Freguesia de S. Miguel

População: 4300

Actividades económicas: Agro-pecuária, pesca, comércio, serviços e indústria (construção civil, conservas, transformação de madeiras, panificação e hoteleira)

Festas e Romarias: S. Miguel Arcanjo (8 de Maio), Senhor da Pedra (31 de Agosto), S. Pedro Gonçalves (1.º domingo após a Páscoa), S. João (24 de Junho) e Festas do Espírito Santo

Património: Igreja matriz, Igreja da Misericórdia, Igreja de Santa Catarina, Igreja de Santo André, Ermida de S. João, Ermida de Nossa Senhora da Paz, Bustos ao Infante D. Henrique, Eng. Artur Canto Resende, Gonçalo Vaz Botelho, Dr. Augusto Botelho e Bento de Góis

Outros Locais: Miradouro de Nossa Senhora da Paz, Ilhéu de Vila Franca do Campo, Praias de Vinha de Areia e Corpo Santo

Gastronomia: Queijadas da vila, queijadas da avó, ananás com morcela e torresmos

Artesanato: Bordados, retrosaria, pesca artesanal e flores em escama de peixe

Colectividades: Clube Futebol Vasco da Gama, Clube Desp. de Vila Franca, Banda “Lealdade”, Banda “União Progressista” e Grupo de Cantares “Gente da Vila”

Orago: S. Miguel Arcanjo

DESCRITIVO HISTÓRICO


Integra esta freguesia o concelho de Vila Franca do Campo situado na costa sul da ilha de S. Miguel e que abrange uma área de 62 kilómetros quadrados.

Segundo Duarte Leite, a expedição de portugueses e genoveses enviada por D. Afonso IV às Canárias, teria tocado neste arquipélago, pela primeira vez. Mais tarde, ter-se-ia verificado a redescoberta ou descobrimento oficial, quer da Madeira, quer dos Açores.

Para Joaquim Veríssimo Serrão “não é de pôr em dúvida que houve viagens isoladas a uma ou mais ilhas dos Açores, pois os genoveses foram tentados pelo Atlântico, ao longo do século XIV”.

De acordo com o mesmo historiador “nem sempre a ancoragem teve lugar, podendo suceder que os nautas se limitassem a encontrar terras de que tomavam conhecimento”.

Ora, se se admitir esta hipótese como a mais correcta, é posta em causa a teoria de Gaspar Frutuoso, que em Saudades da Terra apresenta a exploração dos Açores como se tendo verificado a partir de 1431.

Até novos elementos, a moderna historiografia admite que o descobrimento destas ilhas se verificou no ano de 1427, por Diogo de Sunis, de nacionalidade portuguesa, e que Frei Gonçalo Velho teria, depois, sido encarregado do respectivo povoamento.

As ilhas do grupo ocidental seriam descobertas em 1452, por Diogo de Teive. Na ilha de S. Miguel, o povoamento começou junto da Ribeira do Além, local onde surgiu a Povoação Velha e lugar onde desembarcaram os descobridores quando a esta ilha chegaram.

O acidentado do terreno e a densidade do matagal que cobria toda a ilha, constituíram grandes dificuldades nos trabalhos de reconhecimento, pelo que este foi feito, primeiramente, por mar.

Uma das primeiras actividades industriais neste arquipélago foi a construção naval.

Ao fabrico do biscoito, à moagem e à granagem do pastel, que teve um grande incremento no século XVI, juntaram-se os couros, o fabrico de calçado e a correagem, devido ao crescimento demográfico.

Com a introdução do linho mourisco, deu-se o arranque da indústria de tecelagem de panos grosseiros.

Muito importante também foi a indústria de pedra-hume, tendo sido construídas duas fábricas - uma nas Caldeiras da Ribeira Grande, outra no Vale das Furnas.

A partir dos ramos de cedros, vinháticos, azevinhos, zimbreiros, teixos, paus brancos e loureiros, obtinha-se o combustível indispensável à iluminação e ao aquecimento.

A primeira capital da ilha de S. Miguel foi Vila Franca do Campo, bem como a primeira vila a ser criada nos Açores, não se sabendo, no entanto, a data exacta, pois grande parte dos arquivos foram destruídos pelos abalos sísmicos. Porém, se a primitiva Vila Franca ficou soterrada pelos morros que sobre ela se despenharam em 1522, a antiga capital renasceu dos seus escombros.

Um dos seus primeiros povoadores foi Nuno Gonçalves, que vinculou os terrenos onde, no final do século XVII, Francisco D’Arruda Botelho, capitão-mor de Vila Franca, fundou a Ermida de Nossa Senhora da Vida.

Primitivamente, situava-se esta vila muito mais para o ocidente. Mas, em 1522, devido à erupção vulcânica vinda do Pico do Fogo, os dois montes mais próximos, o do Louriçal e Rabaçal, deslocaram-se das suas bases e espalharam os seus fragmentos sobre a Vila, sepultando sob ruínas perto de 4.000 habitantes, além de todos os animais e plantas aqui existentes.

A primitiva igreja desta freguesia foi instituída pelo Infante D. Henrique que ordenou a sua construção, e foi Rui Gonçalves da Câmara, terceiro donatário da ilha, quem a edificou. Achava-se esta erecta onde é hoje a igreja do extinto Convento de Santo André.

Reduzida a um monte de ruínas com o terramoto de 1522, logo após o cataclismo se iniciou a construção desta matriz, de invocação a S. Miguel, no sítio onde ela ainda hoje se encontra. Foi reconstruída à imagem do primitivo templo, mantendo o estilo arquitectónico da igreja do século XI, com o seu pórtico em ogiva, encimado pela rosácea.

Esta igreja confirmou a vontade do Infante D. Henrique, que deixou no seu testamento: “ordenei e estabeleci a Igreja de S. Miguel na ilha de S. Miguel”. Nela se encontra o patrono que deu o nome à ilha, calcando aos pés o orgulho de Lúcifer.

Grande parte da população vive da terra e do mar. Esta freguesia, aliás como todo o concelho, é o segundo mercado de cultura de ananás, logo a seguir a Ponta Delgada. Outras culturas são aqui produzidas como a laranja, chicória e beterraba.

A costa é fértil em pescaria de corripo, caniço ou à linha, e no alto mar na pesca de albacora e do bonito.