organicProdutos Fitofarmacêuticos Homologados em Portugal para a Agricultura Biológica e Respectivas Utilizações

FONTE: Divisão de Produção Agrícola,  Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte,  Ministério da Agricultura e Mar. ISABEL BARROTE

Fazer Agricultura Biológica não é substituir a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos por outros, homologados para o modo de produção biológico. Produzir neste modo de produção é ter uma visão alargada do papel do homem no ecossistema e manter a preocupação constante da preservação do equilíbrio.

Porque todo o ser vivo tem um papel a desempenhar para a comunidade da qual faz parte, é necessário conhecer este princípio para quem se dedica à agricultura biológica: introduzir elementos externos no agrossistema, como o uso indiscriminado de agroquimicos, pode ser o factor que vai desestabilizar todo o conjunto, e manifestações como a doença, em animais e plantas, acabam por surgir.

Daí que o termo mais adequado é PROTECÇÃO fitossanitária, na medida em que, em agricultura biológica, o que se pretende é a protecção das plantas contra o ataque de agentes nocivos.

O primeiro passo para uma boa protecção fitossanitária é criar condições para um desenvolvimento vegetativo equilibrado da planta, para que esta seja mais resistente. Isto passa sobretudo por garantir que o solo, donde a planta extrai os elementos necessários ao seu crescimento, seja um solo fértil, rico em matéria orgânica e com teores de ph adequados. Uma nutrição equilibrada constitui assim um garante de plantas com boas resistências a ataques de doenças e pragas.

Em Agricultura Biológica não se deve esperar que a doença se instale para depois actuar, é necessário, pelo contrário, privilegiar as medidas preventivas. Daí a obrigatoriedade de um acompanhamento regular da cultura, de forma a fazer a estimativa do risco de ataque, em função de factores como as condições meteorológicas, estado vegetativo da planta, etc... Ao agricultor é exigido o conhecimento do ciclo da cultura e das respectivas fases de maior susceptibilidade, assim como da biologia de pragas.

Para além disto há que lançar mão de técnicas culturais que minimizam o ataque de agentes patogénicos, como o estabelecimento de diversidade cultural, com recurso a plantas com diferentes susceptibilidades, e a prática de rotações adequadas.

Para além das práticas culturais que visam a obtenção de plantas com boa resistência e que minimizem a susceptibilidade ao ataque, devem ser tomadas outras medidas profilácticas como sejam a eliminação de focos de doença ou praga, quer em culturas, quer em infestantes.

Outras práticas culturais preventivas da ocorrência de infestação, sobretudo em pomares, passam pelo arejamento das copas, com boa condução das árvores desde a sua formação, e podas anuais, em que se tenha presente a preocupação de permitir um bom arejamento e a entrada de luz. Por vezes também poderá ser importante proceder à desfolha junto dos frutos para permitir um bom arejamento.

Em caso de ataque, os frutos e/ou outros órgãos infectados, ou tombados no chão, devem ser removidos, e a cultura deve merecer, a partir de aí, um acompanhamento redobrado. A oportunidade do tratamento é estabelecida em função do comprometimento da produção, do estádio da cultura e do ciclo de vida do parasita, no caso das pragas.

A luta biológica deve ser feita sobretudo incentivando a conservação da fauna nativa, onde predadores e parasitoides, num sistema ecologicamente equilibrado, constituem a melhor forma de combate contra os inimigos das culturas. A luta biológica também pode ser induzida através de largadas inoculativas ou inundativas.

A utilização de bordaduras ervadas, sebes ou faixas de compensação ecológica constituem autênticos nichos favoráveis ao desenvolvimento dos auxiliares nativos, contribuindo assim para o equilíbrio do ecossistema, pelo que estas práticas são fundamentais neste modo de produção.

Os quadros que aqui apresentamos apresentam as principais utilizações dos produtos homologados em agricultura biológica, com autorização de venda em Portugal. Muitas dos produtos referidos, são utilizados no tratamento preventivo da doença, ao aparecimento de primeiros sintomas, ou quando há condições favoráveis ao seu desenvolvimento, não revestindo a respectiva utilização um carácter curativo. A consulta destas tabelas não dispensa contudo o apoio de um técnico reconhecido em modo de produção biológico.