Freguesia de Cedros População: 163
Actividades económicas: Agro-pecuária, pequeno comércio e carpintaria
Festas e Romarias: N. Sra. do Pilar e S. Roque (3.º domingo de Agosto) e Espírito Santo (domingo de Pentecostes)
Património: Igreja matriz, impérios do Espírito Santo, moinho de água e ponte de Alagoa
Outros Locais: Miradouro da Tapada Nova, miradouro da Rocha da Gata, miradouro do Poço Comprido e ilhéu de Álvaro Rodrigues
Gastronomia: Sopa do Espírito Santo, inhame com linguiça, torresmos de vinha de alhos, pão de milho, folar da Páscoa e filhós do Entrudo
Artesanato: Rendas, bordados e cestaria em vime
Orago: N. Sra. do Pilar
DESCRITIVO HISTÓRICO
A freguesia de Cedros está situada a dez quilómetros da sede do concelho. É constituída pelos lugares de Cedros e de Ponta Ruiva. É atravessada pela ribeira do mesmo nome, que separa esta freguesia da de Ponta Delgada.
Segundo Urbano Mendonça, deve o seu nome ao facto de ter muita madeira desta espécie na altura da sua colonização. Isso mesmo, muito antes, já explicava Gaspar Frutuoso em “Saudades da Terra”: “Além, corre a rocha muito alta e lançada ao mar, vestida de arvoredos de Cedros, louros e pau branco, e povoada de muitas cabras bravas do capitão, ao cimo da qual (que é terra de pão) vivem três ou quatro vizinhos, fregueses de Santa Cruz; ali chama os Cedros, por haver muitos deles”.
Desde o início, Cedros teve uma grande importância na economia da ilha devido à grande abundância de cedros no seu território. Grande quantidade de madeira, que servia para a construção de barcos para a pesca, na construção de habitações e na manufacturação de alfaias agrícolas. Ainda hoje, o pouco artesanato que existe baseia-se no fabrico de miniaturas em madeira. Da sua casca seca se faziam, ainda, cordas de toda a espécie e arreios para bestas e bois. Gaspar Frutuoso dizia, e citamos de novo um autor fundamental para história dos Açores, que “da casca que tiram dos cedros verdes, de compridão de quatro ou cinco varas, tirando-lhe o seco da banda de fora e ficando no verde de dentro, se servem, como de vimes, para cobrir casas, por haver poucos, e torcendo-os, fazem cordas, que lhe servem como as de esparto, com que prendem os bois e travam carros”.
Foi elevada a paróquia em 9 de Julho de 1693, tinha então trinta fogos e cerca de cento e cinquenta habitantes. A paróquia de Nossa Senhora do Pilar englobou desde o início o lugar de Ponta Ruiva. Foi seu primeiro pároco Domingos Furtado de Mendonça, que tinha de rendimento anual vinte e quatro mil réis, duas partes em trigo e uma em dinheiro, de que se fará pagamento à custa da Comenda. Viviam nessa altura, na freguesia perto de duzentas pessoas.
Neste mesmo ano inicia-se a construção da igreja paroquial, pois a população estava sedenta de conseguir a sua salvação através da erecção de um templo que redimisse todos os seus pecados.
As razões parta a elevação a paróquia era bem explicadas pelo seu povo. As razões não podiam deixar de ser atendidas. Por um lado, não tinham igreja; por outro, estavam sujeitos a duas paróquias “com um largo distrito entre rochas e ribeiras correntes no tempo de inverno que lhes impediam de recorrer às suas igrejas.” Assim, se Cedros e Ponta Ruiva se desanexassem das paróquias em que se encontravam, prometiam erigir uma igreja em agradecimento a Nossa Senhora do Pilar.
O ilhéu de Álvaro Rodrigues, belo em si mesmo, tem uma nascente de água doce.
Em termos demográficos, Nossa Senhora do Pilar de Cedros conta actualmente com menos de duzentos habitantes. Um número muito inferior àquele que registava até meados do século. Em 1890, no primeiro recenseamento oficial realizado à população, tinha 361 habitantes. Em 1910, 326. Em 1920, 332. Em 1940, 367. Com a emigração para os Estados Unidos, para o continente e para o resto da Europa, este número não tem cessado de diminuir desde então e até hoje.
É uma freguesia muito rural. A agricultura é praticamente a única actividade das suas gentes, embora a carpintaria e o pequeno comércio tenham também algum destaque. No passado, as actividades ligadas à exploração madeireira sustentaram em grande parte a economia da freguesia. A fruticultura era também importante. Os “perinhos”, vermelhos e esverdeados, “são de tamanho de grão de junça, e de muito bom sabor, e muito quentes, tem dentro uns caroçinhos como grãos de uva, que partida com o dente deixa o mesmo sabor”.
Em “Viagens na Nossa Terra”, João Vieira passa os olhos por toda a ilha das Flores e refere em relação a Nossa Senhora do Pilar de Cedros: “Depois de se dobrar a rocha dos Cãibros, entra-se na baía da Alagoa. Uma profusão de ilhéus, maiores ou menores, entre os quais se destaca a Fragata, Garajau, ilhéu dos Carneiros, Álvaro Rodrigues; este último foi cultivado até meados do presente século. As rochas verdejantes, com listas e manchas multicolores, são elementos que dão cor e relevo à paisagem (...)”.