Branca Afonso de Drumondo, filha de D. João de Drumondo, senhor de Escubal, em Escórcia, era mãe de Gonçalaires Ferreira, o Velho, da Casta Grande, da ilha da Madeira, e irmã de Gonçalo Aires Ferreira, que foi companheiro de João Gonçalves Zargo, seu parente, primeiro Capitão da ilha da Madeira, no descobrimento d’ela; e este Gonçalo Aires Ferreira era tio de Gonçalaires Ferreira, da Casta Grande, da dita ilha; o qual Gonçalaires Ferreira, filho de Branca Afonso, é sobrinho de Gonçalaires Ferreira de Drumondo que descobriu com o primeiro Capitão a ilha da Madeira, foi o que em nome da ilha da Madeira foi assentar o partido dos quintos da dita ilha com el-Rei D. Manuel, que está em glória. E este mesmo Gonçalo Aires, filho de Branca Afonso de Drumondo, foi pai de Diogo Rodrigues, o Cavaleiro, também morador na ilha da Madeira e teve mais três filhas, duas legítimas e uma bastarda; das legítimas, uma d’elas se chamava Joana de Frias Escórcia e a outra, Helena Ferreira; e a bastarda, Ana Ferreira, a qual filha bastarda foi casada com o licenciado Lopo Dias, na ilha da Madeira; e do dito Diogo Roiz, cavaleiro, filho do dito Gonçalaires, nasceu d’entre ele e Catarina Alvres, sua mulher, o bacharel Gonçalaires, que ora reside na vila da Ribeira Grande, desta ilha de São Miguel, por mestre de gramática, com provisão d’el-Rei. O qual Gonçalo Aires Ferreira, filho da dita Branca Afonso, sendo possuidor de muita fazenda, rico e abastado na ilha da Madeira, onde se chama a ribeira de Gonçalo Aires, antre Santiago e Nossa Senhora das Neves, da banda de levante, indo pela cumieira da serra até Nossa Senhora do Monte, onde se chama Corujeira, para o norte, parece por se criarem ali muitas corujas, correndo para onde se chama a ponta do Pargo, n’esta fama e estado faleceu, de idade de cinquenta anos, pouco mais ou menos; e antes de seu falecimento , estando o dito Gonçalo Aires na Corujeira, detrás de Nossa Senhora do Monte, no Verão, dormindo à sombra de uma árvore, que se chama cornozaleiro que dá fruta à maneira de ferrobo, e a árvore é semelhante à ameixieira, dizem que ouviu uma voz, sem ver pessoa nenhuma, que lhe dissera: — Gonçalo Aires, alevanta-te e vai para casa e faze testamento. O que ele fez e d’ali a trinta dias falecera; e estando doente, por o povo da ilha da Madeira conhecer dele ser tal, tão nobre e virtuoso como ele era, determinaram pedir a Deus com procissões, sendo seu serviço, lhe desse vida para remédio e sustentação da dita ilha, como ele até ali tinha feito; mas Deus, como sabedor de todas as coisas, o levou para si, para lhe dar mais prestes os prémios de seus merecimentos.
Este Gonçalo Aires teve três irmãos que na dita ilha habitaram com ele, todos homens de muito nome e estimados na conta de suas pessoas. Um deles havia nome Manuel Afonso Ferreira de Drumondo, outro Belchior Gonçalves Escórcia e outro Baltasar Gonçalves Escórcia Ferreira, dos quais foi povoada a ilha da Madeira e se intitularam em nome da Casta Grande, por descenderem de tão nobre casta e alta progénia, como foi de Ana Bela, Rainha de Escórcia, como o vi por brasão passado pelos Reis de Portugal e aprovado, descenderem da dita casa de Drumondo, em Escórcia. Estes ditos irmãos eram sobrinhos do primeiro Gonçalaires, companheiro de João Gonçalves Zargo, primeiro Capitão que foi na ilha da Madeira e todos eram parentes.
De Belchior Gonçalves Escórcio, um d’estes quatro irmãos que vieram de Escórcia à ilha da Madeira, descendeu João Gonçalves Ferreira que n’esta ilha de São Miguel se chamou da Serra d’Água, o qual veio da ilha da Madeira a esta de São Miguel, no tempo de uma grande peste que deu na dita ilha da Madeira, em uma casa d’esta Casta Grande dos Ferreiras, onde uma irmã de João Gonçalves Ferreira vivendo na ilha da Madeira, muito rica, em uma sua quinta com grande casa, onde tinham tantos escravos, que lhe não sabiam o nome, mandando-lhe uma pedra de linho fino, a mandou guardar com outro, e daí a algum tempo, fazendo-a tirar por uma escrava, d’antre o outro, em o tirando e descobrindo, deu mal de peste na escrava que o tirara e daí em os mais da casa; e depois se ateou no porto da cidade do Funchal e por toda a ilha da Madeira, que foi causa de se despovoar quase toda a terra, e esta foi a razão porque os mais dos grandes e principais homens se desterraram da ilha da Madeira e se foram, uns para as Canárias, e outros para outras partes, antre os quais, o dito João Gonçalves Ferreira, da Casta Grande, se veio a esta ilha de São Miguel com sua mulher Catarina Afonso e toda sua família, e com muitos escravos e escravas, vacas e muita fazenda de dinheiro, baixela de prata e muita tapeçaria, e se aposentou na vila da Ribeira Grande, perto, fora da vila, onde comprou terras em que mandava fazer sua lavoura. Aconteceu um domingo ir à igreja com sua mulher e filhos e escravos, de que andava bem acompanhado, e estando ouvindo missa se alevantou o fogo em sua casa e lhe queimou toda sua fazenda, de tal sorte que quando acudiu era tudo ardido, e acharam, depois do fogo apagado, as pranchas de prata da baixela, e outras peças que se fundiram; pelo que se veio morar abaixo à vila, em umas boas casas que comprou sobre a ribeira, junto da ponte, onde mandou fazer um engenho de serra d’água, como os da ilha da Madeira, com seus escravos e um João Lourenço, seu criado, que era mestre do dito engenho e endereçava os escravos.
Este João Gonçalves Ferreira, da Casta Grande, da Casa de Drumonde e da progénia dos Reis de Escórcia, teve de sua mulher Catarina Afonso três filhos legítimos e três filhas. O primeiro se chamou Afonso Gonçalves Ferreira, viveu na cidade da Ponta Delgada, sempre rico, com escravos e escravas e senhor de bons ginetes, que levava alguns à destra, quando saía em jogos de canas, com suas mochilhas de veludo e seus ricos arreios; casou com Grimaneza Luiz, filha de João Roiz, escrivão, homem mui principal e de nobre progénia, da qual houve três filhos e três filhas. O primeiro filho, Manuel Ferreira, faleceu solteiro; o segundo, João Roiz Ferreira, que agora é capitão de uma bandeira, casou com Maria Lopes, filha de João Lopes, de que tem filhos e filhas; o terceiro faleceu moço. A primeira filha, chamada Isabel Ferreira, casou com Diogo Gonçalves Correia, fidalgo, sobrinho do bisconde de Ponte de Lima e do bacharel Diogo Pereira, fidalgo, que foi desta ilha de São Miguel, ouvidor do Capitão muitos anos, dos Correias do Regno, que têm este apelido pelas razões ditas, quando tratei de Jácome Dias Correia, na progénia dos Gagos; da qual Isabel Ferreira e Diogo Gonçalves Correia nasceram dez filhos, faleceram seis, e os vivos são estes, sc., a primeira, chamada Grimaneza Ferreira d’Escórcia, que casou com Afonso de Goes, mestre da capela da cidade da Ponta Delgada, extremado não somente no canto e voz e engenho, mas em todas suas coisas, natural de Campo Maior, de Alentejo, filho de Gil Fernandes Caiola e de Joana Dias Mexia, dos de Castela, prima de Afonso Mexia veador que foi na Índia da fazenda e escrivão d’ela em Portugal, que está sepultado em São Domingos, em Lisboa, em uma rica capela à qual avinculou um morgado de mais de duzentos moios de renda; e o dito seu pai, natural da cidade de Elvas, foi casado três vezes: a primeira com uma irmã de Pero Lopes da Silva, feitor que foi de Frandes e embaixador de Castela; e a segunda, com outra nobre mulher; a terceira, com a dita Joana Dias Mexia, das quais todas houve vinte e tantos filhos e filhas; por cuja causa se veio o dito Afonso de Goes para esta ilha, com Francisco de Mesquita, casado com D. Francisca, filha de João Sotil, prima do mesmo Afonso de Goes, que tem seus brasões de muita nobreza, assim de uma, como da outra parte; o qual tem cinco filhas e um filho, afora três filhas e dois filhos que lhe faleceram, da dita Grimaneza Ferreira; e o dito Gil Fernandes Caiola, seu pai, foi por muitas vezes juiz e vreador da dita cidade de Elvas, que tem quatro mil vizinhos, e em Campo Maior, que tem mil e quatrocentos. A segunda filha de Diogo Gonçalves Correia e de Isabel Ferreira, chamada Maria Correia de Drumonde, casou com o doctor Gaspar Gonçalves, de tanto nome e fama na medicina , que quando o chamam para curar algum enfermo, se diz comummente que chamam a saúde; de que não tem filhos.
Outro filho de Diogo Gonçalves Correia e de Isabel Ferreira se chama Miguel Correia de Drumonde, o qual logo em moço mostrou nesta ilha o que havia de ser em homem, porque cometeu coisas grandes que os mais valentes, de madura idade, não ousam cometer; e sendo de quinze anos se foi para a Índia de Portugal com D. Henrique Gonçalves de Miranda, sobrinho do Cardeal, filho de D. Violante, que ia por capitão do Malabar, quando foi para lá, por Viso-rei, D. Luiz de Taíde , da primeira vez; do qual Viso-rei foi desejado e pedido ao dito capitão do Malabar, o qual lhe respondeu que o não levava por pagem, senão por filho, prezando-se muito dele, e tanto que quando os seus lhe queriam pedir alguma mercê, por sua intercessão a alcançavam. Chegado o dito Miguel Correia de Drumonde à Índia, a primeira cousa em que se achou foi na guerra e cerco que o Hidalcão pôs a Goa, onde se deu um combate que durou três dias, e não se via no campo senão sangue e fogo; ali fez o dito Miguel Correia muitas avantagens, indo diante do Viso-rei, que tomou por sua guarda a ele e outro de seu seio; ia Miguel Correia com uma rodela de aço em um braço e a espada na mão, cometendo os imigos, e por o verem os mouros bom soldado se inclinaram muito a ele, acometendo-o com maior fúria, antre os quais veio um alto de corpo e lhe tirou com uma escopeta, cujo pelouro lhe deu na rodela e saltando no nariz lhe caiu aos pés, sem lhe fazer nojo, e ele com muito ânimo e ligeireza arremeteu ao mouro e lhe tirou a vida, e por ser o mouro grande o levou pelas coxas e, revirando-o, o acabou. No qual fragante soltaram os mouros um touro afim de matar o Viso-rei, e Miguel Correia, dando um salto d’entre os outros, fez tal sorte que matou o touro, o que vendo o Viso-rei, o levou nos braços, dizendo: — hei por bem de vos alevantar por cavaleiro, com toda a solenidade que se deve a tais cavaleiros, porque nos maiores encontros sempre fizestes sortes de cavaleiro extremado, e el-Rei vos está devendo mercês.
A segunda cousa notável, antre outras muitas que não conto, em que se achou Miguel Correia de Drumonde, foi desta maneira. Mandando o Viso-rei D. Luiz de Tayde uma galé tomar outra de mouros, em a qual o capitão português pôs outros capitães em suas estâncias, e porque o capitão de uma estância da dita galé tardou ao embarcar, o capitão da galé, vendo que não vinha, perguntou se estava dentro na galé Miguel Correia; dizendo-lhe que sim, o fez capitão da estância que o não tinha, não tardando muito espaço de vir o capitão daquele lugar, e vendo que o tinha o dito Miguel Correia, lhe disse: — senhor, sois muito moço para esse lugar; ao que respondeu Miguel Correia: — se quereis saber se sou moço, chegai para cá e sabe-lo-eis, porque sou tão bom fidalgo como vós. Ao que acudiu o capitão da galé e os pôs em paz, ficando o Miguel Correia no lugar, por capitão daquela estância; e chegando a galé dos mouros, pelejou varonilmente, e da sua estância, com um montante nas mãos, saltou na galé dos contrairos e fez grande estrago neles, até os acabar de vencer; mas d’ali o trouxeram quase todo atassalhado de feridas, com as armas metidas pelo corpo, de tal maneira que na primeira cura que lhe fizeram, se gastou grande parte de um toucinho em mechas. Além de outras coisas notáveis que fez na Índia, como foi um desafio que teve com um valente soldado e o venceu nele, e rendeu outra vez em um caminho, a dois arrenegados e os levou presos a uma fortaleza. Agora dizem alguns que está casado, muito rico, na China; outros que em outra parte da Índia.
O segundo filho é Gabriel Ferreira, de tanto ânimo que, se acertara de ser são, fora dos melhores soldados de muitas partes.
A segunda filha de Afonso Gonçalves Ferreira se chamou Constança Roiz Ferreira, que casou primeira vez com Sebastião Fernandes, neto de Afonso Anes, dos Mosteiros, que tinha seu morgado; a segunda vez, com Francisco Correia, e de nenhum houve filhos.
A terceira filha faleceu moça.
O segundo filho de João Gonçalves Ferreira, da Serra d’Água, se chamou Pero Gonçalves Ferreira, o qual casou com Francisca Velha Falcoa, de que teve uma filha e dois filhos.
O terceiro filho, chamado Baltasar Gonçalves Ferreira, foi sacerdote de missa e faleceu na ilha da Madeira.
A primeira filha de João Gonçalves Ferreira, da Serra d’Água, se chamou Catarina Escórcia, a qual casou na Ribeira Grande com Francisco Afonso das Côrtes, de que houve dois filhos e duas filhas, sc., Manuel Ferreira e o licenciado Simão Pimentel, pregador, que teve o púlpito da cidade e depois o de Vila Franca, por provisão d’el-Rei, muitos anos; a primeira filha se chamou Isabel Ferreira, que faleceu solteira, e a outra Ana Escórcia, que foi casada com Diogo Dias Brandão , que morou na Ponta da Garça.
A segunda filha de João Gonçalves Ferreira, da Serra d’Água, se chamou Inês Ferreira, que casou com André Martins, do Morro da Ribeira Grande, de que houve um filho, chamado Domingos Ferreira, que na Índia de Portugal é capitão do mar, e outros filhos.
A terceira filha de João Gonçalves Ferreira, da Serra d’Água, se chamou Lianor Escórcia, a qual não foi casada.
O avô de Isabel Ferreira e pai de Grimaneza Luiz, mãe de Isabel Ferreira, sogra do doctor Gaspar Gonçalves, se chamava João Roiz Cavão, escrivão da Câmara, o qual era parente do avô dos filhos de João Fernandes Raposo, que morou acima do mosteiro de Santo André.
Teve João Roiz Cavão, de sua mulher Isabel Gonçalves, muitos filhos e filhas: o primeiro filho foi Belchior Roiz, escrivão que foi da Câmara, muitos anos, na cidade da Ponta Delgada, e pai do doctor João Roiz, pregador do Cardeal e seu visitador, e depois visitador do Arcebispo de Lisboa.
O segundo filho se chamou Bartolomeu Roiz que faleceu solteiro.
A primeira filha, Margarida Roiz, casou com Diogo Vaz Carreiro, irmão de Pero Gonçalves Delgado, de que houve filhos e filhas.
A segunda filha de João Roiz Cavão, chamada Guiomar Roiz, casou com um homem nobre, de que teve filhos e filhas.
A terceira filha se chamou Grimaneza Luiz, que casou com Afonso Gonçalves Ferreira, como já tenho dito. A quarta filha, Ágada Roiz, casou com Rui Vaz Badilha, de que houve um filho que faleceu menino. A quinta filha, Constança Roiz, que casou com um homem que a levou para Portugal, de que tem um filho bom pregador.
A sexta filha, Maria Roiz, casou com António Gonçalves, dos Poços, de que houve um filho e uma filha que estão casados e moram nos mesmos Poços.
A sétima filha, D. Isabel, casou primeiro com Diogo Fernandes, e a segunda vez com Ibonel de Betencor, filho de Gaspar Perdomo, e de nenhum dos maridos teve filhos.
Teve este João Ferreira um filho natural que trouxe da ilha da Madeira, chamado Gaspar Gonçalves, que faleceu no mandado de Deus, sendo casado com uma irmã de Francisco Afonso das Côrtes, de que teve dois filhos.
Teve mais João Gonçalves Ferreira uma filha natural, que trouxe da ilha da Madeira, chamada Branca Gonçalves, que foi casada com Afonso Delgado, e faleceu na vila da Ribeira Grande, sem ter dele filhos e dantes foi casada com Bartolomeu Fernandes, filho de Fernão d’Afonso de Paiva, irmão de João Fernandes, escrivão do eclesiástico, de que houve uma filha, que casou com Baltasar Dias de Mendonça, natural do lugar de Santo António.
Têm os Ferreiras, no escudo de suas armas, o campo d’ouro e três faixas ondadas de vermelho, e por diferença uma brica azul e n’ela um M de prata; elmo de prata, aberto, guarnecido de ouro, e paquife de ouro e de vermelho; e por timbre meio libréu de vermelho com sua coleira de ouro.
Veio também a esta ilha, de Portugal um Gaspar Ferreira, homem nobre e discreto que teve aqui as rendas d’el-Rei e fez as nobres casas que agora são do grão capitão Francisco do Rego de Sá e de sua mãe D. Margarida de Betencor. O qual Gaspar Ferreira não sei se era parente destes outros Ferreiras acima ditos, porquanto têm diferença nas armas de seus brasões. Teve este Gaspar Ferreira, de sua mulher Isabel de Braga, uma filha que trouxe de Portugal e um filho natural, chamado Baltasar Ferreira, muito valente homem e o mais forte cavaleiro sobre um cavalo, que quantos houve nesta ilha, o qual casou com Isabel Furtada, filha de João Luiz e de Francisca Furtada, de que houve os filhos seguintes: o primeiro, Gaspar Ferreira, que casou com uma filha de Manuel Martins, escrivão dos cativos; o segundo filho, chamado Baltasar Ferreira, valente homem, ainda solteiro; o terceiro, Belchior Furtado, bom sacerdote e grande cantor, músico e discreto, capelão da Rainha D. Catarina. Teve também Baltasar Ferreira, de sua mulher Isabel Furtada, duas filhas: a primeira, Francisca Furtada, casou com um irmão de Hércules Barbosa; a segunda, Inês Ferreira, casou com Manuel Cabral, filho de Nuno Gonçalves Botelho e neto de Jorge Nunes Botelho, de que tem muitos filhos.
Teve Gaspar Ferreira uma filha natural, chamada Leanor Ferreira, que casou, primeira vez, com Fernão Lourenço, de que houve filhos, Cristóvão Ferreira, beneficiado que foi na vila da Ribeira Grande, e Fernão Lourenço que casou com Leonor da Fonseca, e uma filha, chamada Breatiz Ferreira que casou com Manuel Pires, de que tem muitos filhos.
E outra, por nome Isabel Ferreira, que casou com Hércules Barbosa, lealdador-mor dos pastéis, de que tem muitos filhos. E casou segunda vez com Manuel Machado, mestre das obras d’el-Rei, de que teve uma filha, chamada Margarida Machada, que casou com Gaspar de Viveiros, morgado; outra, por nome Francisca Ferreira que casou com Gaspar de Teve, homem de grandes espíritos, capitão de uma companhia na cidade da Ponta Delgada.
Teve mais Gaspar Ferreira, de sua mulher Isabel de Braga, uma filha que disse atrás vir de Portugal, chamada Catarina Ferreira, que casou primeira vez com António Furtado, de que não teve filhos; e a segunda vez com Gaspar do Rego, filho de Aires Pires do Rego, de que houve uma filha, chamada Breatiz de Santiago, freira professa no mosteiro de Jesus, da vila da Ribeira Grande.
Casou Gaspar Ferreira, segunda vez, com Francisca Furtada, de que não houve filhos.
Tinha em seu brasão um escudo com o campo de vermelho e quatro faixas de ouro, e por diferença uma brica azul e nela um anel de prata, elmo de prata, aberto, guarnecido de ouro, paquife de ouro e de vermelho, e por timbre uma ema com uma ferradura de ouro no bico.