Freguesia de Matriz (Ribeira Grande)

População: 3898

Actividades económicas: Serração de basalto, cerâmica, construção civil, confecção de licores (maracujá e ananás), lacticínios, agricultura e agro-pecuária

Festas e Romarias: Procissão do Senhor dos Passos (2.º Domingo da Quaresma), Festa do Sagrado Coração de Jesus (1.º domingo de Setembro) e Festa da Flor (Maio)

Património: Igreja Matriz, Igreja do Espírito Santo, Paços do Concelho e Casa da Cultura

Outros Locais: Miradouro Santa Luzia, Caldeiras da Ribeira Grande e Lombadas

Gastronomia: Fervedouro, morcela, chouriço, chicharros com molho de vilão, pão de milho e bolo de sertã

Artesanato: Flores artificiais de papel, tecido e trabalhos em escama de peixe, peneiras, “bandeirinhas” do Espírito Santo e “lapinhas” do Presépio

Colectividades: Banda “Triunfo”, Grupo Folclórico, Associação Cultural e Desportiva “A Pontilha” e Sporting Club Ideal

Orago: N.ª Sra. da Estrel.


DESCRITIVO HISTÓRICO


Está situada esta freguesia na costa norte da ilha de S. Miguel, a maior e a mais populosa das nove ilhas que constituem o arquipélago açoriano e localiza-se no lado norte da Ribeira Grande, integrando o concelho do mesmo nome. Os primeiros habitantes terão chegado a este lugar em meados do século XV, atraídos pela sua fertilidade e pela abundância de águas.

Possuidora de um património histórico-cultural muito rico e variado, destaca-se deste conjunto arquitectónico, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela.

Iniciada a sua construção a 4 de Junho de 1507, não se sabe o ano exacto em que foi concluída. Sujeita a várias remodelações, ao longo dos séculos, a sua actual traça data do século XVIII.

Tomando por modelo a recém-construída Igreja de S. Miguel de Vila Franca do Campo, destruída que fora em 1522, conseguiram os ribeiragrandenses levantar este majestoso templo, um dos melhores dos Açores.

Caracterizada por uma fachada barroca, o destaque vai para o seu interior de três naves. Nele, sobressai o Altar dos Reis Magos, a talha da Capela do Santíssimo, o cadeiral do altar-mor, os frescos do tecto dedicados à Virgem e a porta em ferro forjado do Baptistério. Os tectos das três naves são em madeira de castanho e estão revestidos de pinturas a fresco e os altares apresentam uma valiosa obra de talha. O cadeirado artístico do altar-mor, com motivos florais, tem em cada braço que apoia a parte anterior, um pelicano, ave que ali representa Cristo, já que é o único ser vivo que da sua própria carne é capaz de alimentar os seus filhos. No coro, está instalado o curioso Arcano, do século XIX, com centenas de figuras moldadas em massa de arroz e goma arábica, representando o Velho e o Novo Testamento. A Sacristia alberga um pequeno museu sacro, com alfaias de prata, imagens e um tríptico flamengo que remonta ao século XVI, dedicado a Santo André.

Conta ainda esta freguesia com a Igreja do Espírito Santo, do século XVIII, uma das melhores representantes do estilo barroco no arquipélago. Pertence este templo à Irmandade da Misericórdia, instituída em 1593.

Para além destas igrejas, existem várias ermidas, como as de Santo André e de Santa Luzia, a primeira datada de finais do século XVI ou princípios do século XVII, e a segunda, do século XVI, e a de Nossa Senhora da Salvação, construída no século XVII.

Na arquitectura civil, merecem especial referência as construções talhadas no rijo basalto negro da ilha. Disto são exemplo o edifício que alberga o Asilo das Meninas (século XVII) e o Solar de S. Vicente (século XVIII). Neste se podem admirar colecções de azulejaria, cerâmica e etnografia, que vão do século XVI até os nossos dias.

Na esquina da casa contígua aos Paços do Concelho, existe uma pequena janela, de estilo manuelino, que muitos pensam provir da primitiva igreja matriz.

A sul da freguesia, no Lugar das Caldeiras, encontram-se umas termas, datadas do século XVIII, e uma Ermida de Nossa Senhora da Saúde, erguida no século XIX. Este Lugar situa-se entre as freguesias da Matriz e da Ribeirinha, e nele se encontram vários resquícios da actividade vulcânica.

Possui este local boas águas minerais, algumas com propriedades terapêuticas, que motivaram a construção, no início do século XIX, de uma estância balnear. Deste modo, as Caldeiras da Ribeira Grande, localizadas num vale coberto por denso arvoredo, constituem um aprazível local de veraneio.

O Vale das Lombadas, conhecido pelas suas águas carbo-gasosas naturais, situa-se na encosta norte do maciço de Água de Pau. Do alto da sua encosta, avista-se toda a bacia da Ribeira Grande, uma parte dos Arrifes, a Fajã de Cima e parte da Fajã de Baixo. Outro lugar que merece ser visitado é o Pico do Rui, situado entre a Ribeira do Teixeira e o Chã de José do Canto, por ter uma lagoa ao centro, seca, logo, toda cultivada.

O Miradouro de Santa Luzia ou Palheiro, junto à zona balnear, proporciona um lindíssimo panorama sobre a freguesia, a cidade e a costa norte da ilha.

Para quem procurar neste lugar as águas do mar e o sol, encontra na Matriz as “Poças”, piscinas naturais cavadas entre rochas.

Assim, esta freguesia oferece aos seus visitantes o verde matizado dos campos, a alvura dos povoados, a frescura das ribeiras e a majestade das montanhas, que se misturam harmoniosamente.

De entre as ocupações da população da Matriz, merece especial referência o artesanato, sobressaindo os trabalhos de flores artificiais de papel, tecido, os trabalhos em escamas de peixe ou penas, e peneiras.

Alguns destes artefactos traduzem a religiosidade deste povo: são as bandeirinhas do Espírito Santo, os registos do Senhor Santo Cristo e as lapinhas do Presépio.