Freguesia de Guadalupe

População: 15000

Actividades económicas: Agro-pecuária, agricultura, comércio, construção civil e carpintaria

Festas e Romarias: N. Sra. da Guadalupe (1.º domingo de Agosto), N. Sra. da Esperança (último domingo de Julho), Santo António (4.º domingo de Agosto), Senhora da Vitória (terça-feira a seguir ao Espírito Santo), S. Miguel Arcanjo (28 de Setembro) e Divino Espírito Santo

Património: Igreja matriz, chafarizes, impérios, casario tradicional, ermida de S. Miguel Arcanjo, igreja de Santo António, igreja de N. Sra. da Vitória e igreja de N. Sra. da Esperança

Outros Locais: Lugares paisagísticos de Serra Branca, Caldeirinha, Pico Tirão e moinhos

Artesanato: Vimes, rendas e bordados

Colectividades: Sport Clube de Guadalupe, Sociedade Recreativa da Vitória, Filarmónica da Casa do Povo e Rancho Folclórico

Orago: Nossa Senhora da Guadalup.

 

DESCRITIVO HISTÓRICO


Esta freguesia dista três quilómetros da sede do concelho. Fazem parte do seu termo os lugares e sítios de Almas, Barra-Branco, Brasileira, Feteira, Portal, Ribeirinha e Vitória.

Encontra-se esta freguesia numa escarpa meridional de três quilómetros de extensão. Nasce exactamente em Guadalupe, numa superfície plana com cinquenta metros de altitude. Começa por um dorso de direcção norte-noroeste-sul-sudeste. Vai subindo rapidamente e, depois de percorrer quase em curva a distância de um quilómetro, atinge a cota de trezentos metros. A vertente torna-se a seguir mais íngreme e mantém a direcção até ao fim da escarpa.

Numa ilha tão pouco dotada de nascentes, houve que aproveitar as águas das chuvas, construindo cisternas e bebedouros para o gado. À procura de água abriram-se poços que, em Guadalupe, atingiram uma toalha retida por tufos, com água suspeita de inquinação. Na vila chegaram a utilizar--se poços de maré, mas nem assim foi evitada a falta de água em algumas situações.

A povoação de Guadalupe teve origem numa ermida levantada por um tal de Domingos da Covilhã. Xisco de Ornelas fundou depois a ermida de Nossa Senhora da Esperança, e Pedro Colaço Pais a de S. Miguel Arcanjo.

Guadalupe foi criada pela Mesa da Consciência, a pedido do bispo D. Jerónimo Cabral. A longa distância entre as várias localidades que dispunham de templos estiveram na base da criação da paróquia, em 30 de Abril de 1602. De imediato foi confirmado para primeiro pároco Maximiano Picanço Correia. Tinha ele de rendimento anual quarenta mil réis e mais três mil réis da capela dos Infantes.

Esta foi instituída, de início, na ermida de Nossa Senhora da Guadalupe, após o que passou para a actual igreja paroquial, iniciada em 15 de Maio de 1713 no sopé da Ladeira do Pontal e terminada três anos depois (Julho de 1716). Em frente, a planície das Courelas. É um templo de três naves, amplo, com coro alto e ladeado por tribunas. Na nave central ao fundo, encontra-se o altar-mor da invocação de Nossa Senhora de Guadalupe, cuja imagem se ergue sobre elevado pedestal, e é majestosa a obra da moderna escultura portuguesa. Antigamente, o altar da nave direita era dedicado a Nossa Senhora do Rosário, e o da nave esquerda a Santo António e a S. Caetano. Actualmente, porém, aquele altar cedeu o lugar à capela do Santíssimo Sacramento, e este tem ainda a imagem de S. Caetano. Desde 1890, a grande imagem do Senhor Jesus Crucificado é a principal.

Foi 1.º Barão de Guadalupe João Inácio de Sines e Cunha, moço-fidalgo com exercício no paço (1866), bacharel em Direito, advogado e presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa. Matriculando-se nas universidades, foi um dos estudantes mais distintos do seu curso. Foi delegado do promotor público régio em Ponta Delgada, passando depois a juiz de direito para a comarca de Angra do Heroísmo. Alguns anos mais tarde abandonou a carreira da magistratura oficial, e foi estabelecer-se em Santa Cruz da Graciosa, abrindo banca de advogado. Fundou e dirigiu sempre a mais importante casa comercial que existia nesta vila, a qual primitivamente tinha a firma de João Inácio de Simas e Cunha & Companhia.

A sua acção benemérita não se limitou somente a Santa Cruz, estendeu-se por toda a ilha da Graciosa, mandou construir cemitérios nas três freguesias rurais, procedendo a outros muitos melhoramentos.

Casou a 9 de Abril de 1850 com D. Maria de Meneses Martins Pamplona Corte-Real, que nasceu em 1832. Recebeu o título de Barão de Guadalupe por decreto assinado por D. Luís I em 15 de Maio de 1874. Morreu em Santa Cruz da Graciosa em 6 de Setembro de 1896. Sucedeu-lhe no título de barão José Inácio de Simas e Cunha.

Vivem em Nossa Senhora da Guadalupe cerca de mil e quinhentas pessoas. Número relativamente significativo, se tivermos em conta a média dos habitantes nas restantes freguesias açoreanas. Mesmo assim, foi esta uma das povoações que mais gente perdeu depois da emigração de meados do século para os Estados Unidos e para a Europa. Os números são bem elucidativos da triste realidade, relacionada decerto com factores económicos. Todo o Portugal salazarista, de resto, sofreu uma razia monumental nessa altura. Quanto a Nossa Senhora de Guadalupe da Graciosa, tinha cerca de duas mil e setecentas pessoas em 1890, duas mil e setecentas em 1900 e duas mil e seiscentas em 1930. As mil e quinhentas de hoje são a inequívoca prova desta realidade.