População: 1980
Actividades económicas: Agro-pecuária, comércio, serviços e indústria (construção civil, hoteleira e panificação)
Festas e Romarias: Santa Ana (último domingo de Julho ou 1.º de Agosto) e Procissão dos Enfermos (domingo de Pascoela)
Património: Igreja Matriz, Igreja Velha, Ermida de Nossa Senhora das Vitórias e Moinhos de Água
Outros Locais: Caldeiras, Lagoa das Furnas, Parque Florestal e Terra Nostra, Miradouros do Pico do Ferro e do Pico dos Milhos, Termas e Paisagem Natural
Gastronomia: Cozido à portuguesa, bacalhoada nas Caldeiras, inhames e bolo levedo
Artesanato: Cestaria de vime e artefactos de madeira
Colectividades: Grupo Folclórico das Camélias, Grupo de Serenatas e Cantares “Terra Nostra”, Banda Harmónica Furnense e Futebol Clube Vale Formoso
Orago: Santa An.
DESCRITIVO HISTÓRICO
Situada a nordeste da Lagoa das Furnas, praticamente no interior da ilha de S. Miguel, dista 12 km da Vila da Povoação, sede do concelho, e ocupa um grande vale.
Por dificuldades de acesso, só no século XVII se verificou a fixação dos primeiros habitantes.
Esta região foi, primeiramente, refúgio de eremitas mas, as suas águas, a sua beleza, a lagoa e a fertilidade dos campos, funcionaram, mais tarde, como pólo de atracção.
Com o decorrer dos tempos, outros motivos despertaram o interesse desta zona, nomeadamente, o facto de ser uma das maiores hidrópoles do mundo, com cerca de trinta variedades de água - ferventes, quentes, mornas, frias, gasosas, lamas, azedas, fervosas - quase todas com fins curativos.
Por isso, no século XIX, construíram-se pequenos balneários e, hoje, existe um grande e moderno edifício para aproveitamento medicinal das águas termais.
Destruída a primitiva Vila Franca do Campo pelo terramoto de 1522, o capitão donatário Rui Gonçalves e os poderes instituídos, no sentido de evitar a desertificação do local, mandaram que se cortasse nas florestas do Vale das Furnas, grande quantidade de cedros e de outras madeiras, a fim de serem distribuídas, gratuitamente, pelas famílias pobres de Vila Franca do Campo. Destinava-se essa madeira à construção de novas habitações em lugares a designar pelo poder.
Depois da erupção, tendo-se tornado mais fértil o solo, procederam os padres jesuítas ao arroteamento dos seus terrenos, erguendo aqui uma pequena ermida de invocação a Nossa Senhora da Alegria.
Quase destruídas que foram as matas do Vale das Furnas, em 1533 mandou o capitão donatário D. Manuel da Câmara ali semear alguns pinheiros, tendo, então, mandado construir uma ermida de invocação a Nossa Senhora da Consolação. Datando esta pequena capela de 1613, localizava-se próximo do local onde foi erguida a actual paróquia.
Esta freguesia foi elevada a paróquia em 1791 e a actual igreja, cuja construção se iniciou em 1901, só ficou concluída em 1963.
Na margem da Lagoa, junto da qual é possível fazer campismo, existe uma ermida de estilo gótico – a Ermida de Nossa Senhora das Vitórias.
Nos primórdios, a principal produção deste vale consistia em mel e cera, por se tratar de uma região muito profícua em ervas, flores e águas. Também se produzia algum trigo e legumes, morangos e junça e muito inhame nos terrenos alagadiços, de cujas folhas se alimentavao gado suíno.
O topónimo Furnas deriva da designação atribuída pelos primeiros povoadores às sulfátaras agrupadas próximo do estabelecimento termal, e a que se chama também Caldeiras. Estas caldeiras são o que resta do vulcanismo da ilha e os vapores que exalam, os ruídos que provêm do fundo da terra e o cheiro a enxofre, são outros tantos sinais da sua actividade.
Nesta freguesia existem nascentes de água mineral, sulfúrea hipertermal, usada no tratamento do reumatismo, bronquites e dermatoses, e bicarbonatada fraca, utilizada no tratamento de doenças do aparelho digestivo.
Em 1791, Guilherme Gourlay descreveu, pela primeira vez, estas águas. No entanto, só viriam a ser utilizadas científica e metodicamente em 1870, quando a Junta Geral do Distrito deliberou criar no Vale das Furnas, um estabelecimento médico destinado ao seu aproveitamento. O químico francês Fouqué, encarregou-se do estudo químico destas águas e o Dr. Filomeno da Câmara Melo Cabral, dos seus efeitos terapêuticos. O primeiro estabelecimento termal das Furnas data do início do século XVII, assim como a fábrica que aqui se construiu para explorar a pedra-pomes.
Contudo, em 1630, tudo foi destruído por um violento sismo e erupção que, para além de matar muita gente e gado, também motivou o abandono das termas. Mais tarde, a pouco e pouco, voltaram os doentes a fazer uso das águas, desta vez em casas feitas com troncos e folhagem. A primeira casa de alvenaria só seria construída em 1792. Em 1816, novo estabelecimento termal foi edificado, ao qual chamaram Quenturas.
Outros se construíram ao longo dos tempos até que, em 1863, se iniciou a construção de um grande estabelecimento termal, que ainda hoje existe. O complexo termal desta localidade ergue-se junto às caldeiras vulcânicas, de onde a água brota a diversas temperaturas. A Caldeira de Pêro Botelho é de todas a mais impressionante, com a sua lama fervente.
Se, por um lado, o incremento da criação de gado nos Açores tem sido uma das mais importantes actividades económicas do arquipélago, por outro lado, o excesso de pastos tem sido prejudicial para a manutenção das lagoas de S. Miguel.
A substituição da floresta pelos prados em torno das lagoas, juntamente com a erosão e as chuvas, tem provocado o arrastamento de adubos e outras substâncias químicas para o interior daquelas, originando uma eutrofização das lagoas. Por outras palavras, com a acção dos fertilizantes que escorrem, as algas reproduzem-se muito mais facilmente, acumulando-se no leito, assim contribuindo para o seu assoreamento.
Esta freguesia é um dos pontos mais visitados da ilha de S. Miguel. A permanente humidade que aqui se regista e a fertilidade do solo, fizeram desenvolver um grande parque com centenas de variedades arbóreas. RIBEIRA GRANDE