Carreiro da Costa, citando um trabalho de Silveira Macedo relativo ao ano de 1871, refere o seguinte sobre as essências florestais existentes na ilha do Pico:
Faia da terra ou faia das Ilhas ou samouqueiro (Myrica faya, Ait.) outrora muito empregada em sebes vivas para protecção das laranjeiras e a que uma das ilhas deve o nome;
Urze (Erica Azorica, Hochst), um dos vegetais dominantes e mais característicos do arquipélago açoriano, cuja madeira serve para lenha e obras de marcenaria;
Zimbro ou cedro das Ilhas (Juniperus Oxycedrus, L.; hoje Juniperus Brevifolia, Ant. var. azorica), produtor de madeira muito apreciada para construção de barcos;
Teixo (Taxus baccata, L.) que produz madeira dura resistente, susceptível de bonito polimento e, por isso, muito apreciada na marcenaria;
Loureiro (Persea Azorica, Seub.) que fornece madeira leve mas resistente, por isso bastante utilizada em utensílios agrícolas;
Buxo (Buxus sempervirens, L.), madeira dura, pesada e resistente, muito usada em obras de marcenaria e de entalhamento;
Romania ou uveira da Serra (Vaccinium longiflorum, Wickstr.); hoje Vaccinium Cylindraceum, Ait.), aproveitada em carvão;
Vinhático (Persea Indica, Spreng.), madeira que imita o acajú e como tal empregada na marcenaria;
Sanguinho (Rhamnus latifolius, Herit.), produtor de madeira dura e avermelhada, de largo emprego na marcenaria;
Gingeira do mato ou gingeira brava (Cesarus lusitanica, Mill.), madeira muito apreciada para obras de entalhamento e casca rica duma substância corante com que os pescadores tingem as redes;
Folhado (Viburnum Tinus, L.), cuja madeira é muito empregada para utensílios agrícolas;
Pau branco (Picconia excelsa, D. C.) que produz madeira bastante resistente e muito própria para obras de carpintaria;
Tamujo (Myrsine retusa, Ait.), utilizado como combustível;
Azevinho ou perado (Ilex perado, Ait.), arbusto de ornamento, de madeira muito pesada e que vai ao fundo da água, de grande apreço para obras de torno;
Giesta (Spartium junceum, L.), espontânea e também cultivada em pontos muitos restritos da costa oriental do Pico para com as cinzas se adubar o próprio terreno da cultura, no qual se segue uma sementeira de milho para grilo;
Tojo (Ulex eiiropaeus, L.), planta útil pelo combustível que fornece para os usos domésticos;
Rapa ou queiró (Calluna vulgar is, L.);
Silva (Ritbus fruticosus, L.);
Murta (Myrtus communes, L.);
Sumagre (Rus Coriaria, L.), de casta bastante taninosa;
Tamargueira (Tamarix africana, Poir.; também Tamarix gallica, Poir), unica espécie que consegue viver à beira do mar, suportando incólume as vergastadas impetuosas da ressalga e as revoadas da ventania;
Incenso ou pitosporo (Pittosporum undulatum, Vent.), espécie sub-espontânea que adquire grande desenvolvimento e fornece uma grande parte das lenhas;
Pinheiro das canárias (Pinus Canariensis, C. Smith.), que fornece boa parte das madeiras de construção;
Ulmeiro (Ulmus campestris, L.), empregado na ornamentação de parques e jardins;
Álamo (Populus alba,L.) empregado na ornamentação de parques e na arborização das estradas;
Carvalho (Quercus Robur, L.), que adquire pequeno porte;
Castanheiro (Castanea Sativa, Mill.), que vegeta bem mas nunca alcança o porte frondoso que tem no Continente;
Nogueira (Juglans regia, L.);
Alfarrobeira (Ceretonea Liliqua, L,)