Freguesia de Candelária

População: 1780

Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio e carpintarias

Festas e Romarias: Santíssimo Sacramento (2.º domingo de Setembro), Festa da Padroeira (2 de Fevereiro) e Festas Tradicionais ao Espírito Santo

Património: Igreja matriz, errmida de Nossa Senhora do Socorro, fontenários e lavadouros

Outros Locais: Parque de Merendas, orla marítima, paisagem natural e moinhos a vento

Artesanato: Trabalhos com flores secas, bordados, tapetes, mantas de retalhos e chapéus de folha de milho

Colectividades: Associação da Juventude de Candelária e Banda Filarmónica “Lira Nossa Senhora da Estrela”

Orago: Nossa Senhora das Candeia.

 

DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada a sudoeste da costa da ilha de S. Miguel, dista aproximadamente 20 quilómetros da sede do concelho.

O primeiro documento que menciona os Açores como terra já descoberta, foi passado em 1439 pela Chancelaria de D. Afonso V, inferindo-se da sua leitura o intento de mandar povoar as ilhas, para o que já se fizera o trabalho preliminar da distribuição dos animais necessários à alimentação do homem, tendo ficado ligado a esta tarefa o nome de Frei Gonçalo Velho, primeiro capitão donatário das ilhas. Segundo reza a tradição, aportaram os descobridores portugueses a um lugar que se haveria de chamar, mais tarde, Povoação Velha.

O povoamento ordenado de S. Miguel só teve lugar a partir de 1474, em grande parte devido às dificuldades de comunicação com o Continente e porque os portugueses procediam aos primeiros ensaios de navegação no mar alto.

Assim, só na segunda metade do século XV e depois de Rui Gonçalves da Câmara ter comprado a capitania da ilha de S. Miguel a João Soares de Albergaria, se iniciou o seu povoamento ordenado.

Os primeiros povoadores da Candelária, ter-se-iam fixado neste lugar, no início do século XVI, tendo alcançado o seu apogeu no século XIX, com uma população aproximadamente igual à da Ribeira Grande. Porém, ao longo do século XX, registou-se um decréscimo populacional, devido em parte, ao surto emigratório.

A Igreja Matriz desta povoação, de invocação a Nossa Senhora das Candeias, remonta ao século XVI, tendo, no entanto, sido beneficiada nos séculos XVIII e XIX.

Para o Padre Lopes da Luz, a instituição da paróquia e construção da respectiva igreja data, sem dúvida alguma, de uma época muito próxima e anterior a 1535, “porque antes deste ano foi doado o terreno para a edificação do templo paroquial, e, contíguo ao mesmo templo, o passal do pároco, e provavelmente pelo mesmo tempo, ou pouco depois, nos aparece o primeiro vigário (...). Mas é certo que antes da instituição da igreja paroquial existia já uma outra igreja ou capela, talvez uma pequena ermida, com o mesmo orago, no lugar fronteiro à residência paroquial”.

Para além do altar da capela-mor, tem este templo quatro altares laterais: o de S. Pedro, Santo Antão, Nossa Senhora do Rosário e o das Almas, todos eles reedificados nos finais do século XIX e pintados e dourados, no ano de 1900.

A Igreja de Nossa Senhora do Socorro, situada no declive de um pico entre quatro paróquias, tem sido, desde os primórdios, o santuário de maior veneração de todos os povos da costa ocidental da ilha de S. Miguel.

Diz a tradição, que em tempos remotos, devido a um forte temporal, terá naufragado um navio inglês próximo da costa desta freguesia e que, no meio da maior aflição, terão os tripulantes disparado um tiro, prometendo que se saíssem sãos e salvos desse perigo, construiríam uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Socorro, no local onde a bala caísse.

Parece haver algum fundamento neste relato, na medida em que, desde há três séculos, os pescadores desta região continuam a invocar a protecção da Virgem, ofertando-lhe azeite e cera. Sobressai nesta igreja um antigo quadro de madeira de cedro, símbolo da devoção a Nossa Senhora do Socorro.

A origem do nome desta freguesia derivará da devoção dos seus primeiros habitantes ao mistério da Purificação de Nossa Senhora. A confirmá-lo pode ler-se em Monografia da Candelária: “A festa que o catolicismo celebra no dia 2 de Fevereiro de cada ano, em honra da Purificação da Santíssima Virgem, tomou desde os primeiros séculos da igreja o nome de Festa das Candeias. Nossa Senhora das Candeias foi sempre o orago da nossa igreja paroquial e Candelária o nome dado a este lugar e provavelmente por motivos de piedade ou por devoção dos primeiros habitantes ao mistério da Purificação ficou sendo esta paróquia desde a sua origem a paróquia ou a freguesia de Nossa Senhora das Candeias do Lugar de Candelária”.

Nos primeiros tempos do povoamento, vivia esta comunidade, essencialmente, do amanho da terra e, de um modo especial, da cultura do pastel.

Actualmente, a principal actividade económica continua a ser a agricultura, assentando a sua maior produção na cultura do milho, beterraba, tabaco, batata e inhame. Também o cultivo das árvores de fruto e a pecuária, desempenham um papel relevante na economia doméstica.

A generalizada escassez de água verificada nesta freguesia e a insuficiência da força da água que corre temporariamente nas várias grotas ou ribeiros que atravessam os terrenos, não era suficiente para pôr em actividade as azenhas, outrora construídas para moer o grão, tendo-se tornado necessário recorrer à edificação de moinhos de vento.

Hoje em ruínas, deles restam apenas o tronco de cone em pedra, marcos que testemunham a actividade dos típicos moinhos de vento caídos em desuso, devido ao desenvolvimento da tecnologia e ao consequente aparecimento das moagens. POVOAÇÃO