Freguesia de Nossa Senhora do Rosário
População: 5000
Actividades económicas: Indústria de óleos, rações, sabões, confecções, álcool, cerâmica, tintas, lacticínios, construção civil, serralharia, carpintaria, metalomecânica, serração de madeiras, pesca, comércio, serviços e hotelaria
Festas e Romarias: Nossa Senhora do Rosário (1.ª semana de Outubro), Divino Espírito Santo, Coração de Jesus (Junho) e Nossa Senhora das Necessidades (1.ª semana de Setembro)
Património: Fontanários, igreja, quinta de Santana e arquitectura regional
Outros Locais: Orla marítima, piscinas naturais, parque de merendas e parque de campismo
Artesanato: Cerâmica, bordados, trabalhos com escamas de peixe e trabalhos em barro e outros diversificados
Colectividades: Clube Operário Desportivo, Clube de Atletismo de Lagoa, Clube Náutico, Grupo Folclórico (Grujola), Escuteiros de Portugal Grupo 96 e Sociedade Filarmónica “Lira do Rosário”
Orago: Nossa Senhora do Rosário. Feiras: Feira Lagoa Sol (bienal.
DESCRITIVO HISTÓRICO
É uma das duas freguesias da sede do concelho. Essencialmente industrial, engloba a parte mais moderna da vila de Lagoa. Aqui se concentram também alguns dos serviços de primordial importância para a sua população.
Foi uma povoação que cresceu com o decorrer dos séculos. A supremacia inicial pertenceu a Santa Cruz, mas Nossa Senhora do Rosário foi conquistando espaço e importância sócio-política. Isso mesmo foi tido em conta no século XIX, quando os poderes municipais da Lagoa decidiram construir um novo edifício para os paços do concelho, que se situou num ponto mais central da vila, escolhido devido à proximidade desta freguesia.
Segundo alguns historiadores, Lagoa terá sido a primeira vila da ilha de S. Miguel a ser colonizada, quando o infante D. Henrique, ainda na primeira metade do século XVI, decidiu lançar gado na sua costa sul. Aliás, o topónimo Porto dos Carneiros deve o seu nome a esse facto. Elevada a vila em 22 de Abril de 1522, Lagoa contava apenas, nessa altura, com uma paróquia, a de Santa Cruz. Meio século depois, no entanto, o seu crescimento populacional e territorial justificou bem a criação de uma segunda paróquia, a de Nossa Senhora do Rosário. Assim, esta freguesia viria a ser criada em 5 de Abril de 1595.
Sobre os primeiros tempos da Lagoa, diz-nos Carreiro da Costa na sua obra “Memorial da Lagoa e do seu Concelho”: “Há uma carta por demais conhecida dos estudiosos e que é um valioso documento acerca do início do povoamento das nossas ilhas. Trata-se de uma carta passada na menoridade daquele monarca (D. Afonso V), datada de 2 de Julho de 1439, pela qual o infante D. Henrique é autorizado a mandar para as primeiras sete ilhas dos Açores, ao tempo descobertas, as primeiras famílias, uma vez que já anos antes haviam espalhado por elas algumas cabeças de gado. Ora, foi precisamente no ponto do litoral micaelense onde hoje está a vila da Lagoa que os primeiros povoadores vieram encontrar, em prodigiosa multiplicação, os carneiros, que tempos antes haviam lançado. Daí a denominação de Porto de Carneiros”.
Em meados do século XV, havia em Lagoa quatro templos, e um deles era dedicado a Nossa Senhora do Rosário. Este seria aumentado, porque a população o exigia, na parte final da mesma centúria. Entre 1583 e 1586, serviu de igreja matriz da vila, devido a obras que decorreram na Igreja de Santa Cruz.
A igreja paroquial, consagrada a Nossa Senhora do Rosário, foi construída sob uma ermida do mesmo nome, que ali existia desde o século XVI. O actual templo, setecentista, é de grandes dimensões. Tem três naves e um notável conjunto de escultura da autoria de Machado de Castro.
Duas casas solarengas atestam o passado senhorial da freguesia. É o caso do solar do Fischer e da casa da Atalhada. Ambas excelentes testemunhos da nobreza micaelense do século XVIII, tem portão armoreado, pátio anexo e um profuso trabalho em pedra de lavoura.
O museu municipal por seu lado, está instalado nesta freguesia e na de Santa Cruz. Está concebido segundo um modelo polinucleado. Em Nossa Senhora do Rosário, está o núcleo da tanoaria, com a reprodução de uma antiga oficina. Uma actividade que praticamente já não existe mas que pode ser observada com atenção e saudade neste espaço.
Conforme referia António Valdemar em “Viagens na Nossa Terra”: “Se ainda tiver tempo, encontra aberta, na Lagoa, a fábrica de cerâmica. Peças utilitárias pintadas à mão por artistas locais. Desenhos geométricos e figurações de raiz etnográfica. Sobre o branco esmaltado resplandece o azul”.
Com efeito, a louça da Lagoa, como se celebrizou, é conhecida em todo o arquipélago dos Açores. Revestida de vidrado branco, na maioria das vezes pintada em tom de azul, evoca as magníficas paisagens da ilha, porque costumam ser esses os seus principais temas. As figuras geométricas costumam também ser utilizadas. A principal fábrica desta indústria encontra-se junto ao Porto dos Carneiros. Mantém a mesma técnica e o mesmo aspecto de há um século atrás.
Com cerca de cinco mil habitantes, Nossa Senhora do Rosário da Lagoa é uma freguesia essencialmente industrial. Sectores como a indústria de óleos, de rações, de sabões, de confecções, de cerâmica e de construção civil, além de muitos outros, desempenham importante papel na economia da sua população. O comércio e o turismo são também actividades significativas. Os milhares de estrangeiros que anualmente visitam a ilha contribuem de forma marcante para o seu sucesso económico.