRITIVO HISTÓRICO


Com uma área de mais de dez quilómetros quadrados, a freguesia de S. Mateus da Ribeirinha é constituída pelos lugares de Ribeirinha e Espalhafatos. A dez quilómetros da sede do concelho, encontra-se esta povoação na costa sudeste da ilha do Faial, entre as pontas de Espalamaca e do Salão. Situada em terreno acidentado, rodeada por montanhas, é atravessada por duas ribeiras, que fertilizam sobremaneira os seus campos agrícolas.

Topograficamente, as duas povoações que constituem a freguesia estão encaixadas entre duas serras de origem geológica orientadas de oeste para oriente. A do sul é denominada Lomba Grande e com uma altitude de 543 metros, parcialmente coberta por floresta com espécies naturais dos Açores. Dali se avistam paisagens de extraordinária beleza; a serra que enquadra a freguesia a norte chama-se Lomba ou Ladeira da Ribeirinha. Tem uma altitude de 309 metros, na qual se desenvolve um planalto Trás-da-Serra, que abriga a maioria dos melhores terrenos agrícolas dos residentes e onde se encontram largas dezenas de atafonas de apoio à agricultura, construções típicas em pedra e diversos miradouros. Pensa-se, devido a todos estes factores, na criação de uma paisagem protegida no local.

O nome da freguesia deve-se à existência de uma pequena ribeira, onde se encontram algumas nascentes, que no passado serviram para fornecer água à população, enquanto pequenas represas naturais dessa água também serviram de locais para lavar a roupa dos residentes. Diz a lenda que as populações se instalaram neste local, a mais de dois quilómetros do mar, para fugirem às invasões dos corsários. Esse era então o único acesso a partir do mar através da ribeira que era então vigiada e onde se planeavam ciladas aos invasores. Ainda hoje, um troço da ribeira é designado por Poceirão dos Mouros, nome atribuído localmente aos corsários, devido ao facto de aí terem ficado encurralados.

Ribeirinha foi criada, como freguesia, em 1666. Nessa data, foi também fundada a paróquia de S. Mateus e construída a igreja paroquial. É seu padroeiro S. Mateus. Apóstolo e evangelista, é festejado anualmente a 21 de Setembro. Chamava-se Lévi e era filho de Alfeu. Exercia o cargo de publicano, isto é, cobrava impostos para Herodes em Cafarnaum. Estava um dia exercendo o seu ofício quando Jesus lhe disse: “Segue-me”. S. Mateus despediu-se de sua família, oferecendo-lhes um repasto, e seguiu Jesus para sempre. Supõe-se que pregou na Palestina, depois na Etiópia e entre os Espartanos, onde viria a ser martirizado.

No lugar de Espalhafatos, onde vive cerca de 40% da população da freguesia, encontra-se a Igreja de Santo António. Foi edificada na década de setenta deste século. A lenda atribui o nome do lugar a um acontecimento na época das invasões espanholas. Nessa altura, os invasores teriam tentado repousar, mas foram obrigados a fugir porque eram perseguidos. No caminho, deixaram os seus haveres e as suas roupas, que secavam ao sol. Espalharam-se então os fatos, e o nome ficou...

A ponta da Ribeirinha é um dos principais pontos de interesse turístico da freguesia. Aí se encontra um farol sobre uma torre quadrangular de alvenaria, forrada de azulejo branco. Tem anexo um edifício de um pavimento, que servia para habitação dos funcionários encarregues do Inaugurado em 1917, que hoje se encontra abandonado. Sobranceiro ao canal do Faial, é um dos marcos mais importantes desta área, circundado por uma paisagem de grande beleza. É diversas vezes mencionado nas obras de Vitorino Nemésio, em especial em “Mau tempo no canal”. Um verdadeiro “ex-líbris” da povoação, que deve ser visitado por todos aqueles que se deslocam à Ribeirinha. Em “Viagens na Nossa Terra”, Vítor Rui Dores segue a mesma opinião: “Siga em direcção a Pedro Miguel, faça um desvio à direita para a Ribeirinha e visite o farol, que lhe permitirá o acesso visual a um vasto troço de costa. Regresse à estrada principal”.

A zona balnear, com a do porto piscatório da Boca da Ribeira, forma a extremidade norte do canal. Daí se observa toda a costa leste da ilha, a majestosa montanha do Pico e S. Jorge. O seu acesso é feito por um caminho escavado na serra e paralelo à ribeira. A existência de balneários e de um parque de merendas tornam o local extremamente aprazível.

Com menos de quinhentos habitantes, a freguesia de Ribeirinha é uma das menos povoadas de toda a ilha. Com menos gente, só mesmo a freguesia de Salão. Nem sempre foi assim. Em 1890, segundo o primeiro recenseamento à população oficialmente realizado, tinha 1112 habitantes. Um número que nunca foi ultrapassado. A partir daí, foi a descer. Ainda assim, em 1940 viviam aqui 1031 pessoas. A emigração para o estrangeiro, devido às dificuldades económicas, ditou o acentuado decréscimo demográfico.