Freguesia de Ponta Delgada População: 500

Actividades económicas: Agro-pecuária, pesca e pequeno comércio

Festas e Romarias: S. Pedro (29 de Junho), Santo Amaro (1.º domingo de Setembro), S. João (2.º domingo de Julho), Espírito Santo e Nossa Senhora da Guia

Património: Igreja matriz, impérios do Espírito Santo, farol do Albarnaz e moinhos

Outros Locais: Miradouros do Pico do Meio-Dia, do Alto do Portalinho, do Porto e do Facho

Gastronomia: Inhame com linguiça, molho de fígado com feijão assado, sopa de couve, cozido de porco, molho de lapas, torta de ervas do mar, filhós, búzios, sequilhas, escaldada e arreliques

Artesanato: Rendas, malha, bordados, cestaria em vime, miniaturas em madeira e colchas de retalho

Colectividades: Grupo Folclórico da Casa do Povo, Grupo de Música Popular “Vozes do Norte” e Clube Desportivo

Orago: S. Pedro

DESCRITIVO HISTÓRICO


S.Pedro de Ponta Delgada foi uma das três primeiras paróquias desta ilha, juntamente com as de Lajes das Flores e de Santa Cruz, a sede deste concelho. Em 1571, parece que a igreja paroquial desta freguesia já estava erecta. Pelo menos, é Frei Diogo das Chagas quem o diz. A ser verdade, este facto demonstraria a importância histórica de Ponta Delgada e a sua posição cimeira na futura divisão administrativa da ilha.

Também por este facto, assumiu-se Ponta Delgada, desde o início, como um dos principais focos populacionais da ilha. O Pe. José António Camões escreve que “passada a ponta do Furnal segue-se logo ao nordeste o porto da freguesia de Ponta Delgada. Há nele, ao pé do mar, uma fonte de água doce de que se serve uma grande parte dos moradores daquela freguesia. Tem o dito porto uma casinha e uma peça, tudo sem fortificação alguma, mas com uma rocha que o fortifica. Continuando para nordeste começa a grande baía de Ponta Delgada, cai ao mar uma ribeira chamada a Ribeira da Fazenda a um tiro de peça pouco mais ou menos, mas ainda dentro dos marcos da dita freguesia fica um porto chamado o Portinho, onde só com uma bonança podem descarregar os barcos. Tem uma casinha de guarda com uma peça. Por fora do tal portinho estão os dois ilhéus chamados os ilhéus do Portinho – continuando por o mesmo vento segue uma ponta chamada a ponta do Ilhéu”.

Refere o mesmo escritor, mais adiante, que Ponta Delgada era na altura a mais abastada e opulenta freguesia de quantas constituíam a ilha das Flores. Tanto era assim que já tinha, como poucas tiveram no século XVII e XVIII, juiz vintenário, com escrivão, porteiro, rendeiro do verde e jurado, sujeitos à jurisdição de Santa Cruz. Mas não era só. No século XIX, estavam estabelecidas em Ponta Delgada três companhias de ordenança, cada uma com seu capitão, alferes, tenentes, sargentos, etc.

O actual templo, dedicado a S. Pedro, foi mandado edificar em 1763 a partir do primeiro existente, que já não respondia às necessidades espirituais da população. Tinha o seu pároco de renda anual sete moios, quatro alqueires de trigo e onze mil réis em dinheiro. O grande promotor desta iniciativa foi o Pe. Francisco de Fraga e Almeida, possuidor de grande fortuna e antigo vigário e ouvidor nas Flores e no Corvo. Não se sabe a data exacta da inauguração do templo, mas em 1774 ainda se trabalhava na talha dos seus altares. Foi restaurado em 1971, e em 1975, já que o estado de conservação vinha sendo sofrível desde os finais do século passado.

Esta paróquia, de S. Pedro, englobava os lugares de Ponta e da Ponta Ruiva e contava com cerca de cento e vinte pessoas. Estes dois lugares acabariam, por decisão eclesiástica, por passar para a freguesia de Cedros, entretanto criada.

Em “Viagens na Nossa Terra”, João Vieira descreve algumas das mais belas paisagens desta freguesia: “Partindo do Aeroporto das Flores na direcção de Cedros-Ponta Delgada, cerca de trezentos metros à frente depara-se-nos a baía de S. Pedro, a que se seguem mais três. Três vales vicejantes, três ribeiras que vêm banhar-se no mar. Junto da costa, poderá admirar um dos vários monumentos geológicos desta, porventura o mais relevante pela sua origem e características. Trata-se da rocha do Pau, cuja origem presume-se tratar-se de um caso de disjunção prismática – um gigantesco triângulo formado por prismas basálticos. No Mundo, só é conhecido um exemplar semelhante na ilha de Diego Sanchez, no oceano Índico, ao qual os livros e álbuns de viagens dão grande publicidade. Esta irmã-prima da rocha dos Bordões poderá fascinar o olho dos visitantes.” Com cerca de 500 habitantes, S. Pedro de Ponta Delgada é uma freguesia essencialmente rural. A agro-pecuária ocupa aqui a maior parte da sua população. Esta, por seu lado, tem vindo a decair constantemente desde meados do século. Em princípios do século XIX, tinha a freguesia mais de novecentos habitantes. Só em 1814, nasceram na povoação quase quarenta pessoas. Hoje, esse número será cerca de 10% daquele. VELAS