Freguesia de Rosto do Cão (Livramento)

População: 4000

Actividades económicas: Comércio, serviços e pequena indústria

Festas e Romarias: Festa da Padroeira (8 de Setembro), Festa Tradicional dos Romeiros e Divino Espírito Santo (Maio)

Património: Igreja matriz, Casas Solarengas, Fontenários e Várias Ermidas

Outros Locais: Turismo de Habitação e Praia

Artesanato: Bordados e mercenaria

Colectividades: Grupo de Jovens “Mensageiros da Esperança”, Grupo de Futebol Feminino e Masculino e Rancho Folclórico da Casa do Povo

Orago: Nossa Senhora do Livrament.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Situa-se esta freguesia numa região do concelho de Ponta Delgada, ainda hoje conhecida por Rosto do Cão, distando cerca de 6 km da sede do concelho. Este nome deriva da configuração de uma península rochosa que, grosseiramente, parece um cão com as patas dianteiras alçadas olhando o mar. Este rochedo é o que resta de uma antiga cratera vulcânica destruída.

Pertenceu a freguesia do Livramento, outrora, e durante muito tempo, ao Lugar do Rosto do Cão, tendo estado até à sua elevação a freguesia, sob a jurisdição da freguesia de S. Roque, desta tendo sido separada eclesiástica e administrativamente em 27 de Outubro de 1827.

Segundo reza a tradição popular, neste lugar se teria vindo fixar uma família, que com todos os seus haveres fugira de Inglaterra à perseguição movida pela Rainha Vitória. Esta família terá então edificado uma ermida a Nossa Senhora do Livramento, em sinal de reconhecimento por terem escapado a tal perseguição.

Para alguns autores, a igreja paroquial terá sido mandada construir no século XVII pelo Pe. João Alves de Lordelo. Para outros, o templo datará dos finais do século XVIII e a sua fundação dever-se-á a um casal inglês, estabelecido em S. Miguel.

Em 1794 procedeu-se à sua ampliação, conforme atesta a data gravada no frontispício da igreja. Em 1883, reedificou-se o altar de Santo Antão por se achar quase totalmente demolido. Contudo, só depois de 1938 se registaria a maior remodelação até então realizada. Em 1964, procedeu-se ao restauro de toda a cantaria, construiu-se o salão paroquial e outras dependências, sendo completamente remodelado o interior da igreja.

Outros templos existem nesta localidade. A Ermida de Nossa Senhora das Necessidades, sita no lugar do mesmo nome, foi reconstruída depois de 1830 e a ela se refere o Dr. Hugo Moreira: “Tem um frontispício singelo e sobre a única porta, um painel de azulejos gastos pelo tempo (...). Interiormente, é um museu de azulejos, que atinge o ponto alto no frontal do único altar”.

A Ermida de Jesus, Maria e José, sita à Canada do Bago, é um dos vários templos da ilha, sob a invocação da Sagrada Família e terá sido construída na segunda metade do século XVII.

A Capela de Nossa Senhora da Penha de França, mantém o seu valor artístico, graças ao cuidado das religiosas do Bom Pastor que, há várias décadas, estabeleceram neste edifício um Instituto de Promoção Social.

A Ermida de Nossa Senhora do Carmo data talvez de meados do século XVII, dela se sabendo apenas que foi mandada edificar pelos Padres da Companhia de Jesus, que junto a ela construíram a sua residência de Verão. Próximo desta ermida existe uma gruta onde havia uma imagem da Virgem, conhecida por Senhora da Lapinha.

A Ermida de Nossa Senhora do Pópulo foi fundada por Jacques de Padron, negociante francês estabelecido em Ponta Delgada. Ergueu-se este templo numa vinha que lhe pertencia, situada na freguesia de S. Roque. Nos últimos quarenta anos tem vindo a ser restaurada.

O valor paisagístico do Lugar do Pópulo promoveu a plantação do Pinhal, ainda hoje existente, assim se fixando a única duna que se conhece na ilha de S. Miguel.

Da invocação da Ermida de Nossa Senhora do Livramento deriva o nome atribuído a esta freguesia.

Toda a zona vizinha do litoral foi, outrora, um grande areal que sempre aparece todas as vezes que se torna necessário escavar a camada de terra arável que o cobre.

Em meados do século XX, a Praia do Pópulo foi muito beneficiada, realizando-se um trabalho de ordenamento paisagístico.

Nos séculos XVII e XVIII, os terrenos entre o aglomerado populacional desta freguesia e o mar estavam cobertos de vinhedos, tendo os seus proprietários construído neles casas de veraneio com adega anexa. Mais tarde, os vinhedos arruinaram-se.

Nos últimos cinquenta anos, lançou-se através destes terrenos uma variante da Estrada Regional do Sul, tornando esta zona numa privilegiada área habitacional.

Localizam-se nesta freguesia vários solares de antigo traçado. Na Rua da Igreja, pode admirar-se um solar construído na primeira metade do século XIX, com uma capela da invocação de Nossa Senhora das Dores.

Destaca-se também o Solar do Botelho que possui uma artística fonte, a qual está na origem do título “Barão da Fonte Bela” concedido ao proprietário por D. Maria II, para premiar os seus serviços prestados ao constitucionalismo monárquico.

Outro edifício notável que serviu de quartel na Segunda Guerra Mundial, é a casa de Thomas Hickling, no sítio da Glória, que mantém as suas paredes aprumadas e o nobre desenho influenciado pela arquitectura inglesa de finais do século XVIII.

Merecem especial referência os mirantes, de dimensões e formas diversas. Alguns são simples na sua construção, outros artísticos, com nichos interiores, escadas rectas ou em caracol, rematando na parte superior em parapeitos de pedra trabalhada.

Erguiam-se estes mirantes no ponto mais alto da propriedade e serviam, segundo um velho camponês desta freguesia, “para regalo da vista”, deles se admirando grandes extensões de vinhedos e terras de cultivo, salpicadas ali e acolá de vários solares, adormecidos no Inverno e plenos de vida na época de veraneio.