Freguesia de Achada

População: 600

Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio e serviços

Festas e Romarias: Nossa Senhora da Vida (4.º domingo da Quaresma), Nossa Senhora da Anunciação (último domingo de Julho ou 2.º de Agosto), S. Pedro (1.º domingo de Julho) e Divino Espírito Santo (8.º domingo após a Páscoa)

Património: Igreja matriz, Memorial ao Poeta Virgílio de Oliveira, Moinhos de Água e Nicho de Nossa Senhora de Fátima

Outros Locais: Miradouro Adro da Igreja, Ribeira dos Caldeirões (Queda de Água) e Porto de Pesca

Gastronomia: Fervedouro, sopas do Espírito Santo, sopas de funcho, molho de fígado com inhame, chouriço e morcela

Colectividades: Clube Desportivo “Nossa Senhora da Anunciação” e Casa do Povo

Orago: Nossa Senhora da Anunciaçã.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada na costa norte da ilha de S. Miguel, em terreno plano, dista cerca de 20 km da sede do concelho e pertence ao distrito de Ponta Delgada.

No concelho do Nordeste distinguem-se duas zonas totalmente diferentes: a Oriental, compreendida entre a Ribeira Despe-Te-Que-Suas e o Lombo Gordo, e a Ocidental, situada entre a Ribeira da Salga e a Ribeira Despe-Te-Que-Suas.

A primeira zona é bastante montanhosa e culmina com o Pico da Vara, a maior altitude da ilha de S. Miguel, com 1.105 metros; a segunda zona é planáltica e nela se localiza esta freguesia da Achada.

Após a descoberta do Arquipélago dos Açores, ocorrida entre 1427 e 1437, D. Afonso V, por carta régia de 2 de Julho de 1439, autorizou seu tio, o Infante D. Henrique, a iniciar o seu povoamento. Este é o documento régio mais antigo que se conhece e se refere aos Açores.

Para Gaspar Frutuoso, a colonização começou por Santa Maria, seguindo-se-lhe S. Miguel, Terceira, depois S. Jorge, Faial, Pico e Graciosa, e, finalmente, Flores e Corvo.

Segundo o mesmo cronista, a freguesia da Achada já se encontrava povoada na primeira metade do século XVI.

Foi este lugar pertença de Antão Rodrigues da Câmara, descendente do terceiro capitão donatário de S. Miguel, tendo procedido, logo após ter tomado posse destas terras, ao respectivo arroteamento e venda.

Sabe-se que, decorria o ano de 1526, possuía este lugar uma igreja paroquial de invocação a Nossa Senhora da Graça. Mais tarde, o seu orago passaria a ser Nossa Senhora da Anunciação.

O templo actual é o resultado de várias remodelações, a última das quais foi feita em 1782. Em 1984 iniciou-se o seu último restauro.

A percepção desta zona vem já dos primitivos povoadores que, assim, a denominaram: Achada que deriva de achanada, aplanada ou zona plana. Achada é, pois, a aplicação de um vocábulo antigo. Este topónimo existe por todo o país, sobretudo, na parte Sul e é muito mais frequente nas ilhas adjacentes. Sendo este vocábulo, inegavelmente, de origem latina, não se compreende muito bem que seja, precisamente, a zona Norte do país, aquela onde este topónimo mais raramente aparece. Presume-se que, nos poucos casos em que ele surge, provirá de influências do sul, região do país que o forneceu com abundância, pelas possibilidades que apresentava de ser aplicado a novas terras. Este vocábulo talvez tivesse sido usado, sobretudo, entre a população moçárabe de Além-Tejo, ou mesmo, Além-Mondego, zonas menos montanhosas que as do Norte, onde, durante séculos, parou o avanço cristão.

Apesar de as terras planas serem menos abundantes no norte do que no sul, não se pode, contudo, atribuir somente a este facto a raridade com que o vocábulo aparece no norte do País, na medida em que abundam outros topónimos da família do latim “planu-”. Todavia, e por ausência de um estudo comparativo sobre a toponímia portuguesa, esta explicação contém reservas.

Fazem parte desta freguesia os lugares de Achada, Feteira Grande e Feteira Pequena.

Presume-se que o povoamento de Feteira tenha sido tardio, porquanto, ao tempo do terramoto de 1563, ainda não era este lugar habitado, tendo ficado coberto de cinzas e pedra-pomes.

Na segunda metade do século XVI foi-se povoando este local em dois sítios: um em cima, Feteira Grande, e o outro, em baixo, Feteira Pequena.

Foi exactamente em Feteira Pequena que se construíu uma ermida sob a invocação de Santa Ana, sede de um curato que, no entanto, se encontrava dependente da paróquia de Nossa Senhora da Anunciação da Achada.

No século XIX, insuficiente para satisfazer as necessidades de culto desta população e encontrando-se em estado de conservação deplorável, foi esta igreja remodelada e ampliada. Assim, em 1869, foi este templo substituído pelo actual, tendo sido edificado a expensas do povo.

O nome Feteira deriva da abundância de fetos que ali existiam nos primeiros tempos da colonização.

Nos primórdios do povoamento desta região e graças à fertilidade do solo que, nessa época, era espantosa, devido ao húmus acumulado durante séculos pela vegetação espontânea e às cinzas resultantes das queimadas dos matos e lourais, iniciou-se, ainda no século XV, o cultivo do trigo e a sua exportação para o continente e praças africanas. No entanto, não se destinava o trigo aqui cultivado apenas à exportação, na medida em que também era utilizado no fabrico do biscoito, com o objectivo de prover os navios que passavam por estes portos. Ainda hoje, a população desta freguesia se dedica, essencialmente, à agro-pecuária, devido à fertilidade dos terrenos.

Possui a freguesia de Achada um pequeno porto que, em tempos, foi de grande importância, pois ali se embarcavam os cereais nela produzidos.