Freguesia de Lomba
População: 205
Actividades económicas: Agricultura e pequeno comércio
Festas e Romarias: S. Caetano (2.º fim-de-semana de Agosto), Santa Teresinha (2.º fim-de-semana de Outubro), Santo Antão (domingo gordo), S. Pedro (29 de Junho), Espírito Santo (sete domingos após a Páscoa) e Reis (1 de Janeiro)
Património: Igreja matriz e Império do Divino Espírito Santo
Outros Locais: Lagoa da Lomba, Rocha do Touro, Portão da Fajã e Porto de mar
Gastronomia: Inhame com linguiça, sopa do Espírito Santo, cozido de porco, filhós de entrudo e massa sovada
Artesanato: Tapetes e flores em casca de milho
Orago: S. Caetan.
DESCRITIVO HISTÓRICO
A cerca de cinco quilómetros da sede do concelho, a freguesia da Lomba tem este nome devido ao facto de estar situada em lugar alto, sobre o mar. É a segunda maior freguesia do concelho, a seguir à Fajã Grande. Esteve anexada, bem como as restantes freguesias deste concelho, a Santa Cruz das Flores durante o período em que Lajes esteve extinto. Foi criada como paróquia apenas em 1698.
A construção da primitiva igreja paroquial da invocação de S. Caetano data, provavelmente, de 1698, o que coincide, como se vê, com a criação da paróquia da Lomba. Em 1753, teve início a reedificação desta igreja, que terminou em 1759. Foi novamente restaurada entre os anos de 1873 e 1888.
De monotonia não se pode queixar o turista acidental dos Açores ou mesmo aquela pessoa que aqui vive durante todo o ano. Os encantos naturais não acabam nunca, os novos monumentos que o homem não construiu aparecem-nos em cada curva. A Fajã de Pedro Vieira é uma dessas belezas.
O fidalgo flamengo Guilherme da Silveira, ou William Van den Ilage, foi o primeiro povoador da ilha das Flores, provavelmente entre 1480-90, tendo-se estabelecido na zona da Ribeira da Cruz, mas lá não permaneceu mais que sete ou oito anos. O segundo e definitivo povoamento da ilha terá tido lugar cerca do ano de 1510 e terá tido como líder Gomes Dias Rodovalho; este e os seus companheiros, ao invés do que antes fizera o flamengo Guilherme da Silveira, dispersaram-se por vários pontos ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins. Assim aparece o nome de Fajã de Pedro Vieira, este um madeirense companheiro de Gomes Dias Rodovalho.
A fajã de Pedro Dias relembra assim o glorioso feito de um dos autores das Flores de hoje. É um “balcão abrigado para uma alta rocha e a pique sobre o calhau da baía. O caminho do acesso à fajã – raramente frequentada e último “reduto” das Lajes antes do concelho de Santa Cruz – situa-se, para quem procede da Lomba, algumas curvas após a carreteira para a Rocha do touro, no lado direito da regional, junto de uma grande criptoméria com a base do tronco retorta. É a curva antes do ribeiro do Espigão, que se ouve gorgolejar”. (Pierluigi Bragaglia).
A Rocha do Touro, que atrás foi referida, é um dos mais interessantes acidentes naturais da ilha. É uma rocha imponente, aveludada de pastagens, que se encontra a menos de um quilómetro da estrada regional. Dali se alcança um panorama espectacular, à direita sobre a sede da freguesia e a Fazenda das Lajes, à esquerda sobre a Caveira, Santa Cruz e o monte das Cruzes. Ao longe, parte da solitária ilha do Corvo.
O porto da Lomba, ao qual se pode chegar via Ladeira da Cardosa, é pequeno mas de um pitoresco sem par. A sua história remonta a 1710 e ainda antes, quando foi salvo da destruição pelo fortim de S. Caetano. O difícil é mesmo chegar lá, como referiam os “Anais da Ilha das Flores”: “O caminho para o porto, além de ser bastante longo, é pouco bom; segue no comprimento de uma fajã cercada pela parte da ilha de alta rocha, que mostra ter desabado em tempos antigos, pelos muitos pedregulhos que tem. Este sítio é chamado a Fajã de Baixo, e virado a Leste; produz muita batata e inhames, porque parte é regada com água; tem arvoredo e muita lenha em volta da rocha, e abunda em frutos, maçãs, figo, laranja e vinha”.
Liga esta freguesia ao concelho de Santa Cruz, povoação de Caveira, uma estrada regional de belíssimas paisagens. As flores, o mato, as pastagens e os campos de semeadura são aqui os pontos altos de uma paisagem matizada de cores e de cheiros.
A sua evolução demográfica tem sido muito semelhante à do resto do concelho. Tinha 685 habitantes em 1890, tinha 443 em 1930, tem pouco mais de duzentos actualmente. Causa: a emigração. Solução: a criação de condições que permitam à população fixar-se e aqui desenvolver a sua vida normalmente. Até porque são tantas as belezas desta parte da ilha: “Quando o meu mestre me manda / Arriar a bujarrona / Eu bem me fico lembrando / Daquelas moças da Lomba”.
A nível económico, os “Anais dos Municípios das Lajes” diziam desta freguesia: “Esta Lomba é muito abundante de lenhas, porque tem prédios que não produzem outra coisa. Na freguesia de Lomba, também há barros de que fazem telha, suposto ser um tanto fraca. Há cantaria branca, em partes muito torrosa; em razão do qual os edifícios, e o seus habitantes são abastados de cereais, criam muito gado, cultivam madeiras, também têm frutas, e frequentam a pesca”. Ontem como hoje, é a agricultura a mãe de todas as actividades económicas que aqui se praticam. Além disso, algum pequeno comércio e pouco mais.
Em termos de colectividades, a Lomba também fez história. Funcionou aqui a segunda filarmónica do concelho, logo a seguir às Lajes, a Filarmónica Lombense Manuel Martins, que foi fundada em 17 de Abril de 1931, encontrando-se desde há alguns anos extinta.