Freguesia de Capelas

População: 4000

Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio, serviços, indústria de panificação, construção civil, oficinas auto, carpintarias e serralharias

Festas e Romarias: Festas do Espírito Santo, Corpo de Deus, Nossa Senhora de Lurdes, Nossa Senhora da Apresentação e Romarias Quaresmais

Património: Igreja matriz, Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Teatros do Espírito Santo, solares, fontenários, mirantes, moinhos de vento, Porto de Pesca, pias e cruzeiro

Outros Locais: Miradouros e Orla Marítima

Gastronomia: Torresmos de molho de fígado

Artesanato: Bordados, tecelagem de mantas, trabalhos de escamas de peixe, miolo de figueira, miniaturas, restauro de imagens e ferrador

Colectividades: Banda “União dos Amigos”, Folia do Espírito Santo, Grupo Folclórico, Grupo de Cantares “Belaurora”, Orquestra Ligeira Juvenil, Grupo de Música Ligeira e Associação de Intercâmbio de Capelenses

Orago: Nossa Senhora da Apresentaçã.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada na costa norte da ilha de S. Miguel, dista 12 km da sede do concelho de Ponta Delgada. Está esta freguesia separada do mar por altas falésias que formam uma recortada baía, oferecendo, por isso, condições de abrigo à navegação. As condições especiais do seu relevo e da sua situação geográfica, permitem a esta povoação ter um clima ameno.

Foi este lugar povoado no século XVI e elevado a paróquia a 11 de Julho de 1592, assim sendo desanexado do concelho de Vila Franca do Campo, em 1515.

Passou a pertencer ao concelho de Ponta Delgada até à data em que é elevado à categoria de vila, conforme Carta de Lei sancionada por D. Maria e publicada no Diário do Governo, a 10 de Julho de 1839.

Extinto o concelho em Julho de 1853, por se provar, a falta de recursos para a manutenção do seu Município, não perdeu, no entanto, o título de vila que ainda hoje mantém.

Frei Montalverne refere que, já na segunda metade do século XVI, Ponta Delgada tinha onze freguesias sufragâneas, entre elas a de Nossa Senhora da Apresentação, no Lugar de Capelas.

Em 1602, por carta régia de Filipe II, foi autorizada a construção da nova igreja pois, nessa altura, ainda se celebrava missa em um “oratório” de palha. Ao que parece, esta edificação foi muito demorada, visto ser referido no Arquivo dos Açores que, em 1617, se continuava a celebrar o culto religioso na tal ermida coberta de palha.

A sua igreja matriz, de invocação a Nossa Senhora da Apresentação, outrora matriz prioral da mesma invocação e actual sede de ouvidoria, foi concluída em 1780.

Conta esta freguesia com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, mandada construir pelo Capitão Agostinho de Medeiros Costa no século XVII. Reconstruída e aumentada em 1830, forma hoje um curato.

As ermidas do Anjo da Guarda, Santa Rita, Nossa Senhora do Rosário e de Santana, bem como pequenos templos de invocação ao Santo Espírito, são testemunho do profundo sentimento religioso destas gentes, que ganha grande expressividade nas festas do Corpo de Deus, Nossa Senhora de Lurdes e Nossa Senhora da Apresentação.

Esta povoação foi assim chamada por ali se fazerem capelas pelo S. João ou, mais provavelmente, por nos seus campos pastarem muitas vacas malhadas, que os antigos denominavam de capelas. Alguns autores consideram que o nome lhe vem dos nichos a que o povo chama capelas, cavados pelo fogo na rocha, junto ao mar.

Gaspar Frutuoso em Saudades da Terra diz: “Dizem alguns que se chamam capelas, não porque tenham naquela parte feitas algumas igrejas nem capelas, senão porque um dia de S. João fizeram uns homens ali umas capelas, deixando-as por esquecimento dependuradas em uma árvore (...)”.

Os irmãos Bullar, na sua digressão pela ilha de S. Miguel, opinam sobre este topónimo: “(...) partimos cedo a ver as capelas, rochedos que se estendem pelo mar, e cujas formas caprichosas, moldadas pela acção das ondas e do tempo, lhes deram remota semelhança com capelas ou ermidas (...). As capelas constituem uma cratera de tufo ou pedra porosa, de cor acastanhada, semelhante à que forma o ilhéu de Vila Franca. As paredes, voltadas para o mar são altas e perpendiculares, A acção das vagas sobre a pedra mole foi perfurando nelas vastas cavernas, separadas por profundas linhas e abismos”.

Estas grutas ou capelas, situam-se por detrás do Morro, podendo ser vistas do mar ou do lugar situado no Sertão. Contavam os antigos, que estas capelas serviram outrora de esconderijo a um tesouro de piratas, que nestas costas contrabandeavam.

A caça à baleia iniciou-se nos Açores no século XVIII, mas só muito mais tarde veio a ser exercida esta actividade nesta freguesia, chegando a existir três “Companhias Baleeiras”, a última das quais esteve estabelecida na zona dos Poços.

No Lugar de Calhau Miúdo existiram duas fábricas artesanais de transformação de cachalotes, designadas pelo povo por “Companhia Nova” e “Companhia Velha”. No tempo em que nas Capelas se praticava a caça à baleia, chegou a encontrar-se âmbar no interior de um cachalote. Esta actividade proporcionou nessa época tão elevado rendimento, que a cada baleeiro foi atribuída uma casa e certa importância em dinheiro. A pesca à baleia que se havia iniciado na segunda metade do século XIX, cessou em 1974.

Tamanha importância teve esta ocupação, que a equipa Jean-Claude filmou para a Televisão Francesa, os diversos aspectos da caça à baleia e os trabalhos de transformação operados nas fábricas artesanais.

Também o alemão Hans Hass, explorador de espécies marinhas, se dedicou ao estudo desta actividade, a ela se referindo no seu livro A Vida Começou no Mar.

O património histórico-cultural desta freguesia é enriquecido por um conjunto de fontenários e pias, que recentemente foram objecto de restauros. Muitos solares embelezam esta povoação, materializando o período da “economia da laranja” do século XIX, salientando-se o Solar do Conde dos Fenais.

Procurando preservar alguns ofícios e tradições culturais que outrora foram parte de riqueza para diversas famílias, desenvolvem-se hoje algumas actividades no domínio da ferragem de animais, alfaiataria, bordados e tecelagem, e pequenos trabalhos de miniaturas e restauros.

A paisagem de Capelas é marcada por panorâmicos mirantes e moinhos de vento, cuja tipologia se divide entre o tipo holandês e o moinho francês das regiões do norte.