Actividades económicas: Agro-pecuária, serração, serviços, comércio, pequena indústria e construção civil
Festas e Romarias: Nossa Senhora da Guadalupe (14/21 de Agosto), festa do Bodo e carnaval
Património: Igreja matriz, casario típico, moinhos de água, império e chafarizes
Outros Locais: Nascentes de água, parque de campismo, campo de golfe, Alagoa da Fajãzinha, pico alto e gruta do algar do Carvão
Gastronomia: Alcatra de carne e de peixe, sopa do Espírito Santo, torresmos em vinha de alhos, caldeirada de coelho, alfirinho, rebuçados, bolachas e suspiros
Artesanato: Miniaturas em madeira, vimes, bordados e rendas, tecelagem e figuras de pedra
Colectividades: Grupo Desportivo e Recreativo de Agualva e Sociedade Filarmónica Espírito Santo Agualva
Orago: Nossa Senhora da Guadalupe
DESCRITIVO HISTÓRICO
Com uma área de trinta e cinco quilóme- tros quadrados, a freguesia de Agualva fica situada a cerca de catorze quilómetros da sede do concelho, sobre uma rocha à beira-mar. Segundo a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”, é constituída pelos lugares, sítios e quintas de Agualva, Cabouco da Igreja, Cabouco dos Galeões, Cabouco da Portela, Cabouco do Meio, Casal Novo, Canada da Maria Margarida, Canada das Dadas, Canada de André Luís, Canada de Vicente Coelho, Canada do Domingos, Canada dos Correios, Canada Grande, Cruzeiro, Faias, Outeiro do Filipe e Outeiros.
É esta freguesia atravessada pela ribeira do mesmo nome. Segundo António Cordeiro, que tenta explicar a etimologia do topónimo, “lavando n’esta fonte a roupa sem sabão algum, a fez tão alva como se a lavassem com sabão. Diz também a seu respeito que deixando dentro um pau por espaço d’um anno o encontraram em pedra convertido”.
O seu nome, Agualva, tem um significado óbvio e está relacionado com a corrente que a atravessa. A água, ao que parece, era alva, pura e cristalina, no tempo em que a certidão de baptismo da terra foi emitida. Continua a sê-lo, de resto, não se podendo dizer o mesmo, infelizmente, das quatro freguesias que em Portugal têm o mesmo nome (Palmela, Setúbal, Vale de Cambra e Sintra). Aí, com a poluição, os factos históricos tenderam a ser alterados. Tentaram os poluidores, subtilmente, mudar o topónimo para Águaescura. Não o conseguiram completamente, mas ficou o nome de Agualva, e nada mais, como a memória dos tempos antigos.
A paróquia de Agualva terá sido instituída em finais do século XVI. Temos informações do primeiro bispo de Angra, D. Manuel de Gouveia, que iniciou as suas funções em 1584. Existe um alvará de construção da igreja, por quatro mil réis, de 1588. Mesmo sem a data exacta, o ano da erecção não deverá estar muito afastado deste.
A primitiva igreja matriz de Agualva foi mandada construir em 1588 por João Homem da Costa, filho de Heitor Álvares Homem. Tem na frontaria um relógio de sol e a inscrição “1678”. Esse deverá ter sido o ano em que as obras ficaram concluídas, ou então alguma reconstrução levada a cabo nessa época. Dividido em três naves, esse templo tinha no seu interior a pedra de armas do fundador, hoje no museu de Angra do Heroísmo.
A actual igreja, consagrada à Nossa Senhora da Guadalupe, foi benzida em 21 de Maio de 1939 pelo bispo D. Guilherme Augusto da Cunha Guimarães. Merece destaque a figura do orago na capela-mor, ladeada pelas de S. João de Brito e de S. Tiago. Tem ainda esculturas representativas do Sagrado Coração de Jesus, de Santa Inês e de Santa Luzia. Uma via-sacra, embutida e em forma de cruz, foi exposta pela primeira vez em 1964.
Além de várias ermidas, uma palavra para o império do Espírito Santo, cuja festa remonta aos primórdios do povoamento da Terceira. O actual império, situado em frente da igreja matriz, foi construído em 1873. Substitui um outro que aqui existiu em data remota.
Com cerca de dois mil habitantes, a freguesia de Agualva foge um pouco à fisionomia predominante das povoações açorianas. Aqui, a perda demográfica não foi tão significativa como é habitual. O número de habitantes confirma-o. Po outro lado, a agricultura e a indústria são importantes na economia local, mas a pequena indústria regista um desenvolvimento superior à média do arquipélago.
Em “Viagens na Nossa Terra”, Álamo de Oliveira faz uma longa referência à freguesia: “Siga em direcção à Agualva. Perdeu-se a litoralidade, se bem que o mar não saia da linha do horizonte. É que chegou o momento de se dirigir ao interior da ilha, onde as paisagens do silêncio se desdobram com o seu desenho lunar, oriundo de vulcões extintos. Esses monstros subterrâneos – agora apaziguados e remetidos às profundezas da Terra – enformaram e alteraram o corpo da ilha, deixando-lhe impressos os caprichos da sua indomável vontade, contrariando, porventura, as formas que lhe eram primordiais. É uma espécie de contradição do acto genesíaco. Cada cratera é agora a cama do deslumbramento, estofada por uma vegetação que preenche uma paleta de verdes plurais. Do lençol de musgos, ressaltam tufos de fetos, de flores silvestres, hortênsias, silvados imponentes, rapas, cedros aromáticos, faias incenseiras – muitas delas endémicas e singulares. Para tentar penetrar nas entranhas da ilha, parta do centro da Agualva até ao Algar do Carvão, onde poderá admirar a impressionante gruta que desce a uma enorme profundidade e que foi respiradouro de um vulcão. E o mar está mesmo ali, importunando as rochas com o desatino dos seus humores.”