Freguesia de Faial da Terra
População: 470
Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio, ind. de transformação de madeiras e serviços
Festas e Romarias: Nossa Senhora da Graça (2.º domingo de Setembro), Divino Espírito Santo (8.ª semana após Páscoa), Ascensão, Trindade e S. João
Património: Igreja matriz, Ermida de Nossa Senhora de Lurdes, Fontenários, Coreto e Busto a Padre Elias
Outros Locais: Moinhos de Água, Miradouro da Ermida, Antigo Porto de Pesca da Baleia, Lugar do Sanguinho e Salto do Prego (Queda de Água)
Gastronomia: Fervedouro, molho de fígado, sopas do Espírito Santo e de funcho com favas, papas grossas, bolo da sertã, torresmos, morcela e chouriço
Artesanato: cestaria de vime, rendas, bordados e artefactos em madeira
Colectividades: Sociedade Musical “Sagrado Coração de Jesus” e Grupo Desportivo de Faial da Terra
Orago: N.ª Sra. da Graç.
DESCRITIVO HISTÓRICO
Situada na costa sul da ilha de S. Miguel, dista 8 quilómetros da sede do concelho, é atravessada por uma larga ribeira e é servida por um bom porto.
Francisco da Silva (1920) assim descreveu este vale: “Situado duas léguas a leste da Povoação (...): ao nível do mar, no fundo de um vale formado por altas montanhas; a Ribeira dos Moinhos, e do Faial, que o atravessam, (...) acarretando grandes penedos das montanhas, tem enchido o areal de calhaus lisos (...) o que torna o seu desembarque muito incómodo, o lugar é pequeno, as ruas quase impraticáveis, os caminhos que ali conduzem de leste e oeste da ilha, os piores de toda a ilha, e o lugar muito exposto a ser inundado, ou submerso por alguma aluvião, os seus campos são muito férteis..
Um dos seus primeiros povoadores foi João Afonso o Velho que das grotas fundas, junto da Ponta da Garça, aqui se veio juntar a outros seus irmãos, Sebastião Afonso e Diogo Afonso.
Em 1522, era esta povoação servida por uma ermida de invocação a Nossa Senhora da Penha de França, em 1526 substituída por uma outra, de orago a Nossa Senhora da Graça. Foi esta igreja de Nossa Senhora da Graça incendiada em 1597 por corsários ingleses, dando-se início, anos mais tarde, à edificação de um novo templo.
Em 1690, o Morgado da Maia doou parte dos seus terrenos para se proceder à sua ampliação, tendo sido utilizada na sua remodelação, pedra de lavoura da Povoação.
Em 1818, encontrando-se esta igreja muito danificada devido aos frequentes abalos de terra registados nesta ilha, foi de novo reparada e aumentada. A sua torre só seria construída em 1874.
Durante muito tempo esteve este lugar em sobressalto devido aos fundados receios de invasões estrangeiras. Por tal motivo, as autoridades da ilha mandaram que se construísse um forte, que foi baptizado com o mesmo nome da igreja. Em 1900 foi edificado um outro templo, sob a invocação de Nossa Senhora de Lurdes.
O nome Faial da Terra deriva do facto de, ao ser descoberta, estar este lugar coberto de faias, e da Terra para a distinguirem da ilha do Faial.
Em tempos, existiu aqui uma importante indústria moageira, sendo possível, ainda hoje, avistar a norte, o único moinho que dessa época resta.
Na actualidade, com a alteração dos hábitos alimentares, grande parte dos moinhos que aqui foram edificados, encontram-se em ruínas, funcionando apenas um, dois dias por semana.
Outrora, foi a margem direita da ribeira ocupada por uma quinta com laranjais e bananeiras, hoje votada ao abandono, em virtude da emigração e da desertificação humana de que padece esta freguesia.
Nesta região existe uma grande variedade botânica. A conteira ou roca, originária dos Himalaias, introduzida no século XIX como planta ornamental; a cigarrilheira foi e é usada para formar sebes de abrigo; a cavalinha, utilizada na medicina popular e em fitoterapia devido às suas propriedades diuréticas, hemostáticas e remineralizantes.