Freguesia de Nordestinho

População: 1100

Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio, construção civil e serviços

Festas e Romarias: N. Sra. do Pranto (nos sete Domingos de Quaresma), S. Pedro (29 de Junho), Santo António (13 de Junho), N. Sra. do Amparo (último domingo de Julho) e Mordomias do Divino Espírito Santo

Património: Igreja matriz, Ermida de N. Sra. do Pranto, Igrejas Paroquiais de Santo António e N. Sra. do Amparo, Nicho do Rosário de N. Sra. de Fátima e Nichos dos Romeiros de Algarvia e de Santo António

Outros Locais: Pocinha de N. Sra. do Pranto, Miradouros de Algarvia e da Borda da Ladeira de Santo António e Pico da Vara

Gastronomia: Fervedouro, sopas do Espírito Santo e de funcho, molho de fígado com inhame, chouriço, morcela, capão recheado, massa sovada, caldeirada, cozido à portuguesa e cabrito assado no forno

Artesanato: Tecelagem, rendas e bordados

Colectividades: Filarmónica “Estrelas do Oriente” de Algarvia e Clube Desportivo de Santo António de Nordestinho

Orago: S. Pedro, N.ª Sra. do Amparo e Santo Antóni.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada no extremo Norte da ilha de S. Miguel, dista 8 km da sede do concelho e 76 km da sede do distrito. À época do início do povoamento desta ilha, o acidentado do terreno e a densidade do matagal que cobria S. Miguel, constituíram grandes dificuldades nos trabalhos de reconhecimento, pelo que este foi feito, primeiramente, por mar, como se induz de uma citação de Gaspar Frutuoso: “(...) discorrendo estes novos povoadores pela costa desta ilha em um batel, vieram ter a uma pequena praia que tinha ao mar um ilhéu defronte dela (...)..

Nos três primeiros séculos, foi governada a ilha de S. Miguel, por representantes do capitão donatário, tendo sido seu primeiro capitão donatário Gonçalo Velho, e o segundo, João Soares de Albergaria que, por dificuldades financeiras, vendeu a capitania de S. Miguel a Rui Gonçalves da Câmara.

A presença da Ordem de Cristo nos trabalhos iniciais do seu povoamento, explica--se por razões de apoio financeiro, mas também para testemunhar a “tradição de fé com que os portugueses fizeram a urdidura forte da sua nacionalidade..

Não foi por acaso que a primeira ilha a que aportaram foi dedicada à Virgem e que, em quase todas as outras ilhas, os primeiros altares levantados, se destinaram a exaltar a Santa Cruz, símbolo daquela Ordem e sinal de redenção.

A vida social do arquipélago, apoiou-se quase inteiramente na Igreja, porquanto proveio dela, nasceu com ela e se desenvolveu alicerçada nela. Proveio dela, pelas instituições religiosas que estiveram na base do descobrimento das terras atlânticas e de as integrar no património nacional. Nasceu com ela porque, em toda a parte, se ergueu um altar e, logo depois, um templo. Desenvolveu-se alicerçada nela porque a Igreja foi sempre, ao longo dos séculos, com os seus princípios, as suas instituições e os seus valores, um forte pilar social. Em terras açorianas, a Igreja é tão antiga como o homem. Daí, uma floração, desde o início do povoamento, traduzida no levantamento de ermidas, conventos, igrejas, ou de modestos oratórios.

As primeiras casas que se estabeleceram nos Açores foram de instituição franciscana. As suas aulas e as suas sopas de pobres, a sua actividade religiosa, ajudaram a robustecer a religiosidade açoriana.

Outra manifestação de religiosidade nos é dada, pelos séculos fora, pelas Irmandades e Confrarias, pelas Misericórdias e Recolhimentos. As primeiras, agrupavam-se em torno de capelas e imagens e promoviam actos de culto e beneficência; as Misericórdias, acudiam aos doentes e pobres, e os Recolhimentos substituíam os conventos onde estes não existiam.

Logo no século XV, apareceram nesta ilha dezanove igrejas e dezasseis ermidas e, já no século XX, setenta e seis igrejas, cento e setenta e sete ermidas, dezassete conventos e dois ermitérios. À frente de todas as invocações, encontrava-se a Virgem, depois as relacionadas com Cristo e, só depois, as que tocavam aos chamados santos padroeiros ou simples oragos.

Quando D. Manuel I elevou esta região a concelho, já o Nordestinho era um lugar habitado, cujo território se estendia desde a Ribeira do Guilherme até à Ribeira Despe-Te-Que-Suas. O núcleo principal desta freguesia concentrou-se no lugar que hoje é de S. Pedro.

Após o terramoto de 1522, a população do Nordeste erigiu um templo dedicado à Virgem Maria, de invocação à Senhora do Pranto ou da Vida, sita nas lombas de João Soares e fundada em 1523. Conta a tradição que, andando por ali um vaqueiro a guardar gado, lhe apareceu a Virgem e lhe anunciou que uma terrível peste se abateria sobre Ponta Delgada. Verdade ou não, ao longo de quase cinco séculos, subsiste um pequeno templo que continua a ser objecto de peregrinações.

Também o culto do Espírito Santo está relacionado com flagelos, como fomes, pestes e erupções vulcânicas, que sempre atormentaram estas populações.

Em 1568, já esta localidade era vigairaria. Para além deste templo, conta esta freguesia com a Igreja de S. Pedro que data do princípio do século XVI. No século XVIII, foi a sua estrutura principal beneficiada, pelo que é, actualmente, uma das três igrejas paroquiais mais antigas do concelho.

O primitivo templo de Nossa Senhora do Amparo da Algarvia, foi construída no século XVII. Contudo, em virtude do aumento demográfico, revelou-se esta igreja insuficiente para satisfazer as necessidades de culto da população, tendo sido necessário edificar uma igreja maior. É este templo que a paróquia hoje possui e que data de 1865.

Nesta freguesia existe, ainda, a Igreja de Santo António, cuja construção se iniciou em 1898, tendo sido aberta ao culto em 1906. Veio este templo substituir uma pequena ermida que havia sido destruída para dar lugar ao novo templo.

Acerca do seu topónimo, Urbano de Mendonça Dias, em História dos Açores, diz o seguinte: “tomou para seu nome o diminutivo da vila a que está sujeita”.