Freguesia de Água de Pau

População: 3500

Actividades económicas: Comércio, pequena indústria, agro-pecuária e serviços

Festas e Romarias: Nossa Senhora dos Anjos (15 de Agosto), festa do Pescador (28 de Agosto), festa do Emigrante (8 de Agosto), Divino Espírito Santo (finais de Maio) e cortejo de Natal

Património: Chafariz, fontanários, igreja matriz, ermidas, casas brasonadas e senhoriais, lavadouros, mercado de peixe e arquitectura regional

Outros Locais: Praia, miradouro, porto de pesca e jardins

Artesanato: Cestaria em vime, capachos em linho e folha de milho, mantas de farrapos e lã, tecelagem, olaria, bordados e miniaturas em madeira

Colectividades: Santiago Futebol Clube, Grupo Jovem Pauense, Grupo Musical Lua Nova e Amigos da Paz, Banda Filarmónica Fraternidade Rural e Grupo de Escoteiros N.º 97 de Portugal

Orago: Nossa Senhora dos Anjos

DESCRITIVO HISTÓRICO


Com uma área de vinte e cinco quilóme- tros quadrados, a vila de Água de Pau está enquadrada pela serra do mesmo nome, cujo ponto mais alto se encontra a novecentos e trinta e seis metros de altitude. Uma elevação que confere à freguesia redutos de grande beleza natural.

O topónimo desta freguesia, Água de Pau, parece estar relacionado com a palavra paúl, ribeira desse nome que lhe fica muito próxima. Terá sido assim, no início, Água de Paúl, mas a corruptela dos tempos provocou a substancial modificação do seu nome. Quanto à população, chama-lhe Água de Peu. Outras lendas, no entanto, apontam para outras origens. Diz a tradição que os primeiros navegadores que ali passaram viram do mar essa queda de água perpendicular, tanto que até parecia um pau. Queriam outros que a água corresse através de um pau, dado o arco perfeito que descrevia na sua queda. Uma terceira corrente refere o primeiro nome da freguesia, Vale de Cabaços. Tal se devera, dizem esses autores, ao facto de os primeiros descobridores terem visto a terra coberta de flores grandes, que se assemelhavam a cabaças.

É uma das mais antigas freguesias deste concelho. A documentação oficial cita a sua existência desde o século XVI. Em 1522, um grande sismo derrubou a igreja paroquial, que já existia, procedendo-se à sua reconstrução três anos depois. Em 1521, ou seja, quatro anos antes, D. Manuel I dera a esse templo o hábito de Cristo, concedido como galardão pelo comportamento dos seus filhos desta terra no oriente. O mesmo monarca elevou-a à categoria de vila em 28 de Julho de 1515, com “meia legoa de termo em redor”. O seu brasão de armas é constituído por um escudo bipartido, que tem de um lado as armas portuguesas e do outro a imagem de Nossa Senhora dos Anjos.

O concelho de Água de Pau viria a ser extinto em 19 de Outubro de 1853, ficando integrado no concelho de Lagoa. Não perdeu, no entanto, o seu estatuto de vila. Em 26 de Dezembro de 1966, por despacho do ministro Alfredo dos Santos Júnior, foi afirmado o título de vila, tão auspiciosamente criada pelo Rei Venturoso em 1515.

A igreja paroquial, acima referida, é o mais precioso bem desta freguesia. A carta mais antiga relativa à sua existência data de 1488 e é uma doação a Frei Estevão, à época capelão de Santa Maria dos Anjos, da “Vila Nova de Agua de Pau”. João Afonso das Grotas Fundas deixou a esta igreja, por testamento de 26 de Novembro de 1511, a quantia de quatrocentos réis para um frontal. Em 1526, o templo tinha um capelão, dois beneficiados e tesoureiro. O capelão tinha de côngrua dois moios de trigo, duas pipas de vinho e quinze mil reais. Da sua arquitectura, destaca-se o frontispício, terminado em 1774. Nele está gravada a cruz da Ordem Militar de Cristo. O púlpito, do mesmo ano, é muito semelhante ao da Igreja de Santa Cruz. Do seu espólio, destaca-se uma imagem que representa Nossa Senhora dos Anjos. É uma escultura do século XIX (1859), da autoria de Francisco Pedro de Oliveira e Sousa, lente da Academia de Belas-Artes do Porto.

Além da igreja paroquial, o património edificado de Água de Pau inclui algumas ermidas de relativo interesse histórico e arquitectónico. O templo da Santíssima Trindade foi mandado construir pela beata Margarida Afonso. A Capela de Nossa Senhora da Ajuda, no lugar do Pisão, foi vinculada por D. Maria Rebelo da Silveira, mulher do capitão-mor de Água de Pau, Manuel da Costa Pimentel, em testamento de Janeiro de 1675. Pertencia à casa da mesma família. A Capela de Nossa Senhora de Monserrate, mandada construir pelo Pe. Manuel de Oliveira, tinha em 1688 um albergue para romeiros, que entretanto desapareceu. A Ermida de Nossa Senhora da Conceição foi a primeira que na ilha teve esta invocação. Esteve na base da edificação do primeiro mosteiro na ilha de S. Miguel, sendo a sua existência anterior ao século XVI.

Com cerca de três mil e quinhentos habitantes – é uma das mais povoadas freguesias da ilha – a vila de Água de Pau tem como principais actividades económicas o comércio e a agro-pecuária. O turismo, de resto, ocupa um papel cada vez mais importante para as finanças locais.

António Valdemar, em “Viagens na Nossa Terra”, explica algumas das razões que fazem desta vila um local paradisíaco para os turistas que chegam do continente e até de outros países: “Ao chegar a Água de Pau, poderá descer até à Caloura, pequeno porto de pesca, numa enseada que, de Verão, proporciona um banho excelente, com mergulhos profundos nas águas despoluídas. Junto ao mar, existe um convento transformado, em habitação particular. Principiou, ali, no século XVI, o culto do Senhor Santo Cristo”. É o Convento da Caloura, o primeiro a ser construído em todo o arquipélago dos Açores.