O estufeiro procede a uma forte caiação em Outubro, que provoca o arrefecimento do ambiente. Verifica-se logo um atraso na maturaçâo porque a planta, habituada ao calor, sofre uma limitada paralização celular. Se, pelo contrário, há conveniência em exportar um mês antes, o estufeiro tira toda a cal dos vidros e a maturação dá-se mais cedo, embora com prejuízo do crescimento.

e) Fumo: — Passados 5 meses da plantação, é prática corrente dar fumo à estufa, para que a frutificação se dê ao mesmo tempo. Em nossa opinião, embora que fundamentada a conhecida acção da etilena no que respeita ao amadurecimento dos frutos, interpretamos a frutificação ao mesmo tempo, como reacção da planta a qualquer produto intoxicante, neste caso o fumo, pois sabemos que todo o ser vivo, vegetal ou animal, que sinta comprometida a sua vida, tende a reproduzir-se imediatamente, para deixar assegurada a espécie.

Aliás, já tem acontecido perder-se plantio, devido à falta de arejamento, depois de aplicadas desinfecções com cal e enxofre, em que se libertam gases no ambiente fechado da estufa predispondo este, pela intoxicação, à frutificação ainda em tenra idade. Daí, a impossibilidade de se fazerem desinfecções a gás no interior das estufas, que seriam magníficas câmaras para tal fim.

Não queremos com isto dizer que, entre os produtos intoxicantes que possam ser aplicados, não se deva dar preferência ao fumo, antes pelo contrário, achamos que deve ser ele o preferido, por muitas razões, entre outras, a facilidade de o produzir, o baixo custo e nomeadamente pela acção da etilena proveniente das combustões incompletas, que vai ocupar papel importante no amadurecimento dos frutos. Um mês antes deve arejar-se diariamente a estufa, com abertura média dos alboios; na ante-véspera e véspera, deve regar-se abundantemente.

Aos 5 meses, como já dissemos (depois da plantação definitiva), dá-se-lhe o fumo. Esta prática executa-se depois do Sol posto; o estufeiro fecha toda a estufa, coloca 4 ou 5 latas, distribuídas ao longo do passeio, cheias de material combustível que produza bastante fumo e larga-lhes fogo, enchendo-se a estufa, a pouco e pouco, de fumo. No dia seguinte de manhã, a estufa abre-se, arejando por todo o dia. Durante 5 a 7 dias, conforme a época, repetem-se as mesmas operações.

Dados os primeiros fumos, verifica-se se há necessidade de regar e, segundo a observação, dá-se-lhe uma a duas regas intervaladas, tendo o cuidado de manter a estufa sempre fechada. Passados 8 dias, conforme as plantas se mostram mais ou menos ressentidas, fazem-se mais 2 a 3 aplicações de fumo, nas mesmas condições, para completar a acção dos primeiros. Daí por diante, a estufa deve continuar fechada, até ao aparecimento das infrutescências. Depois da floração, continuam as operações vulgares no ritmo normal.

f) Corte das folhas: — O corte das folhas deve ser muito ligeiro, executando-se apenas nas extremidades destas, por forma a facilitar alguns amanhos culturais, tais como as mondas e sachas e proporcionar um pouco mais de arejamento entre as plantas e luz ao terreno. Esta prática, efectua-se simultaneamente com as mondas e sachas; o estufeiro vai cortando as extremidades das folhas, enquanto que um dos ajudantes monda e o outro sacha. São contra-indicados os cortes de folhas intensos, como temos visto em muitas explorações, pois, como é sabido, são as folhas que elaboram a seiva assimilável, necessária ao crescimento dos frutos.

g) Desladroamento: — Consiste em capar os rebentos que aparecem com frequência no caule e na coroa. Estes rebentos-ladrões, além de não serem precisos, esgotam sensivelmente a planta, roubando-lhe princípios alimentares necessários ao crescimento do fruto. É considerada boa prática, tirar as folhas terminais da coroa, para que esta não cresça exageradamente, destruindo ao mesmo tempo o olho terminal, evitando assim a origem de novas folhas. Esta prática, embora secundária, reveste-se de certa importância, primeiro, pela apresentação do fruto em que a coroa chega a ter por vezes o dobro da altura do fruto, segundo, porque são estes rebentos que, como já foi dito, roubam mais energia à planta.

h) Estaqueamento dos frutos: — Um a dois meses antes da colheita, os frutos devem ser tutorados, para que não tombem, antes de atingir o desenvolvimento completo.