4 — Cuidados sanitários
Cochonilhas do Ananás — (Pseudococcus bromeliaes). Nomes vulgares — lapinha, piolho do ananás, escama do ananás. Quando o ataque é grande, os prejuízos são consideráveis. As folhas cobrem-se de cochonilhas e, no ponto de contacto com o insecto, morrem os tecidos, originando o definhamento geral da planta. Nos frutos, verifica-se um claro atrofiamento e, nos pontos de aplicação do insecto, ficam cheios de malhas por amadurecer, raquíticos e, consequentemente, sem valor comercial.
Barata americana — (Periplaneta americana). Nomes vulgares — Grande barata americana, barata vermelha. Causa avultados prejuízos, porque roi os olhos terminais das plantas, na altura da frutificação, originando ananases sem coroa, não exportáveis, além de que ficam com má apresentação e sem valor comercial.
Grilo dos Campos — (Acheta campestris).Nome vulgar-—Grilo dos campos. Na altura da maturação, perfuram muitos ananases, predispondo-os ao ataque dos parasitas, de feridas, que provocam a sua completa inutilização.
Fungo do ananás — (Thielaviopsis paradoxa). Nome vulgar — Fungo do ananás, podridão do ananás. Quando as estufas estão fortemente infectadas, acontece por vezes perder-se quase toda a exportação, porque a fruta chega apodrecida aos mercados de consumo.
Colheita
Passados 11 meses da plantação definitiva, começam os primeiros ananases a pintar, mais intensamente de baixo para cima. Os ananases que amadurecem mais cedo, são os que apareceram antes do fumo; isto acontece quando houve necessidade de comprar plantio, e este veio com diferenças de idade difíceis de distinguir. Desta altura em diante procede-se à colheita, atendendo ao grau de maturação que os diferentes mercados requerem.
Grau de maturação Os ananases de exportação, que apresentam boas dimensões, devem ser colhidos mais ou menos verdoengos, conforme as distâncias dos mercados que os consomem, por forma a dar-se uma certa margem de maturação, com o fim de evitar o apodrecimento dos ananases mais maduros, que podem contaminar os restantes do mesmo malote.
Os ananases não exportáveis, aqueles que não têm a medida exigida por lei, ou ainda os defeituosos, devem manter-se na estufa, até que se verifique o amadurecimento completo. Pretendemos deste modo, que haja a completa transformação da acidez em açúcar, tornando-os muito saborosos.
B — Corte O corte da fruta executa-se a 0,m08 do pé, com a faca de estufeiro, sempre muito afiada (o estufeiro, usa habitualmente uma pedra de afiar, na algibeira). Os ananases cortados são dispostos dum e outro lado do passeio de serviço, sobre uma cama de fibra previamente colocada para este fim em todo o comprimento da estufa.
C — Transporte O transporte para a casa da fruta, faz-se numas canastras especiais, de madeira, forradas de fibra, ou nos próprios malotes, com as tampas pregadas nos lados, a servirem de apoio para o transporte. O estufeiro e ajudantes, munidos de canastras e malotes de transporte, colocam toda a fruta nos tabuleiros de recepção almofadados, da casa da fruta.
D — Casa da fruta Deve obedecer aos seguintes requisitos:
1.° Ser fresca, para a boa conservação da fruta; 2.º Espaçosa, para que caiba a caixaria necessária a uma exportação; 3.º De pavimento acimentado e elevado em relação ao nível exterior, para facilitar o carregamento da fruta; 4.º Ter prateleiras almofadadas, para a recepção e calibragem; 5.º Um armário e secretária, para arrumação de material e anotações de diversas naturezas; 6.° Material de carpinteiro, para confeccionar a caixaria; 7.º Lugar reservado ao armazenamento dos fardos de fibra.
E — Conservação da fruta O problema da conservação da fruta, está satisfatoriamente resolvido, com a regularidade dos nossos navios fruteiros, alguns deles construídos especialmente para o transporte de frutas, nomeadamente o ananás. Estes navios, como é óbvio, reúnem todos os requisitos necessários à boa conservação da fruta, além de que tocam propositadamente os portos que a conduzem aos mercados de consumo.
Acondicionamento
O acondicionamento dos ananases de exportação é feito em caixas e meias caixas, contendo cada uma, maior ou menor número de frutos, segundo as dimensões dos mesmos. Os ananases são devidamente embalados em fibra, que os envolve completamente de maneira que estes fiquem defendidos dos choques provocados pelas cargas e descargas dos navios fruteiros.
A — Malotes e Quartos Os malotes, são caixas de madeira, com as seguintes dimensões: 1 metro de comprimento, por 0,m50 de largura e 0,m18 de altura. São divididos a meio por dois travessões, denominados tolelos, que servem para dar maior resistência à caixa.
Os Quartos, são as meias-caixas, mais altas que os malotes 0,m02, porque são destinados à fruta de maiores dimensões. Antes de se proceder ao encaixotamento da fruta, esta deve ser previamente medida e classificada nos tabuleiros de recepção da casa da fruta, de acordo com as dimensões fornecidas pela Junta Nacional das Frutas. Para isso, o estufeiro usa umas bitolas de madeira com as dimensões precisas.
A fruta costuma ser classificada, não pelas medidas, mas sim pelo número de ananases que cabem num malote, segundo as dimensões da bitola. Por exemplo: os “ananases de catorze” eram, e em nossa opinião deveriam continuar a ser, os exportáveis mais pequenos, querendo esta classificação dizer, que em cada malote, cabem 14 ananases de 0,m13 x 0,m11.
Os “ananases de dez” são os maiores que cabem num malote, ou seja uma embalagem de 10 ananases com a medida de 0,m16 x 0,m14. A fruta com dimensões superiores a 0,m16 x 0,m14, é geralmente embalada em quartos (a não ser que se construam os malotes com a altura dos quartos), chegando a haver fruta com tais dimensões, que não cabem mais que 3 ananases em cada quarto.
B — Fibra A desfibração de madeira é uma indústria complementar da ananaseira, que se está a desenvolver e a aperfeiçoar, graças à iniciativa particular de alguns cultivadores deligentes que, deste modo, contribuem para a boa apresentação das embalagens, no que respeita ao aspecto e extensivamente às boas condições de transporte.
A fibra, é constituída por fitas de madeira, estreitas e de fina espessura, fabricadas à máquina e comprimidas em fardos. Antes de aplicada, deve ser esmiuçada, para desfazer os efeitos da compressão do enfardamento e, só depois de devidamente fofa, se procede à embalagem dos frutos.
G — Rótulos As embalagens, são rotuladas num dos lados menores das caixas. No rótulo, figura a um lado o nome do produtor e a quantidade de ananases; o centro, destina-se a um desenho elucidativo da fruta; no outro lado, a casa exportadora e o mercado a que se destina.
D — Embalagens de luxo Muito frequentemente são produzidos frutos excepcionalmente grandes e belos. Estes ananases costumam ser aproveitados para embalagens de luxo, dos mais diferentes tipos, conforme os gostos e ainda se se destinam a venda ou a presentes.
E — Sub-produtos Para o aproveitamento de frutas sem medida, ou morfologicamente defeituosas, a sua transformação em conservas, doces, aguardentes e licores, reveste-se de relativa importância, além de que constitui uma defesa em tempos de crise. Ocorre-nos, para exemplo, a exploração ananaseira do sr. Dr. Augusto R. Arruda, por ser a mais completa e onde o aproveitamento dos sub-produtos não foi descuidado.
Além do notável bom gosto revelado pela disposição, ajardinamento e decoração da exploração, esta possui uma pequena serragem para a preparação de madeiras aplainadas, com as quais são construídas as caixarias e ainda uma pequena fábrica privativa, de conservas e licores, onde estão apresentados em sugestiva exposição, os sub-produtos fabricados.