Produtos Fitofarmacêuticos Homologados em Portugal para a Agricultura Biológica e Respectivas Utilizações
FONTE: Divisão de Produção Agrícola, Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Ministério da Agricultura e Mar. ISABEL BARROTE
Fazer Agricultura Biológica não é substituir a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos por outros, homologados para o modo de produção biológico. Produzir neste modo de produção é ter uma visão alargada do papel do homem no ecossistema e manter a preocupação constante da preservação do equilíbrio.
Porque todo o ser vivo tem um papel a desempenhar para a comunidade da qual faz parte, é necessário conhecer este princípio para quem se dedica à agricultura biológica: introduzir elementos externos no agrossistema, como o uso indiscriminado de agroquimicos, pode ser o factor que vai desestabilizar todo o conjunto, e manifestações como a doença, em animais e plantas, acabam por surgir.
Daí que o termo mais adequado é PROTECÇÃO fitossanitária, na medida em que, em agricultura biológica, o que se pretende é a protecção das plantas contra o ataque de agentes nocivos.
O primeiro passo para uma boa protecção fitossanitária é criar condições para um desenvolvimento vegetativo equilibrado da planta, para que esta seja mais resistente. Isto passa sobretudo por garantir que o solo, donde a planta extrai os elementos necessários ao seu crescimento, seja um solo fértil, rico em matéria orgânica e com teores de ph adequados. Uma nutrição equilibrada constitui assim um garante de plantas com boas resistências a ataques de doenças e pragas.
Em Agricultura Biológica não se deve esperar que a doença se instale para depois actuar, é necessário, pelo contrário, privilegiar as medidas preventivas. Daí a obrigatoriedade de um acompanhamento regular da cultura, de forma a fazer a estimativa do risco de ataque, em função de factores como as condições meteorológicas, estado vegetativo da planta, etc... Ao agricultor é exigido o conhecimento do ciclo da cultura e das respectivas fases de maior susceptibilidade, assim como da biologia de pragas.
Para além disto há que lançar mão de técnicas culturais que minimizam o ataque de agentes patogénicos, como o estabelecimento de diversidade cultural, com recurso a plantas com diferentes susceptibilidades, e a prática de rotações adequadas.
Para além das práticas culturais que visam a obtenção de plantas com boa resistência e que minimizem a susceptibilidade ao ataque, devem ser tomadas outras medidas profilácticas como sejam a eliminação de focos de doença ou praga, quer em culturas, quer em infestantes.
Outras práticas culturais preventivas da ocorrência de infestação, sobretudo em pomares, passam pelo arejamento das copas, com boa condução das árvores desde a sua formação, e podas anuais, em que se tenha presente a preocupação de permitir um bom arejamento e a entrada de luz. Por vezes também poderá ser importante proceder à desfolha junto dos frutos para permitir um bom arejamento.
Em caso de ataque, os frutos e/ou outros órgãos infectados, ou tombados no chão, devem ser removidos, e a cultura deve merecer, a partir de aí, um acompanhamento redobrado. A oportunidade do tratamento é estabelecida em função do comprometimento da produção, do estádio da cultura e do ciclo de vida do parasita, no caso das pragas.
A luta biológica deve ser feita sobretudo incentivando a conservação da fauna nativa, onde predadores e parasitoides, num sistema ecologicamente equilibrado, constituem a melhor forma de combate contra os inimigos das culturas. A luta biológica também pode ser induzida através de largadas inoculativas ou inundativas.
A utilização de bordaduras ervadas, sebes ou faixas de compensação ecológica constituem autênticos nichos favoráveis ao desenvolvimento dos auxiliares nativos, contribuindo assim para o equilíbrio do ecossistema, pelo que estas práticas são fundamentais neste modo de produção.
Os quadros que aqui apresentamos apresentam as principais utilizações dos produtos homologados em agricultura biológica, com autorização de venda em Portugal. Muitas dos produtos referidos, são utilizados no tratamento preventivo da doença, ao aparecimento de primeiros sintomas, ou quando há condições favoráveis ao seu desenvolvimento, não revestindo a respectiva utilização um carácter curativo. A consulta destas tabelas não dispensa contudo o apoio de um técnico reconhecido em modo de produção biológico.
Estes produtos podem ser utilizados em formulação simples, para os fins referidos, ou pode ser mais eficaz proceder-se a uma mistura, como por exemplo, no caso do tratamento curativo contra afídeos, em que é comum recorrer-se a uma mistura de sabão de potassa com enxofre.
Listagem de Produtos
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Outras substâncias permitidas em Agricultura Biológica
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Óleos e Preparados
Para além destes produtos disponíveis no comércio, é também vulgar, sobretudo em agricultura biodinâmica, a utilizações de óleos e preparados de plantas que se verificou terem propriedades terapêuticas ou de prevenção. A título de exemplo referimos aqui algumas utilizações desses preparados, para quantidades de 100 litros de água (que podem ser adaptadas a qualquer outra quantidade.
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* A Tanacetum vulgare, conhecida pelos nomes de catinga-de-mulata, tanaceto, atanásia, erva-de-São-Marcos, entre outros, é uma erva medicinal encontrada na Europa, América do Norte e América do Sul em abundância. Não consta da nossa lista de plantas dos Açores.
** Tagetes: Cravo de defuntos ou Cravo de Tunes; a variedade encontrada nos Açores é a Tagetes patulus, L (ver lista de plantas espontâneas e cultivadas). É popularmente conhecida em Portugal como cravo-de-burro, no Brasil como flor-dos-mortos e ainda como cravo-amarelo, cravo-de-defunto, cravo-africano, cravo-da-índia e rosa-da-índia.
Também os óleos essenciais de algumas plantas são utilizados em substituição ou complemento de alguns produtos comerciais. De uma imensa variedade de oferta salientamos os seguintes, já com provas dadas:
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MEIOS DE PROTECÇÃO
Perante a manifestação de problemas fitossanitários, ou identificadas condições favoráveis à sua ocorrência, há que actuar. A título de exemplo apresentamos a seguir as condições de utilização de alguns dos produtos anteriormente apresentados, numa situação específica de uma determinada doença.
À falta de meios curativos dever-se-à lançar mão dos meios preventivos, ao aparecimento das primeiras infecções, ou em caso de forte ataque no ano
anterior.
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CALDAS FEITAS EM CASA
Fonte: “Produtos alternativos para controlo de doença e pragas de modo biológico”, ANDRADE, L.N.T.; NUNES. M.U.C.
CALDA DE TABACO (Nicotiana tabacum L.)
Recomendada para controlo de pulgões, percevejos, vaquinhas (Diabrotica speciosa), cochonilhas e grilos em plantas frutíferas e hortícolas. A aplicação deve ser feita com antecedência mínima de 12 dias da colheita para não deixar resíduos de nicotina nos alimentos. Existem várias maneiras de preparar as caldas.
Calda 1: Deve ser preparada a partir do extrato concentrado de tabaco e solução de sabão. Utilizam-se 30 g de tabaco picado e 50 ml de álcool, deixando-se em infusão por 24 horas. Decorrido este período, deve-se adicionar a esse extrato 200 ml de álcool e 800 ml de água e deixar por dois a três dias em lugar escuro. Coar em tecido de algodão e guardar o líquido obtido numa garrafa escura. Para a preparação da solução de sabão, dissolvem-se 200 g de sabão em barra em dois litros de água quente e completa-se o volume para 10 litros com água fria.
Calda 2: Dissolver 50 g de sabão em dois litros de água quente e completar o volume para 15 litros com água fria. Nessa solução mistura-se 1.0 kg de folhas e talos de tabaco picado e deixa-se de repouso por 24 horas. Coa-se em tecido de algodão e pulveriza-se em seguida.
Calda 3: Misturar 100 g de tabaco picado com 500 ml de álcool e 500 ml de água fria. Deixar em infusão por 15 dias. Decorrido esse tempo. Prepara-se em outro recipiente, uma solução de sabão, dissolvendo 100 g de sabão em 3 litros de água quente e completando o volume com água fria para 10 litros. Misturam-se essas duas soluções até completa homogeneização. Pulverizar sobre as plantas, nesta concentração, quando o ataque de pragas for intenso. Quando a incidência da praga for baixa deve-se diluir essa calda em água, na proporçáo de 1:2 (1 litro da calda para 2 litros de água), e utilizá-la imediatamente.
CALDA DE PIMENTA PRETA, ALHO E SABÃO
Esta calda pode ser utilizada no controlo de pulgões, ácaros e cochonilhas em hortaliças (inclusive solonáceas), frutíferas, cereais, flores e ornamentais. É feita a partir de extratos de pimenta preta e alho e uma solução de sabão.
Para preparar o extrato de pimenta colocam-se num recipiente de vidro com tampa, 100 g de pimenta preta moída em 1 litro de álcool e deixa-se em repouso durante 7 dias. Para a preparação do extrato de alho, colocam-se em recipiente de vidro fechado 100 g de alho triturado em 1 litro de álcool e deixa-se a infusão em repouso durante sete dias.
Prepara-se a solução de sabão no dia em que for se aplicar a calda, dissolvendo-se 50 g de sabão em 1 litro de água quente. Para a preparação da calda a ser aplicada sobre as plantas, coam-se os extratos e utilizam-se 200 ml do extrato de pimenta preta, 100 ml do extrato de alho e 1 litro da solução de sabão, completando o volume com água para 20 litros.
Respeitar um período de carência de cinco dias entre a última pulverizaçáo e a colheita.
EXTRATO DE FOLHAS DE BUGANVILIA
A bougainvillea (Bougainvillea spp.), conhecida vulgarmente como buganvília, é uma planta ornamental de porte arbustivo que produz flores rosas, roxas, amarelas ou brancas e desenvolve-se bem nas nossas condições de clima.
O extrato das folhas pode ser usado na cultura de tomate para amenizar os danos causados pelo vírus-do-vira-cabeça.
Basta apanhar 200 g de folhas, triturá-las com água num liquidificador, coar e diluir o extrato em água para obter 20 litros de solução. Essa solução deve ser pulverizada no tomateiro a cada 7 dias a partir do estádio de mudas com 2 folhas definitivas até aos 60 dias após o transplante; essa providência pode reduzir em mais de 90% a incidência do vira-cabeça nas plantas.
EXTRATO DE FOLHAS DE CRAVO-DE-DEFUNTO
Conhecida como tagetes ((Tagetes erecta L.), cravo-amarelo, cravo-de-defunto e cravoafricano, é uma planta herbácea anual, erecta, ramificada, originaria do México, de folhas compostas e com cheiro forte característico, (havendo também linhagens inodoras). Além de ornamental é eficiente no controlo de pulgões, ácaros e nematóide-das-galhas.
É recomendado o plantio de tagetes em áreas infestadas por nematóides-das-galhas, aproveitando-se a sua peculiaridade de cultura antagónica porque, nas suas raízes, as larvas préparasitas penetram mas não conseguem desenvolver-se, perecendo prematuramente.
Releva-se daí a sua importância nas rotações de culturas por promoverem uma significativa diminuição da população de larvas no solo. O extrato dessa planta pode ser feito de várias maneiras:
1) Corta-se 1 kg de folhas e talos e deixa-se em infusão por duas horas em 10 litros de água ou leva-se ao fogo para cozimento durante 30 minutos. Após um desses procedimentos, coa-se a solução para pulverizá-la na parte aérea das plantas;
2) Macerar 200 g de folhas e talos verdes e colocar o macerado em um litro de álcool por 12 horas, coar e diluir com água o extrato obtido até completar o volume para 20 litros.
EXTRATO DE CAMOMILA (MACELA)
(Matricaria chamomilla L. ou Anthemis nobilis) Planta herbácea perene, ereta, muito ramificada, fortemente aromática, ornamental e de uso medicinal. Há diversas variedades de folhagem: amarelo-dourada, crespa e azulada-cerosa.
O seu extrato dá um excelente revigorante de plantas, sendo também eficiente no controle de doenças fúngicas. Para a preparação do extrato, utilizam-se 50 g de flores em infusão durante três dias n um recipiente contendo 1 litro de água, agitando-o quatro vezes ao dia.
Coar e fazer três aplicações foliares num intervalo de cinco dias, começando preferencialmente no estádio de mudas.
USO DE LEITE NO CONTROLO FITOSSANITÁRIO
O leite tem sido usado com eficácia no controlo de doenças fúngicas e de moluscos. Estão a ser realizadas investigações visando obter respostas científicas sobre esses efeitos.
Para o controle de oídio em pepino e abobrinha, tem sido utilizado leite bovino cru a 10% 110 litros de leite em 90 litros de água) aplicado em pulverização foliar em intervalos de 7 dias.
Como atractivo de alta eficácia para lesmas, distribuir no solo ao redor das plantas um pano de lona (uma saca de fardo, por exemplo) molhada com uma solução de 4 litros de água e 1 litro de leite.
As lesmas atraídas vão-se alojar debaixo do saco e na manhã do dia seguinte à aplicação devem ser apanhadas e destruídas.
CAL VIRGEM E HIDRATADA
O óxido de cálcio é conhecido comercialmente como cal. A cal virgem é resultante da queima e moagem de pedra calcária sem o uso de água.
A cal virgem em pó é muito empregada para desinfecção de covas de fruteiras e de solos contaminados por fungos, alem de outros usos. A cal hidratada é a cal virgem depois de passar pelo processo de hidratação, sendo muito empregada no preparo das caldas bordaleza, sulfocálcica e viçosa.
Para proceder à hidratação deve-se colocar 20 kg de cal virgem n um tonel plástico de boca larga com capacidade para 100 litros. Adicionar 80 litros de água fria e deixar em repouso por 24 horas, obtendo-se assim o leite de cal.
Para quantidades acima de 5 kg a hidratação deve ser feita sempre na véspera da aplicação; menores quantidades podem ser hidratadas no mesmo dia em que forem utilizadas, tendo-se o cuidado de certificar-se de que o leite de cal esteja frio.
CALDA BORDALEZA
Foi o primeiro fungicida utilizado para o controlo do mildio da videira. É largamente utilizada na agricultura para o controlo preventivo de doenças foliares e como fonte de cobre.
Deve-se usar a calda no máximo até ao terceiro dia após o seu preparo. Não aplicar a calda em altas concentrações, por provocar queima em tecido tenros, principalmente sobre plantas pequenas ou em fase de brotação.
Em hortaliças e fruteiras é recomendada para o controle de diversas doenças, como por exemplo:
requeima, pinta-preta e septoriose em tomateiro; alforra da batata; mancha-púrpura em alho e cebola; cercosporiose em beterraba; mildio e podridão de esclerotinia em alface e chicória; míldio e mancha-de-alternária em couve e repolho; míldio em abóbora e pepino; antracnose no morangueiro; ferrugem na figueira: verrugose e melanose nos critrinos; ferrugem na goiabeira; antracnose na mangueira.
Quando a humidade do ar for elevada, que é a condição favorável à disseminação das doenças, fazer pulverizações semanais; caso contrário, fazer pulverizações quinzenais ou mensais.
Preparação da calda:
1) Colocar 200 g de sulfato de cobre granulado num saco de tecido de algodão mergulhado em cinco litros de água fria ou morna. Pode-se também deixar o sulfato de cobre dissolvendo-se em água de um dia para o outro. Se for utilizado o sulfato de cobre em pó pode-se dissolvê-lo em água no momento do preparo da calda:
2) Dissolver 200 g de cal virgem ou hidratada num balde com dois litros de água e completar o volume para cinco litros;
3) Despejar a soluçáo de sulfato de cobre sobre a solução de cal, nunca o contrário, e mexer bem para que a cal não se decante. Coar a solução e completar o volume para 20 litros.
Para ser utilizada a calda deve apresentar um pH próximo de 7, o que pode ser verificado de duas maneiras:
a) Usando o papel tornassol como indicador do pH das soluções: torna-se azul em meio alcalino e vermelho em meio ácido;
b) Colocando-se uma gota da calda n um canivete ou faca de ferro e aguardar 3 minutos.
Se se formar uma mancha avermelhada no metal, semelhante a ferrugem, é sinal que a calda está ácida, e, neste caso, deve-se adicionar mais leite de cal até que a mistura fique neutra (pH-7.0) e não apareça a mancha quando se fizer novo teste. Este cuidado evitará que as plantas fiquem com as folhas queimadas aquando da aplicação da calda.
PASTA BORDALEZA
É uma pasta feita a base de sulfato de cobre, empregada para desinfectar os cortes provenientes da poda e eliminação de material doente, como as lesões de origem parasitária. Deve ser utilizada por meio de pincelamento dos locais podados.
É indicada para gomose (Phytophfhora) e rubelose (Corticiurn salrnornicolorl em citrus. Essa medida evitará a entrada e proliferação de patógenos nas plantas.
Para a obtenção da pasta B necessário dissolver 1 kg de sulfato de cobre em 6 litros de água numa vasilha de madeira ou plástico. Noutra vasilha, a cal é hidratada com seis litros de água. Derrama-se a solução de sulfato de cobre sobre o leite de cal, mexendo sempre até formar uma pasta.
CALDA SULFOCÁLCICA
A calda sulfocálcica tem uma acção inseticida, acaricida e fungicida. O ideal é utilizá-la em distintas concentrações, para cada caso especifico, pois quanto mais concentrada for mais eficiente é, embora mais perigosa porque aumenta os riscos de queima das folhas e frutos tenros.
Em épocas muito quentes, deve ser usada em concentrações mais baixas porque o seu efeito é aumentado sob temperaturas mais altas.
A aplicação deverá ser realizada a alto volume e alta pressão para uma boa distribuição em toda a planta. É indicada para o controlo de algumas pragas e doenças em hortaliças e plantas ornamentais:
1) Ferrugem e ácaros nas culturas de alho, cebola, feijão e beringela, pimentão, roseira e crisântemo. Utilizar uma solução de calda a 26 grais Baumé, na proporção de 1 litro de calda para cada 20 litros de água;
2) Tripes nas culturas de alho, cebola e feijão. Aplicar a calda a 26 graus Baumé, na dosagem de 1 litro da calda para 25 litros de água;
3) Em fruteiras de folha caduca (maçã, pêssego, pêra, uva, ameixa, nectarina, etc.): No tratamento de inverno: utilizar a calda sulfocálcica a 26 gaus Baumé para o controlo de cochonilhas e fungos, na proporcão de 10 litros de calda para 60 litros de água.
No tratamento de primavera-verão: Utilizar a calda a 26 graus Baumé para o controlo de larvas de cochonilhas, ácaros e tripes, na proporção de 1 .O litro de calda para 33 litros de água; 4) Goiabeira: utilizar a calda sulfocálcica para o controle preventivo da ferrugem, a uma concentração de 0,3 graus Baumé;
5) Citrinos: controlo do ácaro-da-leprose, numa proporcão de um litro de calda a 26 graus Baumé para cada 30 litros de água.
As diluiçóes da calda sulfocálcica são feitas acrescentando-se água em diferentes quantidades para se obter a concentração desejada (ver tabela)
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Exemplo: Cada litro de calda a 27 graus Baumé deve ser diluído em 110 litros de água para obter a densidade 0,3°Baumé. A calda já diluída não deve ser armazenada, devido a alteração na sua concentração.
Na preparação da calda sulfocálcica deve-se utilizar uma vasilha de ferro ou lata sobre fornalha. Diluir nesta vasilha 25 kg de enxofre em um pouco de água quente até formar-se uma pasta; levar ao lume completando o volume para 80 litros de água. Quando iniciar a fervura, adicionar lentamente 12.5 kg de cal virgem na solução e mexer sempre, deixando ferver por 50 a 60 minutos.
Adicionar água à medida que a mistura evapora durante a fervura e manter o nível final da solução em 100 litros. Quando atingir a coloração pardo-avermelhada a calda estará pronta. Retirar a vasilha do fogo, deixar esfriar, coar em tecido de algodão.
Medir a concentração com aerómetro de Baumé. Uma calda ideal possui densidade de 32 graus Baumé, porém é considerada boa uma calda com 28º a 32º Baumé. Acondicioná-la num bidão de ferro galvanizado ou plástico, hermeticamente fechado, uma vez que a entrada de ar reduzirá o seu poder inseticida e fungicida.
Algumas recomendações importantes sobre a calda sulfocálcica: A calda concentrada deve ser armazenada por um período máximo de 60 dias, em recipientes de plástico ou de vidro.
Não deve ser usada nas culturas de abóbora, melão, pepino e melancia e sobre a florada de qualquer cultura. Essa calda é altamente alcalina e corrosiva, danifica recipientes de metal, roupas e pele.
Após a aplicação, todo o equipamento. inclusive as mangueiras, devem ser lavadas com uma solução 1:10 de ácido acético (vinagre). Para aplicação em cultivo protegido, (estufas) deve-se utilizar 50% da dosagem recomendada para cultivos a céu aberto.
CALDA VIÇOSA
Tem ação fungicida e nutricional, além de prevenir a ocorrência de podridão-apical em frutos de tomateiro.
Deve ser preparada utilizando-se dois bidons de plástico de boca larga, sendo um com capacidade de 120 litros e outro de 50 litros.
No tambor menor dissolvem-se, em 40 litros de água, 200 g de ácido bórico. 1 kg de sulfato de cobre, 200 g de sulfato de zinco e 600 g de sulfato de magnésio, agitando-se a solução com uma pá de madeira até completa dissolução desses sais.
No tambor maior dissolvem-se 520 g de cal hidratada em 60 litros de água, mexendo-se sempre com uma pá de madeira. Após obter essas duas soluções separadas, verter a solução de sais sobre a solução de cal, agitando continuamente até completa homogeneizacáo. Essa calda está pronta para ser aplicada nas plantas.
Não se deve misturar outros produtos à calda e não se deve aplicá-la em hortaliças da família das cucurbitáceas (abóbora, melão, pepino, etc). Enquanto não ocorrerem doenças, a quantidade de sulfato de cobre a ser usada poderá ser a metade da recomendada.
Fazer a aplicação no mesmo dia em que a Calda Viçosa for preparada.
CALDA DE CINZA E CAL
É recomendada para o controlo de pulgões em diversas culturas, sendo que para plantas de folhas cerosas, como cebola e alho, deve-se acrescentar um litro de calda de sabão para cada 20 litros da calda.
Preparação: Em dois litros de leite dissolver 200 g de calcário dolomítico ou calcítico e 300 g de cinza vegetal. Deixar descansar por 24 horas. Passar n uma peneira ou tela fina e diluir em 20 litros de água.
CONTROLO NATURAL DE PRAGAS
A maior parte das pragas atacam geralmente na primavera, período de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas causam vários estragos nas plantas, além de favorecer o surgimento de doenças, principalmente fúngicas.
As pragas geralmente tornam-se um problema mais sério quando há um desequilíbrio ecológico no sistema onde a planta está inserida.
Outras situações que podem favorecer o seu surgimento são desequilíbrios térmicos, excesso ou escassez de água e insolação inadequada.
Principais pragas e algumas dicas naturais de controlo nas páginas seguintes...
Pulgões
Os pulgões podem ser pretos, castanhos, cinzentos e até verdes. Alojam-se nas folhas mais tenras, brotos e caules, sugando a seiva e deixando as folhas amareladas e enrugadas.
Em grande quantidade podem debilitar demasiadamente a planta e até transmitir doenças perigosas. Podem aparecer em qualquer época do ano, mas os períodos mais propícios são a primavera, o verão e o início do outono. Precisam ser controlados logo que notados, pois multiplicam-se com rapidez.
Dica: as joaninhas são predadoras naturais dos pulgões. Um chumaço de algodão embebido em uma mistura de água e álcool em partes iguais ajuda a retirar os pulgões das folhas e isso pode ser feito semanalmente; aplicações de calda de fumo ou macerado de urtiga também são indicados.
Cochonilhas
As cochonilhas são insetos minúsculos, geralmente castanhos ou amarelos, que se alojam principalmente na parte inferior das folhas e em fendas. Além de sugar a seiva da planta, as cochonilhas libertam uma substância pegajosa que facilita o ataque de fungos, em especial, o fungo fuliginoso.
Nota-se a sua presença quando as folhas apresentam uma crosta com consistência de cera. Algumas cochonilhas apresentam uma espécie de carapaça dura, que impede a ação de inseticidas em spray.
Produtos à base de óleo costumam dar melhores resultados, pois formam uma capa sobre a carapaça, impedindo a respiração do inseto. A calda de tabaco costuma dar bons resultados também.
Dica: as joaninhas também são suas predadoras naturais, além de certos tipos de vespas; calda de tabaco e a emulsão de óleo são os métodos naturais mais eficientes para combatê-las; deve-se evitar o controlo químico mas, quando necessário em casos extremos, normalmente são usados óleo mineral e inseticida organofosforado.
Moscas Brancas
São insetos pequenos e, como diz o nome, de coloração branca. Não é difícil notar a sua presença pois atacam em grandes quantidades. Costumam localizar-se na parte inferior das folhas, onde libertam um líquido pegajoso que deixa a folhagem viscosa e favorece o ataque de fungos. Alimentam-se da seiva da planta.
As larvas deste inseto, praticamente imperceptíveis, alojam-se na parte inferior das folhas e, em pouco tempo, causam grande infestação.
Dica: Quando o ataque é pequeno, o uso de plantas repelentes como tagetes ou cravo-de-defunto (Tagetes sp), hortelã (Mentha sp), calêndula (Calendula officinalis), arruda (Ruta graveolens) costumam dar bons resultados.
A aplicação de um chá concentrado de Poejo (Mentha pulegium) parece ter o efeito de matar os ovos. Para os inectos adultos, pode usar-se um aspirador para os capturar, de preferência de manhã cedo. O saco com os insectos deverá ser colocado num congelador para os matar.
Lesmas e caracóis
Normalmente atacam à noite, furando e devorando folhas, caules e botões florais, mas também podem atingir as raízes subterrâneas.
Dica: besouros e passarinhos são seus predadores naturais. Uma boa forma de eliminá-los é usar armadilhas, e há vários métodos.
A cerveja parece atraí-los bastante. Uma possibilidade é enterrar uma lata, com a abertura ao nível do solo, com cerveja e sal no fundo: as lesmas e os caracóis caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratados pelo sal.
Se houver pedaços de tábuas no chão, eles gostam de se esconder por debaixo, o que os torna presa fácil. Não esquecer que os caracóis são um excelente alimento humano ou então para as galinhas.
Lagartas
Costumam atacar as plantas de jardim mas, em alguns casos, também podem danificar as plantas de interior.
Fáceis de serem reconhecidas, as lagartas costumam enrolar-se nas folhas jovens e literalmente comem brotos, hastes e folhas novas, formando uma espécie de teia para proteger-se. Todas as plantas que apresentam folhas macias estão sujeitas ao seu ataque.
Algumas espécies podem queimar a pele de quem as tocar. Caso não apresente um ataque maciço, o controlo das lagartas deve ser manual, ou seja, devem ser retiradas e destruídas uma a uma, lembrando que é importante usar uma proteção para a que a lagarta não toque na pele.
A Calda de Angico ajuda a afastar as lagartas não prejudicando a planta, além do uso de plantas repelentes, como a arruda, mantendo-as afastadas.
Dicas: aves e pequenas vespas são suas inimigas naturais. É preciso lembrar que sem as lagartas, não há borboletas. Ao eliminá-las completamente, está-se privando da beleza e da graça desses belos seres. Mais uma vez, o equilíbrio é a chave.
Ácaros
O tipo de ácaro mais comum é conhecido como ácaro-vermelho, tem a aparência de uma aranha de cor avermelhada. Ataca flores, folhas e brotos, deixando marcas semelhantes à ferrugem.
O ataque de ácaros diminui o ritmo de crescimento, favorece a má formação de brotos e, em caso de grande infestação, pode matar a planta. Ambientes quentes e secos favorecem o desenvolvimento dessa praga. Apesar de quase invisíveis a olho nu, sua presença é denunciada pelo aparecimento de uma teia fina.
Costuma atacar mais as plantas envasadas do que as que estão em canteiros.
Dicas: uma boa dica é borrifar a planta com água, regularmente, já que este inseto não gosta de hmidade. Casos mais severos exigem que as partes bem atacadas sejam retiradas; a calda de tabaco ajuda a controlar o ataque.
Percevejos
São conhecidos por exalarem um odor desagradável quando se sentem ameaçados. O seu ataque costuma provocar a queda de flores, folhas e frutos, prejudicando novas brotações.
Dica: vespas são suas predadoras naturais. Devem ser removidos manualmente, um a um; se o controlo manual não surtir efeito, a Calda de Fumo pode funcionar como um repelente natural.
Nematóides
São parentes das lombrigas e atacam pelo solo. As plantas afetadas apresentam raízes grossas e cheias de fendas. Num ataque intenso, provocam a morte do sistema radicular e, consequentemente, da planta.
Algumas plantas dão sinais na parte aérea, mostrando sintomas do ataque de nematóides: as dálias, por exemplo, podem apresentar áreas mortas, de coloração marrom, nas folhas mais velhas.
Dica: o melhor repelente natural é o plantio de tagetes (o popular cravo-de-defunto) na área infestada. Se o controlo ficar difícil, é indicado eliminar a planta infestada do jardim, para evitar a proliferação.
Formigas
As formigas cortadeiras (Atta spp e Acromyrmex spp) são as que causam mais estragos. Elas cortam as folhas para levá-las para o formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros alimentos das formigas.
Dica: um bom método natural para espantar as formigas é espalhar sementes de sésamo em torno dos canteiros. Além disso, o sésamo colocado sobre o formigueiro, intoxica o fungo e ajuda a eliminar o ninho das formigas.
Um método muito usado pelo povo passa pela colocação de madeiras e papéis numa cova perto do local da infestação, com um pouco de açúcar à mistura. As formigas são atraídas e quando lá se encontram em grande quantidade, larga-se fogo.
Algumas receitas com produtos naturais para controlo biológico de pragas
Alho
Indicação: o extrato do alho pode ser utilizado na agricultura como defensivo agrícola, tendo ampla ação contra pragas e doenças. Segundo vários investigadores, quando adequadamente preparado tem ação fungicida, combatendo doenças como míldio e ferrugens; tem ação bactericida e controla insetos nocivos como a lagarta da maçã, pulgão, etc.
Sua principal ação é de repelência sobre as pragas, sendo inclusive recomendado o plantio intercalado de certas fruteiras como a macieira, para repelir pragas.
Características e preparação: no Brasil o uso do alho está restrito ainda a pequenas áreas, como na agricultura orgânica, enquanto que em outros países como nos Estados Unidos, pela possibilidade de empregar o óleo de alho, obtido através de extração industrial, já é possivel empregá-lo em larga escala em cultivos comerciais. Uma fórmula para o preparo compreende a mistura de 1,0 kg de alho + 5,0 litros de água + 100 gramas de sabão + 20 colheres (de café) de óleo mineral.
Os dentes de alho devem ser finamente moídos e deixados repousar por 24 horas, em 20 colheres de óleo mineral. Em outro vasilhame, dissolve-se 100 gramas de sabão (picado) em 5 litros de água, de preferência quente.
Após a dissolução do sabão, mistura-se a solução de alho. Antes de usar, é aconselhavel filtrar e diluir a mistura com 20 partes de água.
As concentrações são variáveis de acordo com o tipo de pragas que se quer combater (Stoll, 1989). Quando pulverizado sobre as plantas depois de 36 horas não deixa cheiro nos produtos agrícolas.
Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou E. giganteum)
Indicação: é muito indicada e empregada na horticultura orgânica para aumentar a resistência das plantas contra insetos nocivos em geral.
Preparo e aplicação: ingredientes: 100 gramas de cavalinha seca ou 300 gramas de planta verde; 10 litros de água para maceração e 90 litros de água para diluição. Preparo: ferver as folhas de cavalinha em 10 litros de água por 20 minutos.
Diluir a calda resultante em 90 litros de água. Aplicação: regar ou pulverizar as plantas, alternando com a urtiga. Fonte: Geraldo Deffune, 1992.
Consolda
Indicação: combate a pulgões em hortaliças e frutíferas e como adubo foliar.
Preparo e aplicação: ingredientes: 1,0 kg de confrei e água para diluição.
Utilizar o liquidificador para triturar 1 quilo de folhas de Consolda com água ou então deixar em infusão por 10 dias. Acrescentar 10 litros de água. Aplicação: pulverizar periodicamente as plantas.
Cravos de Defunto (Tagetes sp)
Indicação: combate a pulgões, ácaros e algumas lagartas.
Preparo e aplicação: ingredientes: 1 kg de folhas e/ou talo de cravo-de-defunto e 10 litros de água.
Preparo: misturar 1 quilo de folhas e/ou talos de cravo-de-defunto em 10 litros de água. Levar ao fogo e deixar ferver durante meia hora ou então deixar de molho (picado) por dois dias.
Aplicação: Coar o caldo obtido e pulverizar as plantas atacadas.
Tabaco
Indicação: a nicotina contida no tabaco é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões, tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras, mas também pode prejudicar insetos benéficos ao solo como as minhocas.
O tabaco em pó sobre os vegetais é um defensivo contra pragas de corpo mole, como lesmas e outras, sendo menos tóxico se empregado nesta forma. Na agricultura biológica a sua utilização deve ser precedida de autorização do orgão certificador.
Características: a calda pronta pode ser acrescida de sabão e cal hidratada, melhorando a sua atividade e persistência na folha. Quando a nicotina é exposta ao sol, diminui sua ação em poucos dias.
A colheita do vegetal tratado deve ser feita, somente 3 dias após a aplicação do fumo. Não deve ser empregado o fumo em plantas da família da batata ou tomate (Solanaceae). O tratamento com concentrações acima do recomendado, pode causar danos para muitas plantas. A nicotina bem diluída apresenta baixo risco para o homem e animais de sangue quente e 24 horas depois de pulverizada, torna-se inativa.
No entanto, em elevada concentração é tóxica para o ser humano e pode afetar os inimigos naturais. O seu preparo e aplicação requerem cuidados. No caso de hortaliças e plantas medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 3 dias antes do consumo. Devido ao seu alto poder inseticida, o seu emprego na agricultura orgânica é bastante restrito.
Receita 1 - para controlo de pulgões, cochonilhas, grilos, vagalumes.
Ingredientes: 15 a 20 cm de tabaco enrolado e água. Preparo:
Deixe o tabaco de molho durante 24 horas, com água suficiente para cobrir o recipiente. Aplicação: Para cada litro de água, use 5 colheres (de sopa) dessa mistura, usando no mesmo dia.
Receita 2 - controlo de lagartas e pulgões em plantas frutíferas e hortaliças.
Ingredientes: 100g de tabaco, 1 litro de álcool e 100g de sabão.
Preparo: misture o tabaco cortado em pedacinhos com 1 litro de álcool. Junte o sabão e deixe curtir por 2 dias. Aplicação: para pulverizar plantas utilize 1 copo do produto em 15 litros de água.
Pimenta Malagueta
Indicação: a pimenta (vermelha ou malagueta) pode ser empregue como um defensivo natural em pequenas hortas e pomares.
Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais, no combate a pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas. Obedecer um período de carência mínima de 12 dias da colheita, para evitar obter frutos com fortes odores.
Receita 1 - ingredientes: 50 g de tabaco, picado + 1 punhado de pimenta vermelha + 1 litro de álcool + 250 g de sabão em pó. Preparo: dentro de 1 litro de álcool, coloque o fumo e a pimenta, deixando essa mistura curtir durante 7 dias.
Para usar essa solução, dilua o conteúdo em 10 litros de água contendo 250 gramas de sabão em pó dissolvido ou então, detergente, de modo que o inseto grude nas folhas e nos frutos. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.
Receita 2 - ingredientes: 500 g de pimenta vermelha (malagueta) + 4 litros de água + 5 colheres (sopa) de sabão de coco em pó. Preparo: bater as pimentas em um liqüidificador com 2 litros de água até a maceração total.
Coar o preparado e misturar com 5 colheres (sopa) de sabão de coco em pó, acrescentando então os 2 litros de água restantes. Aplicação: pulverizar sobre as plantas atacadas.
Buganvília (Bougainvillea spectabilis)
Indicação: método eficiente para imunizar plantinhas de tomate contra o vírus do vira cabeça do tomateiro.
Preparo de aplicação: utilizar a quantidade de 1 litro de folhas maduras e lavadas de buganvília (rosa ou roxa) e 1 litro de água.
Juntar estes ingredientes e bater no liquidificador. Coe com um pano fino de gaze e dilua em 20 litros de água.
Pulverize imediatamente (em horas frescas). Não pode ser armazenado. Aplicar em plantio de tomateiros 10 dias após a germinação (2 pares de folhas) e repetir a cada 2 a 3 dias até a idade de 45 dias.
Urtiga
Indicação: planta empregada na agricultura biológica, principalmente na horticultura para aumentar a resistência e no combate a pulgões.
Preparo e aplicação: Ingredientes: 500 g de urtiga fresca ou 100g de urtiga seca e 10 litros de água.
Preparo: Colocar 500 gramas de urtiga fresca ou 100 gramas de urtiga seca em 10 litros de água por dois dias ou então deixar curtir por quinze dias. Aplicação: a primeira forma de preparo para aplicação imediata sobre as plantas atacadas.
A segunda, deve ser diluída, sendo uma parte da solução concentrada para 10 partes de água.
Plantas Benéficas
Há na vegetação natural plantas que servem de abrigo e reprodução dos insetos que se alimentam das pragas.
O manejo correto destas ervas e a adubação verde permitirá o incremento da fauna benéfica e o controlo biológico natural. De entre essas plantas estão a Ageratum conyzoides (mentrasto), Raphanus raphanistrum (nabo forrageiro), Euphorbia brasilensis (erva-de-santa-luzia), Sorghum bicolor (sorgo granífero) e em segundo lugar a Portulaca oleracea (beldoega), Amaranthus deflexus (caruru rasteiro, caruru).
No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos e ácaros benéficos, como o percevejo Orius insidiosus, predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola.
Outras plantas fornecem o polén como alimento para os ácaros predadores e néctar para as vespas parasitas de pragas.
Para vários pesquisadores, pode ser constituído na propriedade um programa de manejo ecológico com mentrasto e outras plantas que vegetam bem no verão e início do outono, complementadas com o plantio no inverno de nabo forrageiro ou sorgo.
Plantas Companheiras
A instalação de linhas de plantas companheiras pode ser benéfico em pequenas áreas para a repelência de pragas nocivas. Entre outras, são conhecidos os efeitos repelentes das seguintes plantas, bastante comuns:
Alecrim repele borboleta da couve e moscas da cenoura.
Hortelã repele formigas, ratos e borboleta da couve. Mastruço repele afídeos e outros insetos. Tomilho repele borboleta da couve.
Sálvia repele mariposa do repolho. Urtiga repele percevejo do tomate.
O plantio da Trefosia candida, por conter o princípio ativo da rotenona, vem sendo recomendado para a formação de barreira vegetal contra pragas, servindo também como quebra-ventos.
Outras plantas como a erva-cidreira e o girassol são também indicadas para repelir pragas dos cultivos. O gergelim é outra planta útil, que é cortado e levado pelas saúvas, intoxicando o fungo do qual se alimentam.
Produtos Orgânicos
Cinzas: a cinza de madeira é um material rico em potássio, muito recomendado na literatura mundial para controlo de pragas e até algumas doenças. Pode ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.
Receita 1 - Para o combate a lagartas e vaquinhas dos melões. Preparo e aplicação: Testar nas condições locais a seguinte fórmula: 0,5 copo de cinza de madeira, 0,5 copo de cal virgem e 4 litros de água.
A cinza deve ser colocada antes em água, deixando repousar pelo menos 24 horas, coada, misturada com a cal virgem hidratada e pulverizada. Para o preparo de maiores quantidades de calda, pode ser preparado: 1 kg. de cinza de madeira + 1 kg de cal e 100 litros de água. A adição de soro de leite (1 a 2%) na mistura de cinza com água pode favorecer o seu efeito no combate contra pragas e moléstias.
Receita 2 - Para combater insetos sugadores e larva minadora.
Preparo e aplicação: testar nas condições locais a receita: 0,5 kg de cinzas de madeira, deixando descansar 24 horas em 4 litros de água. Coar e acrescentar seis colherinhas (café) de querosene. Misturar e aplicar preventivamente.
Farinha de Trigo
Indicação: a farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controlo de ácaros, pulgões e lagartas em horta domésticas e comunitárias. Preparo e Aplicação: o seu emprego é favorável em dias quentes e secos, com sol.
Aplicar de manhã em cobertura total nas folhas. Mais tarde, nas folhas secando com o sol, forma uma película que envolve as pragas que caem com o vento. Pode ser pulverizada em vegetais sujeitos ao ataque de lagartas.
Preparo: diluir 1 colher de sopa (20 g) em 1,0 litro de água e pulverize nas folhas atacadas. Repetir depois de 2 semanas.
Leite
Indicação: o leite na sua forma natural ou como soro de leite é indicado para controlo de ácaros e ovos de diversas lagartas, atrativo para lesmas e no combate de várias doenças fúngicas e viróticas.
O seu emprego é recomendado para hortas domésticas e comunitárias. Preparo e recomendações: um dos métodos recomendados, é diluir 1 litro de leite em 3 a 10 litros de água e pulverizar as plantas.
Repetir depois de 10 dias para doenças e 3 semanas quando aplicado contra insetos. A mistura de leite azedo com água e cinza de madeira, é citado como efetivo no controlo de míldio. Há indicações do uso do leite como atrativo para lesmas.
Distribuir no chão, ao redor das plantas, estopa ou saco de amiagem molhado com água e um pouco de leite. De manhã, virar a estopa ou o saco utilizado e matar as lesmas que se reuniram debaixo. Pode ser utilizado como fungicida no pimentão, pepino, tomate, batata.
Sem contra-indicação para hortaliças. Preparar mistura com: 2,5 litros de leite, 1,5 kg de cinza de madeira, 1,5 kg de esterco fresco de bovino e 1,5 kg de açúcar. Aplicar no tomate a cada 10 dias, aplicar no café a cada 15 a 30 dias.
Sabão e suas Misturas
Indicação: o sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado em outros defensivos naturais pode aumentar a sua efetividade. O sabão sozinho tem bom efeito sobre muitos insetos de corpo mole como: pulgão, lagartas e mosca branca.
A emulsão de sabão e querosene é um inseticida de contato, que foi muito empregado no passado, contra insetos sugadores, sendo indicada para combate aos pulgões, ácaros e cochonilhas. Características de emprego: o preparo mais comum consiste em dissolver, mexendo bem, 50 gramas de sabão (picado) para 2 até 5 litros de água quente.
A solução feita com sabão tem boa adesividade na planta e no inseto praga. Pulverizar sobre as folhagens e pragas. Nas plantas delicadas e árvores novas, no verão ou períodos quentes, utiliza-se a solução de sabão e querosene bem diluída, ou seja, uma parte para 50 a 60 partes de água.
Depois de preparada a emulsão deve ser aplicada dentro de um ou dois dias, para evitar a separação do querosene, o que acarretaria queimaduras nas folhagens.
No inverno, em plantas de folha caduca, utiliza-se dosagens mais concentradas, assim como a pincelagem do tronco contra cochonilhas.
Receita 1 - para o controlo de cochonilhas e lagartas. Ingredientes: 50 g de sabão de coco em pó + 5 litros de água. Preparo: Coloque 50 g de sabão de coco em pó em 5 litros de água fervente. Aplicação: essa solução deve ser pulverizada frequentemente no verão e na primavera.
Receita 2 - para o combate de pulgões, cochonilhas e lagartas. Ingredientes: 1 colher (sopa) de sabão caseiro + 5 litros de água. Preparo: utilize uma colher (sopa) de sabão caseiro raspado e misture em 5 litros de água agitando bem até dissolver o mesmo.
Aplicação: essa calda deve ser aplicada sobre as plantas com o auxílio de pulverizador ou regador.
Receita 3 - para o combate a pulgões, ácaros, brocas, moscas da fruta e formigas. Ingredientes: 1 kg de sabão picado + 3 litros de querosene + 3 litros de água. Preparo: derreta o sabão picado numa panela com água. Quando estiver completamente derretido, desligue o fogo e acrescente o querosene mexendo bem a mistura.
Aplicação: em seguida, para a sua utilização, dissolva 1 litro dessa emulsão em 15 litros de água, repetindo a aplicação com intervalos de 7 dias. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita.
Receita 4 - como inseticida de contato para sugadores: ácaros, pulgões e cochonilhas. Ingredientes: 500 g de sabão + 8 litros de querosene + 4 litros de água.
Preparo a quente: ferver e dissolver o sabão picado em 4 litros de água. Retirar do fogo e dissolver vigorosamente 8 litros de querosene, com a mistura ainda quente. Mexer vigorosamente a mistura quente, até formar uma emulsão perfeita. Aplicação: diluir para cada parte do produto 10 a 60 partes de água.
FONTE: ANDRADE, L.N.T.; NUNES. M.U.C. Produtos alternativos para controle de doenças e pragas em agricultura organica. Aracaju: Embrapa-Tabuleiros Costeiros, 2001. 20p. (Ernbrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 281.