No princípio do descobrimento desta ilha de S. Miguel, no tempo de Rui Gonçalves, terceiro Capitão e primeiro do nome, veio a ela, da ilha da Madeira, Martinhanes Furtado de Sousa, com sua mulher Solanda Lopes, e se aposentaram em Vila Franca; o qual era homem fidalgo, rico e honrado, dos principais da Ilha da Madeira, da geração dos Furtados, Correias e Sousas, que se mudaram para a Graciosa, uma destas ilhas dos Açores; e sua mulher Solanda Lopes procedia da geração de flamengos honrados, que moraram antigamente na dita ilha da Madeira; e tiveram dantre ambos um filho e seis filhas, que irei dizendo por sua ordem, começando nos mais velhos.
Filipa Martins, mais velha, casou com Antão Pacheco, terceiro ouvidor do Capitão que foi nesta ilha, morador em Vila Franca, onde faleceu no tempo do dilúvio, ficando-lhe um filho, por nome Pero Pacheco, que casou na cidade da Ponta Delgada com Guiomar Nunes, filha de Jorge Nunes Botelho, como fica dito na geração de Nuno Gonçalves, filho de Gonçalo Vaz, o Grande. O qual Pero Pacheco teve de sua mulher duas filhas: a primeira, D. Filipa, foi casada com Marcos Fernandes, homem rico e honrado, que veio da Índia, de cujos filhos fica dito na geração de Gonçalo Vaz, o Grande; falecido Marcos Fernandes, casou ela, segunda vez, com António de Sá, fidalgo, de que houve os filhos já ditos na geração dos Betancores. Outra, chamada D. Margarida casou com Jorge Camelo da Costa, fidalgo, que já contei na geração dos Cogombreiros e Camelos.
A segunda filha de Martinhanes, Maria Correia, foi casada com Henrique Barbosa da Silva, fidalgo, criado de el-Rei, irmão de Sebastião Barbosa da Silva e de Rui Lopes Barbosa e da mulher de Diogo d’Estorga; o qual, estando na corte, servindo a el-Rei, no tempo do terramoto de Vila Franca, na mesma noite se afogou com a terra que correu Maria Correia, sua mulher, e Filipa da Silva, sua filha, de quem já disse na geração dos Barbosas.
A terceira filha, Inês Martins, foi casada com Afonseanes Cogombreiro, de alcunha o Mouro Velho, fidalgo e rico, de que houve duas filhas: Filipa Martins, que casou com Diogo Fernandes, escrivão do eclesiástico, morador que foi na Ribeira Grande, com que esteve pouco tempo casada, sem haver dele filhos. A outra filha, Solanda Lopes, casou com Afonso d’Oliveira, honrado e rico, que tinha uma fazenda grossa, no lugar dos Mosteiros, termo da cidade da Ponta Delgada, onde fez uma ermida de S. Lázaro, por enfermar da enfermidade que este Santo teve e quantos filhos e filhas tinha, sem nunca sua mulher se querer apartar deles, ficando sempre sã, como viveu antre os doentes, em sua fazenda, apartados todos da conversação da gente. Falecendo a dita Inês Martins, casou seu marido Afonseanes com Joana Soares, mulher honrada, de casa da Capitoa D. Filipa, de que houve um filho, chamado João Soares da Costa, bom sacerdote, beneficiado que foi na igreja de S. Sebastião da cidade da Ponta Delgada ; e, falecido ele, casou ela, segunda vez, de que houve Fr. Braz Soares, da ordem de Santo Agostinho, muito virtuoso e bom religioso .
A quarta filha de Martinhanes Furtado, Isabel Correia, casou com Gonçalo Tavares, cavaleiro e fidalgo, natural da vila da Ribeira Grande, de cujos filhos e filhas tenho dito atrás, na geração dos Tavares.
O filho de Martinhanes Furtado, chamado Rui Martins, foi homem de grandes espritos, muito rico e abastado, gentil homem, esforçado, bom cavalgador, grande músico e tangedor de viola; morava em uma rica quinta que tinha em sua fazenda, no lugar de Rosto de Cão; foi casado com Maria Roiz, filha de João Gonçalves, e neta de Gonçalo Vaz, o Grande, e irmã de João d’Arruda da Costa, dos primeiros que principiaram a povoação desta ilha; da qual houve dois filhos: António Furtado e Jorge Furtado, ambos mui esforçados cavaleiros.
António Furtado casou com Maria d’Araújo, filha de Lopo Anes d’Araújo, cidadão de Vila Franca da qual houve sete filhos, quatro machos e três fêmeas; o primeiro, Rui Martins Furtado, bom clérigo, que foi cura na freguesia de Santa Clara, da cidade da Ponta Delgada, já falecido; o segundo, Lopo Anes Furtado, muito esforçado cavaleiro, casou com uma filha de Gaspar Correa Rodovalho, juiz que foi dos órfãos, na dita cidade, sendo primeiro casado com uma filha de Manuel Vaz Pacheco, de que não houve filhos; o terceiro, Manuel Furtado, faleceu solteiro; o quarto, Fuão Botelho, chamado o Branco, porque era alvo e barroso, foi casado com uma filha de João Gonçalves, da Ponta da Garça, pai do padre Hierónimo Perdigão, nobre e rico. Das filhas, a mais velha, chamada Jordoa Botelha, foi casada com Custódio Pacheco, de Porto Formoso, filho de Mateus Vaz Pacheco, que faleceu na guerra de África, servindo a seu Rei, de que ficaram alguns filhos. A segunda filha, casou com Fernão Vaz Pacheco, filho de Belchior Dias, da Ribeira Chã, e de Briolanja Cabral. A terceira casou com um filho de Pero de Freitas, cidadão dos antigos de Vila Franca; e outros filhos e filhas lhe faleceram moços. Casou segunda vez com uma Fuã Pereira, filha de Duarte Lopes Pereira, filho de Simão Lopes Pereira, do lugar da Maia, de que tem alguns filhos.
O segundo filho de Rui Martins, chamado Jorge Furtado, do hábito de Cristo, na discrição e magnífica condição como seu irmão, ambos como seu pai liberais, graciosos, de bons ditos, cavalgadores, músicos e tangedores e de outras boas partes, foi casado com Catarina Nunes Velha, da geração dos Velhos, a quarta filha de Fernão Vaz Pacheco e de Isabel Nunes Velha, filha de Nuno Velho, irmão de Pero Velho, que fez a ermida de Nossa Senhora dos Remédios, nesta ilha, ambos sobrinhos de Gonçalo Velho, comendador de Almourol, e primeiro Capitão que foi destas ilhas de Santa Maria e S. Miguel; de que houve afora os defuntos, um filho e uma filha, freira professa no mosteiro de Santo André em Vila Franca do Campo, chamada Maria de Cristo; o filho, Leonardo de Sousa, casou na mesma vila com Breatiz Perdigoa, filha de Belchior Gonçalves, nobre e rico cidadão de Vila Franca, e de Margarida Álvares, de que houve, afora os defuntos, dois filhos, chamados Jorge Furtado e Francisco Furtado, e uma filha Maria de Sousa, todos ainda de pouca idade. Casou Jorge Furtado, segunda vez, com D. Guiomar Camela, filha de Gaspar Camelo e de Breatiz Jorge, de que, afora os defuntos, houve dois filhos e duas filhas: o primeiro se chama Martim de Sousa, bom cavaleiro e grandioso como seu pai; o segundo, Jorge Furtado , que agora é cónego da Sé do Funchal. Das duas filhas, que são mais velhas que os filhos, a primeira se chama D. Ana, a qual casou com Braz Neto d’Arez, feitor de el-Rei na ilha do Faial, do qual tem três filhos de pouca idade. A segunda, D. Isabel, é casada com Baltazar Martins de Crasto como tenho dito na geração dos Velhos.
-132 Tem Jorge Furtado e seus herdeiros casas ricas e sumptuosas em Vila Franca e na cidade e no lugar de S. Roque, ora vivendo em uma parte, ora em outra. Destes dois irmãos disse já na geração de João Gonçalves, filho de Gonçalo Vaz, o Grande. E Jorge Furtado, do hábito de Cristo, com boa tença, faleceu há pouco tempo , do qual hábito fez Sua Majestade mercê a seu filho Martim de Sousa, que é casado com D. Leonor, neta do doutor Francisco Toscano.
A quinta filha de Martim Anes Furtado, chamada Ana Martins, foi casada com Pero da Ponte, o Velho, homem nobre e rico, cidadão de Vila Franca, de que houve três filhos e duas filhas. O primeiro, André da Ponte de Sousa, também cidadão de Vila Franca, e rico, casou com Isabel do Quintal , filha de Fernão do Quintal, ouvidor que foi nesta ilha, morador na Ponta Delgada, de que teve seis filhos e duas filhas: o primeiro, Pero da Ponte, foi casado em Porto Formoso com Maria Pacheca, filha de Mateus Vaz Pacheco, viúva, mulher que fora de Belchior da Costa, sem lhe ficar dele filho; o segundo, Martim Anes de Sousa, que, solteiro, grangeia a fazenda da mãe, muito valente homem de sua pessoa, como mostrou quando pelejou na armada de Portugal contra os corsários, junto desta ilha; o terceiro, António de Matos, casou com Hierónima Lopes, filha de João Lopes, escrivão na cidade da Ponta Delgada; o quarto, Filipe do Quintal, casou com uma filha de Simão da Mota, de Água de Alto; o quinto, Paulo da Ponte, latino, muito discreto, macio e afável, e tão honroso, que andando em Lisboa, não pediu, por satisfação de seus serviços a Sua Majestade, senão a soltura de seu irmão, preso nas galés, por ter a voz do Sr. D. António, pelo que lhe soltaram o irmão e o fizeram contador desta ilha de S. Miguel, cargo que agora tem, e pode ser terá perpétuo; o sexto, Fernão de Quintal, solteiro. E das filhas do dito André da Ponte, Margarida de Matos é solteira e não quere casar, tendo bom dote. Sua irmã, Isabel do Quintal, mais moça, casou com Sebastião Cardoso, gentil homem, rico, criado de el-Rei com tença, filho de João Lopes, escrivão na cidade.
O segundo filho de Pero da Ponte e de Ana Martins, chamado Manuel da Ponte, faleceu solteiro. O terceiro, Simão da Ponte casou no Nordeste com uma filha de Gaspar Manuel, filho de João Afonso, do Faial, de que teve alguns filhos, o mais velho dos quais, chamado Manuel da Ponte, casou com uma filha de João Serrão de Novais. Simão da Ponte se afogou no mar, de noite, em um batel em que ia de Vila Franca para a cidade da Ponta Delgada, que revirou à Ponta da Galé, e escaparam os outros que nele iam.
A primeira filha de Pero da Ponte, o Velho, e de Ana Martins, chamada Margarida da Ponte, casou com Jordão Jácome Raposo, de que houve cinco filhas e três filhos, como já tenho dito.
A sexta filha de Martinhanes Furtado, chamada Caterina Correa, foi mulher de Pero Roiz Cordeiro, filho de João Roiz, feitor de el-Rei, e de Maria Cordeira, primeiro escrivão das notas nesta ilha, cidadão de Vila Franca, de que teve três filhos e duas filhas. O primeiro, João Roiz Cordeiro, foi casado com Simoa Manuel, filha de João Afonso, do Faial, de que houve duas filhas; ambas são casadas, a mais moça casou com Miguel Botelho, filho de João da Mota e de Breatiz de Medeiros, e a mais velha casou contra vontade de seu pai e mãe, e está bem casada. Depois de viúvo João Rodrigues casou na cidade com Águeda Afonso Leda, da geração dos Ledos, de Santo António, termo da cidade da Ponta Delgada, mulher honrada, já de dias, e rica, da qual não houve filhos.
O segundo filho de Pero Roiz Cordeiro, chamado Pero de Sampaio, casou com Isabel Morena, filha de João Moreno, cidadão de Vila Franca, de que tem alguns filhos.
O terceiro, Jorge Correia, casou com uma filha de Gomes Fernandes, do Faial, de que houve uma filha, ainda solteira . E falecendo ele, casou ela segunda vez com Pero Barbosa da Silva, fidalgo, morador nos Fenais da Maia, termo de Vila Franca.
A filha mais velha de Pero Roiz Cordeiro, chamada Solanda Cordeira, casou com Gaspar de Gouveia, natural de Lamego, fidalgo e discreto, que veio ter a esta ilha, de Guiné, rico; de que houve um filho, bom clérigo, chamado João de Gouveia, e outro, António de Gouveia, que está na Índia, solteiro. Teve mais duas filhas: a primeira, Caterina Correa, casou com João Roiz Camelo, fidalgo, discreto e bom cavaleiro, sendo viúvo, de que houve dois filhos e uma filha; a segunda filha de Solanda Cordeira, Isabel de Jesus, é freira no mosteiro de Vila Franca.
A segunda filha de Pero Roiz Cordeiro e de Caterina Correa, chamada Maria de Sousa, de grande virtude, casou com Rui Tavares da Costa, viúvo, discreto e de grandes espritos, filho de Pero da Costa, de que não tem filhos, tendo da primeira mulher, filha de Gabriel Coelho, duas filhas que faleceram.
Teve Martinhanes Furtado, na ilha da Madeira, um irmão por nome Afonso Correa de Sousa, pessoa nobre e bom fidalgo, casado na mesma ilha com uma mulher muito honrada , da progénia dos Cogombreiros, de que tinha um filho, chamado Fernão Correa de Sousa, gentil homem, discreto e grandioso, e duas filhas, que para esta ilha vieram todos. O qual Fernão Correa, pousando com Pero Pacheco, seu sobrinho, genro de Jorge Nunes Botelho, na cidade da Ponta Delgada, o dito Pero Pacheco o casou com sua cunhada, filha do dito Jorge Nunes, da qual houve uma filha, Maria da Madre de Deus, que foi freira professa no mosteiro de Jesus da Vila da Ribeira Grande, e no tempo do segundo terramoto desta ilha se foi com as mais religiosas para a cidade da Ponta Delgada, onde estiveram nas casas de seu avô Jorge Nunes, por serem grandes e amuradas com uma grande cerca; e depois que foi acabado o mosteiro de Santo André, que fez Diogo Vaz Carreiro, se mudaram para ele, onde faleceu Maria da Madre de Deus. E falecendo a mulher de Fernão Correa casou ele, segunda vez, com Breatiz Roiz, filha de Luís Gago e de Branca Afonso da Costa, morador na vila da Ribeira Grande, da qual houve uma filha, chamada Branca Correa, que faleceu solteira, como já disse na geração dos Gagos.
Este Fernão Correa de Sousa fez um grande navio latino, dos maiores que se fizeram nesta ilha, em Porto Formoso, o qual foi lançado ao mar com muita festa e grandes banquetes, como ele costumava fazer com sua liberal condição; e com este gosto fez a primeira viagem para Lisboa e de lá para a ilha da Madeira, donde ele era natural. Saindo em terra, foi recebido com muita honra de seus parentes e amigos, com os quais estando jantando, alevantou-se uma grande tormenta, que deu com o navio à costa e o fez em pedaços, sem nada se salvar; em que ele perdeu quanto tinha. E vendo-se assim desbaratado e pobre, se foi para as Índias de Castela, sem se saber mais nova dele; dizem que é falecido.
A primeira filha de Afonso Correa, por nome Caterina de Sousa, casou também nesta ilha com Duarte Ferreira, tabalião na cidade da Ponta Delgada, filho de Henrique Ferreira, cavaleiro da guarda de el-Rei, e Margarida Nunes Botelha, irmã de Jorge Nunes Botelho, da qual houve três filhos, dois dos quais faleceram na Índia em serviço de el-Rei, e outro em casa do Capitão Manuel da Câmara, que lhe queria muito, por ser discreto mancebo, gentil homem e valente de sua pessoa, chamado Jorge Correa, como eram seus irmãos Henrique Ferreira e Afonso Correa, e todos faleceram solteiros. A filha de Duarte Ferreira, chamada Margarida Botelha, como sua avó, casou em Vila Franca com Sebastião Gonçalves, cidadão, filho de Hierónimo Gonçalves e de Guiomar Dias, da qual houve filhos, alguns dos quais faleceram e outros são vivos, todos solteiros.
A segunda filha de Afonso Correa, chamada Maria de Cristo, é freira professa; e logo como veio da ilha da Madeira, entrou no mosteiro de Santo André de Vila Franca, onde esteve muitos anos servindo sempre os principais cargos, por ser religiosa muito discreta e de grande virtude e bem entendida; e por ser tal a levaram para o mosteiro de Jesus, que se fez novamente na vila da Ribeira Grande, por reformação dele, onde esteve muitos anos, servindo sempre de abadessa, até que se mudaram para a cidade no tempo do segundo incêndio, onde serviu de abadessa até acabar de cegar, e nunca deixara o cargo de prelada se não cegara, porque era tão bem aceita a todos e tinha tão grandes espritos, prudência e discrição que nenhuma lhe precedia no mosteiro que fez Diogo Vaz Carreiro, onde agora está, tendo-lhe todas as religiosas muito respeito, como a pessoa aposentada e jubilada.
Teve também Matinhanes Furtado, na ilha da Madeira, um irmão, chamado Henrique Vaz Correia, ou irmã, que tinha um filho e duas filhas, os quais vieram para esta ilha; o filho, chamado Francisco Correia, escrivão da Câmara e do público, na vila de Alagoa, onde casou e houve os filhos seguintes: o primeiro, Henrique Correia, casou três vezes, a primeira com Branca Dias, filha de Fernão d’Álvares, boticairo de que houve alguns filhos. A segunda mulher, chamada Constança Roiz Ferreira, filha de Afonso Gonçalves Ferreira, escrivão na Ponta Delgada, a qual fora mulher de Sebastião Fernandes, de que não teve filhos. A terceira mulher, filha de António Afonso e de Marquesa de Sousa, e neta de Domingos Afonso, do lugar de Rosto de Cão. O segundo filho de Francisco Correia, Jorge Correia, casou na vila de Alagoa. O terceiro filho, chamado Francisco Correia, como seu pai, casou na cidade da Ponta Delgada, com Guiomar de Paz, filha de Luís Roiz, mercador, de que tem filhos. Uma filha de Francisco Correa , escrivão da Câmara de Alagoa, casou com Rui Gonçalves , filho de Hierónimo Gonçalves, cidadão de Vila Franca e mora na vila de Água do Pau, por ter ali sua fazenda, de que tem filhos e filhas de pouca idade.
A primeira filha do irmão ou irmã de Martim Anes, chamada Ginebra Henriques, veio a esta ilha com seu irmão Francisco Correa, e tinha dois filhos: o primeiro, António Correa de Sousa, casou com Simoa Quaresma, da casa da Capitoa D. Filipa Coutinha, mulher do Capitão Rui Gonçalves, a qual era natural de Vila Franca, filha de Branca de Paiva, de que houve alguns filhos, que faleceram na Índia; e casou segunda vez com uma filha de Amador Travassos, de que teve alguns filhos. O segundo filho de Ginebra Henriques foi frade de S. Francisco e faleceu cativo em Cabo de Gué, quando cativaram o Capitão Manuel da Câmara, em cuja companhia ele estava.
A segunda filha do irmão ou irmã de Martinhanes, chamada Isabel de Sousa, casou em Vila Franca com Miguel Vaz, filho de Rafael Vaz e de Lianor Afonso Ireza, que procedia de Irlanda, mulher grande de corpo, das maiores desta ilha, como seu marido também é grande e tão bom cavaleiro que antes de ser velho sempre era chamado para os jogos de canas e escaramuças e outras festas, que se faziam nesta ilha; homem honrado e rico, morador nos Fenais da Maia, termo de Vila Franca, em sua fazenda, do qual sua mulher Isabel de Sousa houve uma filha por nome Breatiz Correia, que casou duas vezes: a primeira com Manuel Homem, filho de João Homem, do qual houve alguns filhos que faleceram, ficando um só vivo, chamado Manuel Correa, que casou nos Fenais da Maia com uma filha de António Roiz, de que tem filhos.
Casou a dita Breatiz Correa, segunda vez, com Cristóvão de Vasconcelos, fidalgo, morador na vila da Ribeira Grande, de que não houve filhos.
Este apelido dos Correas se diz que alcançaram uns nobres homens, que lhe deram princípio, por estarem cercados dos imigos em uma torre que guardavam com tanto aperto de combates e fome, sem a quererem entregar, que lhe foi necessário deitar alguns couros de molho, feitos em correas, para com eles se sustentarem, como já disse atrás.