Freguesia de Ribeira.

População: 1150

Actividades económicas: Agricultura, pecuária, pesca, lacticínios, construção civil, restauração e pequeno comércio

Festas e Romarias: Santa Bárbara (4 de Dezembro), Senhor Jesus (1 de Janeiro), Divino Espírito Santo (domingo de Pentecostes), Trindade e Nossa Senhora de Fátima (Agosto)

Património: Igreja matriz, igreja de Santa Cruz, ermida de Nossa Senhora do Socorro, ermida de Nossa Senhora de Fátima, ermida de S. João, império de Santa Bárbara, império de Santa Cruz, poços de maré, moinhos de vento e água, cruzeiro, nichos e lanchas baleeiras

Outros Locais: Miradouros

Gastronomia: Sopas do Espírito Santo, caldo de peixe, inhame com linguiça, massa sovada, pão de milho, filhós, arroz-doce, carne assada, molha de carne e lula frita à moda das Ribeiras

Artesanato: Rendas, bordados, trabalhos em madeira, em osso e em marfim de baleia

Colectividades: Sociedade Filarmónica de Santa Bárbara, União Ribeirense, Sociedade Filarmónica Santa Cruz, Recreio Ribeirense, Clube Desportivo Ribeirense

Orago: Santa Bárbara e Santa Cru.

 

DESCRITIVO HISTÓRICO


Constituída por duas paróquias, Santa Bárbara e Santa Cruz, a freguesia de Ribeiras agrupa os seguintes lugares: Arrife, Santa Bárbara, Santa Cruz, Pontas Negras, Ribeira Grande e Ribeira Seca. A cinco quilómetros da sede do concelho, está situado junto ao mar, na costa sudeste da ilha do Pico e em terreno fortemente declivoso. No sopé do monte vulcânico do Pico, é atravessada por ribeiras torrenciais, que lhe deram o nome. São nada menos de vinte e quatro correntes de água, das quais as mais conhecidas são as seguintes: Arrife, Santa Bárbara, Mansilhas, Moinhos, Grurões, Alfaiate, Biscoito, Ribeira Grande e Ribeira Seca.

É uma das mais antigas freguesias deste concelho. Aparece como freguesia em 1540, numa altura em que poucas mais existiam. Santa Bárbara foi o primeiro núcleo populacional a desenvolver-se no território, com as pessoas a fixarem-se em seu redor. Em seguida, surgiu Santa Cruz, onde posteriormente se edificou uma igreja.

O facto mais importante da história da freguesia ocorreu na primeira metade do século XIX. Em 1831, aqui desembarcou a divisão constitucional chefiada pelo conde de Vila Flor, que vinha da ilha Terceira.

A igreja matriz de Ribeiras, consagrada a Santa Bárbara, já existia em 1568. É, pois, uma das mais antigas paróquias deste concelho. No entanto, essa igreja acabaria por ser demolida, devido a falta de condições, e em seu lugar construiu-se outra, em 1962, simples mas acolhedora.

Quanto à igreja de Santa Cruz, data de 1680, sendo que nessa altura era apenas uma pequena ermida construída pelos pescadores para albergar o Santo Cristo Milagroso.

A ermida de Nossa Senhora do Socorro, situada no lugar de Santa Bárbara, data de 1590. Era propriedade particular e pertencia à família do delegado do donatário. Foi servindo de igreja matriz ao longo dos tempos, quando aquela sofria obras de conservação.

No lugar de Pontas Negras, temos a ermida de Nossa Senhora de Fátima. É uma das mais belas capelas da ilha. Muito simples e de grande harmonia arquitectónica, é visitada ao longo do ano pela generalidade dos turistas que visitam a freguesia.

Na Ribeira Grande, a capela de S. João Baptista foi construída já neste século, em 1925, com a ajuda dos emigrantes. Entrando em derrocada, foi substituída no culto por uma outra, inaugurada em 1970 e de novo à custa da ajuda do povo.

Manuel Tomás, em “Viagens na Nossa Terra”, passeou pela freguesia e descreveu algumas das suas belezas: “Em frente (à Calheta de Nesquim), sempre por entre arvoredos e curvas, com o mar do lado esquerdo, encontra-se a mais asseada freguesia do Pico, as Ribeiras, das casas brancas, das traineiras do atum, mas vêm-nos à lembrança das Festas do Espírito Santo. Nas Ribeiras são especiais, mas estão a americanizar-se. No fim da Primavera, chegam as festas mais representativas da ilha..

Com mais de mil e cem habitantes (eram dois mil e duzentos há cerca de cem anos), a freguesia de Ribeiras dedica-se essencialmente à agricultura e à pecuária. As actividades relacionadas com o turismo têm também alguma importância.

Aqui chegados, convém fazer um pequeno retrato do que foi a povoação no passado, em termos económicos. Os campos agrícolas e o mar constituíram sempre a base de todo o sustento da sua população. Tudo começou com os primeiros povoadores, que aqui chegaram e logo aproveitaram a terra para cultivar a sua própria alimentação: milho, batata, centeio, trigo, legumes, frutas. A pesca dependeu sempre do mar, as suas gentes também. Sobretudo a partir do século XIX, a caça à baleia ocupou a maior parte dos homens da freguesia.

Sobre a caça da baleia, referia Norberto Pacheco em “A Freguesia de Ribeiras”: “Com muitas dificuldades, em frágeis canoas, à mercê do vento, do mar e da fúria desses animais, assim partiam os pescadores, à procura do inimigo. Muitos e muitos cachalotes foram arpoados pelas canoas das Ribeiras e derretidos no porto de Santa Cruz. Quando falamos com os mais idosos, eles exprimem um misto de saudade e de contradição, recordando esses tempos, pois, era preciso ter muita coragem e saber arriscar para enfrentar as agruras daquela vida. Inicialmente, as canoas (botes) vinham dos Estados Unidos da América com as baleeiras. Só em 1893 começaram a ser construídas, na ilha, as primeiras canoas e, depois, também, as lanchas de reboque e apoio na caça do cachalote.”