A guerra acabou, mas a crise prolongou-se até que perto de dois anos depois, começaram as exportações para Londres, com magníficos preços. Todos os cultivadores que suportaram a crise e principalmente aqueles que, com um esforço énorme, conseguiram cultivar as suas estufas... apanharam o golpe de misericórdia. A Inglaterra, encontrando-se numa terrível situação económica, proibiu as importações de produtos de luxo. Daí o prolongamento da crise por mais algum tempo e a necessidade de se criarem novos mercados, como efectivamente aconteceu.
Actualmente exportamos para os mercados de Lisboa, Madeira, outras ilhas do Arquipélago, Bélgica, França, América, Suíça, Holanda, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Itália e Irlanda.
Finalmente, para completarmos esta curta resenha histórica, apresentamos os resultados estatísticos de exportação de ananases de 1949 e 1950 e um gráfico geral de exportação do ananás e seu valor nos anos de 1926 a 1950,
Em 1951, sabemos que a exportação aumentou para 1.313.152 ananases e criaram-se os novos mercados da Suécia, Tânger e Irlanda.

Estufas
São construções envidraçadas, destinadas a culturas forçadas, proporcionando um clima artificial, capaz de ser regulado, segundo as conveniências necessárias, e tanto quanto possível idênticas ao habitat da cultura.
Não nos vamos ocupar dos materiais de construção, dimensões, sistemas de canalização (baseados no princípio dos vasos comunicantes), alicerces, muros, passeios de serviço, depósitos interiores, depósitos exteriores, coberturas, etc, porque não achamos interesse em pormenorizar a parte de construções propriamente dita, além de que são altamente conhecidas e estudadas no nosso meio.

Mercados Ananases Valores Médias
Alemanha 119.48 2.163.393$56 18$40
Bélgica 19.59 330.784$00 16$88
América 3.9 73.089$18 18$78
França 85.82 1.169.456$20 13$62
Holanda 8.91 130.770$20 14$67
Londres 560.57 7.443.601$90 13$27
Itália 6.69 144.240$00 21$55
Suíça 16.38 249.087$00 15$20
Madeira 16.42 249.530$60 15$19
Ilhas dos Açores 790 13.125$01 16$61
Lisboa 169.94 2.330.210$51 13$71
Mantimentos 3.26 22.217$70 6$81
Refugo 22.04 94.457$30 5$39
Totais 1.033.804 14.413.963$76 13$94

No entanto, nunca é demais acentuar que devemos procurar construí-las em terreno pobre, com o mínimo valor cultural, de preferência pedregosos, para que se dê o aconselhável escoamento das águas de rega, tanto quanto possível planos, em região de pouca altitude e expostas ao Sul, onde se não verifique a existência de árvores próximas, ou qualquer outro obstáculo aos raios solares que possam projectar a sombra nas estufas.

No que respeita à orientação, as estufas devem ter, no seu maior comprimento, a direcção norte-sul, para que com a trajectória este-oeste, o sol possa fazer actuar a sua acção principalmente calorífica, durante todo o dia.

Enumerados estes princípios fundamentais, vejamos como podemos regular o meio ambiente dentro duma estufa.

Temperatura — Pode ser regulada com a maior ou menor abertura dos albóios, pela caiação nos vidros, graduando a opacidade dos mesmos, evitando ou provocando uma insolação intensa durante o dia; pelas regas, que conduzem ao arrefecimento geral, tanto no terreno como no ambiente, devido à evaporação.

Luz — Só a caiação nos vidros pode influir na regulação da luz, como já dissemos, pela graduação de opacidade, evidentemente, e a graduação de opacidade é função da preparação da cal a empregar, com maior ou menor fluidez.

Humidade — São as regas o principal factor de regulação, sendo no entanto importante que sejam efectuadas por forma a não prejudicar a fermentação dos componentes do terreno, e só em determinadas épocas do ciclo vegetativo da planta.
Ar atmosférico — regulado pelo arejamento, cedido pela abertura dos albóios e portas.

É claro que estes quatro factores principais, estão intimamente ligados e, da concordância entre eles, aliada às camas quentes que compõem o terreno, resulta a formação do clima artificial que pretendemos obter.