Freguesia de Porto Formoso

População: 1470

Actividades económicas: Agricultura, pecuária, pesca e serviços

Festas e Romarias: Festa da Padroeira (2.ª semana de Setembro)

Património: Igreja Nossa Senhora da Graça e Ermida Nossa Senhora do Carmo

Outros Locais: Praia dos Moinhos, Porto de Pesca, Miradouro de Santa Iria e Fábrica de Chá

Artesanato: Mantas e tapetes de retalhos

Colectividades: Escuteiros de Portugal

Orago: N.ª Sra. da Graç.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Situada a sudoeste da ilha de S. Miguel, numa encosta entre a Ribeira Grande e a Ribeira do Sancho, integra esta vila o único concelho dos Açores cujos solos incluem formações de origem sedimentar, neles se encontrando grande variedade de fósseis de moluscos e outras espécies de maior porte.

A ilha de S. Miguel, juntamente com a de Santa Maria, constitui o grupo oriental do arquipélago açoriano, situado em pleno Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte.

Supõe-se que o seu povoamento se terá iniciado antes do ano de 1509 ou, talvez mesmo, no final do século XV.

Sobre os seus primeiros moradores, Gaspar Frutuoso em Saudades da Terra, refere que neste lugar moraram os Pachecos, família pertencente à fidalguia portuguesa.

A fundação desta freguesia remonta ao início do século XVI, facto que é testemunhado pelo testamento de Pedro Vaz Pacheco que, em 2 de Junho de 1509, mandou erguer a Capela do Bom Jesus para servir de jazigo aos seus descendentes.

No século XV, pouco tempo após o descobrimento da ilha de S. Miguel, que ocorreu entre os anos de 1427 e 1432, foi o primeiro lugar dos Açores a receber o foral de vila.

Os seus primeiros habitantes foram portugueses originários do Algarve, Alentejo e Beiras, que para aqui vieram sob a orientação de Gonçalo Velho Cabral.

Durante as lutas liberais, aqui teve lugar um importante recontro entre as tropas constitucionais e miguelistas. O combate aconteceu na Ribeira do Limo, Cerrado Novo e Ladeira da Velha, sendo principalmente neste último lugar, que teve a sua conclusão aquela luta fraticida, dela saindo vitoriosos os liberais.

Em 1908, quando ainda vigorava o regime monárquico em Portugal, o partido republicano elegeu em Porto Formoso, a sua primeira Câmara Municipal açoriana.

A sua igreja matriz, de invocação a Nossa Senhora da Assunção, é das mais antigas dos Açores. A sua fundação remonta aos finais do século XV ou princípios do século XVI e sofreu algumas modificações no século XVIII. Possui esta igreja uma porta lateral de estilo gótico e a Capela de Santa Catarina é coberta por um tecto manuelino. Neste templo podem admirar-se belas imagens quinhentistas, da escola flamenga, em talha, com realce para a da Virgem e do Menino.

Possui esta freguesia a Ermida de Nossa Senhora dos Anjos que é, provavelmente, a mais antiga dos Açores. Trata-se de um edifício do século XV, que sofreu alterações nos séculos posteriores, tendo ocorrido a última intervenção em 1893. No seu interior, um valioso painel de azulejos e um tríptico representando a Sagrada Família, S. Damião e S. Cosme, que a tradição diz ter pertencido à caravela do povoador da ilha, Gonçalo Velho Cabral.

Porto Formoso conta ainda com o Convento e Igreja de Nossa Senhora da Vitória, ambos datando do século XVII e reedificados em 1725 e 1822. O antigo convento, que pertenceu à Ordem Franciscana, está hoje ocupado por vários organismos públicos. Sobressai neste conjunto, a Capela da Ordem Terceira com o seu retábulo de talha, e a Capela das Almas, revestida com valiosos azulejos do século XVII, dedicados a Santo António.

Tem esta povoação o Forte de Nossa Senhora da Graça, também conhecido por “Castelo”, situado na baía do Porto Formoso e que, por ocasião do desembarque das tropas liberais na Achadinha, foi abandonado pela guarnição miguelista, depois de se ter encravado a artilharia. Em 1817, encontrava-se arruinado e desartilhado, tendo sido reconstruído e novamente artilhado, em 1820. Em 1909, dele existiam apenas algumas ruínas. Mais tarde, serviu este forte de lugar onde se derretiam baleias e, hoje, não é mais do que um monte de ruínas.

O nome desta povoação provém da baía que os descobridores denominaram de Porto Formoso.

Gaspar Frutuoso, no século XVI, referia-se-lhe deste modo: “adiante faz uma ponta, chamada de Auradis da Gama, que ali morava e tinha a sua família da qual ponta até outra adiante, de António Brum, se faz uma formosa enseada de praia de areia, e ao meio dela está o lugar de Porto Formoso, pelo que nele tem, que era limpo e o melhor que havia na banda norte, onde se fizera já e vararam alguns barcos e carregaram muito trigo, mas agora depois do segundo terramoto desta ilha, está atupido que correu e tomou posse do mar (...)”.

Durante os séculos XVI e XVII, a economia da ilha e do concelho baseou-se na cultura e exportação do trigo, pastel e urzela, sendo o primeiro, destinado às praças--fortes portuguesas do Norte de África, e as últimas, às tinturarias da Flandres.

Nos séculos XVIII e XIX, os habitantes dedicavam-se, sobretudo, à agricultura, com predomínio para o trigo e o milho, a vinha e os pomares, e à pecuária e lacticínios.

Entre as freguesias de Santa Bárbara e Santo Espírito, a zona é muito acidentada, mas na zona de Vila do Porto e das freguesias de S. Pedro e de Almagreira, a zona é mais plana, sendo o Pico Alto a sua maior elevação, com 590 m.

Em 1944, inaugurou-se o aeroporto local que desempenhou papel estratégico nos últimos momentos da Segunda Guerra Mundial e se tornou escala obrigatória das rotas aéreas transatlânticas.

A costa da ilha é bastante recortada, com diversas baías e pequenas enseadas, algumas delas abrigando praias, sendo as mais conhecidas as da Baía de S. Lourenço e da Praia Formosa.

Apresenta esta freguesia um grande número de igrejas, ermidas e antigas casas solarengas, onde os estilos manuelino e barroco se misturam harmoniosamente.