maracujá florMARACUJÁ  Passiflora edulis

O maracujá vulgar ou do Brasil, também conhecido nalgumas ilhas dos Açores por maracujaleiro, é uma planta da família das Passi-floraceas ou Passifloreas, género Passiflora e espécie P. edulis, Sims. A planta é uma trepadeira lenhosa, vigorosa, com folhas trilobadas, com lobos muito marcados, e serradas. As flores são brancas, com frequência raiadas de púrpura, com os segmentos da coroa quase tão compridos corno as pétalas.

O fruto é oblongo-globoso, do tamanho aproximado de um ovo de galinha, de côr roxo-Violáeeo na maturação, com invólucro externo duro, mas fácil de cortar, com 2 a 3 mins. de grossura. Tem muitas sementes escuras, ovais e não superiores a 2 mms., situadas no interior polposo e suculento, um pouco acidulo. As sementes têm um arilo esbranquiçado e translúcido e estão inseridas ao longo de um eixo mediano e, lateralmente, nas paredes da cavidade interna, dividida em três carpelos.

Há outras espécies do género Passiflora, produtoras de frutos comestíveis, as quais, como o maracujá, são conhecidas pelo nome genérico de Passifioras. Citemos, por exemplo, a P. quadrangularis, cujo fruto ê muito maior—o maior do género—e a P. laurifolia, variedade linifolia, com fruto também do tamanho de um ovo de galinha, amarelo quando maduro

Esta última variedade, é, por alguns apreciadores, considerada melhor do que a P. edulis, pelo facto do pericarpo ser mais delgado e a polpa mais aromática, segundo afirmam. Julgamos, porém, que o aroma do nosso maracujá é mais delicado. O P. quadrangularis costuma ser consumido com vinho da Madeira ou com vinho branco, emquanto o P. laurifolia se emprega especialmente como refresco.

Poderemos ainda citar a P. ligularis, A. de Juss., com frutos . maiores do que o maracujá, de côr castanho-avermelhada ou amarela e a P. mollissima, Bailey e P. manicata, Pers., também conhecidas por Tacso-nia, cujos frutos têm aplicação semeihante à do maracujá. A P, mollissima vai bem nos Açores e até no clima do continente português, e supomos tratar-se do «maracujá de São Tomé ou amarelo», como ê conhecido em São. Miguel.

O maracujá é originário da América sub-tropical, sobretudo da Argentina e do Brasil, onde vegeta com extraordinária facilidade e exuberância própria das plantas da flora indígena daquelas paragens. E, porém, cultivado em diferentes partes do globo, podendo dizer-se que invadiu todas as regiões tropicais e sub-tropicais, chegando a sua cultura a tomar, nalguns países, grande desenvolvimento e apreciável interesse económico. Na Nova Zelândia e Austrália, tem sido aproveitado largamente, com feição industrial.

Sobre a sua introdução nos Açores nada sabemos de concreto. É natural que tenha sido para aqui trazido como tantas outras espécies exóticas, numa ânsia de tudo experimentar neste meio, nos tempos já recuados em que as naus vinham tomar aguada e ventos de feição a estas ilhas.

O maracujá, embora espontâneo na sua pátria de origem e naquelas terras de clima onde se adaptou facilmente, tem   merecido, nalguns países cuidados especiais, próprios das culturas intensivas.

Teme as geadas e os ventos e, portanto, tem fraco crescimento no inverno. Nos Açores, a não ser em condições de protecção excepecionais, comporta-se como planta de folha caduca, mas, por exemplo, na Austrália, a planta conserva-se em vegetação durante os meses frios de inverno.

Neste Arquipélago, desenvolve-se e frutifica muito bem. Os frutos atingem excelente maturação e adquirem perfume muito delicado. Não sabemos qual o seu valor sápido, quando comparados com os frutos produzidos na América do Sul, mas não receamos afirmar que o nosso maracujá pode enfileirar entre os frutos de sabor e perfume mais delicado.

Em todas as ilhas existe esta planta, quer cultivada, quer espontânea—abandonada e em concorrência com as restantes plantas espontâneas.
Nascida ao acaso ou plantada é geralmente orientada de maneira a constituir latadas, espaldeiras ou simplesmente atirada para cima de árvores, paredes ou moroiços.

Nestas ilhas, a exploração desta planta não obedece geralmente a cuidados especiais, embora comece a ser frequente a sementeira em alfobre, para obter plantas destinadas a colocar em lugar definitivo.

A planta pode ser propagada por semente ou por estaca—e não sabemos se também por mergulhia. O primeiro é o processo usual nos Açores. Devem ser escolhidas sementes de boas plantas e dos melhores frutos, os quais devem, de preferência, deixar-se secar na própria planta. As sementes, uma vez escolhidas, devem ser secas à sombra e conservadas em lugares secos e frescos.

No começo da Primavera, deverão ser semeadas em alfobre—ou simples caixotes ou terrinas—preparado com terra solta e com os cuidados normais. A semente deve ser distribuída a lanço e coberta com uma polegada de terra fina, posto o que deve proceder-se a uma rega. Posteriormente, repetir-se-ão as regas, as vezes julgadas convenientes. A germinação é demorada, mas uma vez saídas as plântulas da terra, desenvolvem-se com certa rapidez.

Deve proceder-se a uma repicagem, deixando apenas plantas de 15 em 15 cms. Deve ter-se, é claro, sempre o cuidado de fazer mondas, para eliminar a vegetação espontânea e os caules devem ser limpos de folhas até 10 a 15 cms. do solo. É variável o tempo de desenvolvimento das plantas em alfobre mas ao fim de seis meses a um ano elas estão prontas a ser transplantadas para o lugar definitivo.

O maracujá pode, como dissemos, multiplicar-se por estaca. As estacas devem ser colhidas das melhores plantas e de rebentos completamente formados. Devem ter cerca de 15 cms. Não é processo normalmente seguido nos Açores e ignoramos mesmo se já foi aplicado nestas ilhas.

Para se conseguir bom enraizamento, as estacas devem ser postas em areia. Afirma-se que este processo de multiplicação é mais rápido. A ser viável no nosso clima—questão que convinha estudar—ofereceria grande interesse adoptar esta prática, pois ela permitiria obter novas plantas com maior rapidez e fazer uma excelente selecção, pela escolha dos melhores indivíduos, donde tirar as estacas. De resto, nota-se a existência de variedades ou formas diversas, umas melhores que outras, como por exemplo os maracujás de casca mais fina.

O maracujá é exigente quanto a água e fertilidade do solo. O terreno deve ser solto, com boa drenagem, fundo, fresco e rico em matéria orgânica. Todavia, isto não quer dizer que as plantas se não desenvolvam e produzam regularmente em terrenos com outras caraterísticas. O solo, antes da plantação, deve ser preparado com cava funda.

Não convém usar terrenos que anteriormente tenham sido também cultivados com maracujás, especialmente para defesa das doenças. Devem ser escolhidos lugares abrigados dos ventos, pormenor muito para ter em conta no meio açoriano.

No caso de fazer-se cultura em extensão, para ocupação de todo o terreno, as plantas devem ficar dispostas em linhas separadas umas das outras de 3,50 m. e dentro da linha de 5,50 m. a 6,00 m. Pode, porém, usar-se disposição relativa diversa. Tudo depende do sistema de tutor que se pretende adoptar.

Logo a seguir à plantação a planta deve ser presa a um tutor, para melhor defesa dos ventos. Qualquer tutor lhe serve para trepar. Este planta pode muito bem ser aproveitada para constituir latada, pois assim se torna possível associar o útil ao agradável, o ornamento e a frescura da sombra, por um lado, e o fruto por outro.

Maracujá fresco contém pró-vitamina A beta-caroteno, vitamina C (36%), fibra (42%) e ferro (12%) em quantidades significativas quanto às necessidades diárias; o teor de vitamina A convertido a partir de fontes de provitamina A é de 25%. O sumo de maracujá é uma boa fonte de potássio, o que pode tornar o fruto relevante como fonte de nutrientes para diminuir o risco de pressão arterial elevada. Estudos preliminares indicaram que consumir casca de maracujá pode aliviar os sintomas da asma. Um estudo mostrou que a fruta contém licopeno.

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nêsperaUma nota de Carreiro da Costa em 1952 dá conta da exportação deste fruto para Londres, nos seguintes termos:

A nespereira do Japão (Eryobotria Japonica), a que os chineses chamam Loquat, foi introduzida em S. Miguel, por volta de 1810, pelo Barão da Fonte Bela, como árvore de ornato, e depressa se propagou,  pois encontrou nesta ilha terreno propício para o seu desenvolvimento.

Em 1849 escrevia-se a respeito desta árvore frutífera, n’«0 Agricultor Micaelense» que os frutos da nespereira eram «de tão particular e exquisito sabor que, depois da laranjeiras, nenhuma outra fructa é hoje tão abundante e comum em S. Miguel.» E acrescenta a notícia : «A árvore é robusta, extremamente prolífica, e amolda-se a todos os terrenos e circunstancias multiplica-se facilmente por mergulhia ou sementeira. Os fructos são succulentos, subacidos, e polposos, mas tão tenra é a polpa que toda se desfaz em agradabilíssimo liquor. Não há quinta nem quintal aonde senão encontre a Nespereira. Nos meses em que as laranjas começam a escacear, vem as nesperas consolar-nos avantajadamente da sua ausência».

As nêsperas, por essa época foram de tão boa produção e de tão boa qualidade que o micaelense Amâncio Gago da Câmara, na primavera do referido ano de 1849 as enviou para o mercado de Londres onde, informa aquele jornal, «sob mui favoráveis auspícios» se conseguiu que cada fruto fosse liquidado à razão de vinte e tanto réis.

«O Agricultor Micaelense» dá tal notícia com grande entusiasmo e quase apela para todos os fruticultores de S. Miguel para que tal exportação prossiga. Desconhece-se, no entanto, por que razão essa exportação não teve o desejado movimento.
C. da C. 1952

As nespereiras existentes nos Açores são em geral pouco cuidadas e o pouco fruto que chega aos mercados normalmente está cheio de marcas escuras, devido principalmente à Mosca do Mediterrâneo e ao Pedrado.

A Aguardente de Nêspera já foi muito produzida no Pico, destilada a partir do sumo de nêsperas bem doces, com graduação alcoólica de 40 a 45 graus.

Na Terceira há notícia de já ter sido produzida comercialmente na Quinta do Martelo. Não consta que exista neste momento nenhuma marca comercial e se é produzida é para consumo privado.

Na Madeira é produzido comercialmente um licor de caroço de nêspera (a receita popular consiste na infusão dos caroços em álcool alimentar durante 6 meses, adicionando-se depois açucar a gosto).

Para conseguir bons frutos, as árvores devem ser fertilizada duas a três vezes por ano. As flores são produzidas em cachos terminais perfumados a partir de Setembro  mas o fruto só surge a partir de Dezembro, amadurecendo no final de Fevereiro a Abril. Na Tailândia, devido ao risco de tufões, a árvore é conduzida para não ultrapassar 1 metro de altura, e os galhos são amarrados ao chão, porque alegadamente um ângulo de 45º promove maior floração.

No Brasil, os cachos de fruta são ensacados para eliminar as queimaduras solares. No Japão também são usados sacos de pano ou papel, contra as cochonilhas, pulgões, moscas de frutas e pássaros (um trabalhador pode aplicar 1.000 a 1.500 sacos por dia), usando um gancho para agarrar os ramos.

Deve realizar-se uma poda judiciosa após a colheita, caso contrário os rebentos terminais tornar-se demasiado numerosas e causar um declínio em vigor. Retiram-se galhos cruzados e reduz-se a densidade para permitir a entrada de luz ao centro da árvore. Ramos de frutificação mais velhos podem ser gradualmente removidos para reduzir o tamanho da árvore a uma altura que facilite o trabalho.

Quando afectada pela mosca, é importante remover todos os frutos atacados para não permanecerem como anfitriões, e tratar o solo para matar as pupas. Pode polvilhar-se a folhagem com pós de pimenta, o que repele a mosca e é fundamental usar armadilhas. 

A tolerância das nespereiras ao sal é muito boa e por isso podem ser plantadas ​​perto de zonas costeiras. Foi estudado que a aplicação de ácido giberélico (60 ppm) em plena floração aumenta a frutificação e aumenta o tamanho dos frutos e peso, açúcares redutores totais e teor de ácido ascórbico, reduz a queda de frutos, número de sementes, e acidez.

OUTRAS UTILIZAÇÕES A nêspera é um dos remédios para a tosse mais populares no Extremo Oriente e é ingrediente de muitos remédios patenteados. As folhas constituem um analgésico, anti-bacteriano, anti-emético, antitussígeno, antiviral, adstringente, diurético e expectorante.

Uma decocção das folhas ou rebentos é utilizada como um adstringente intestinal, como um colutório (solução para gargarejar) no caso de aftas e também no tratamento de bronquite, tosse e resfriados febris. As folhas  podem ser usadas frescas ou secas.

A penugem das folhas deve ser removida antes da sua utilização, a fim de evitar a irritação da garganta. As flores são expectorantes. O fruto é um pouco adstringente, expectorante e sedativo e é usado para reduzir vômitos e sede.

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poda macieiraFOLHAS DIVULGATIVAS: MACIEIRA SERIE DE PODA – N.º 1 e 2
Autores: César Medeiros1; Conceição Carvalho2,David Lopes1
(Dept. C. Agrarias-Univ. Azores, 2 Fruter)

A PODA
É uma operação cultural que o fruticultor utiliza para manter o equilíbrio entre a frutificação e a vegetação, de forma a que, também através dela, obtenha uma produção de qualidade e em quantidade (Rui Maia de Sousa, 2004).

A CONDUÇÃO EM EIXO
O acto de podar visa por um lado reduzir o espaço de tempo para a árvore entrar em produção, e por outro promover o equilíbrio da produção ao longo da vida útil da árvore, isto em detrimento de manter uma forma estética padronizada.
Deste modo a poda está ao serviço da produção e não para manter uma árvore geometricamente igual ás demais.

ÉPOCA E QUALIDADE DOS CORTES NA PODA
O momento e a forma como se actua sobre a árvore determina o sucesso da operação cultural. O momento define-se pela época de realização de uma poda, independentemente de qual o seu tipo. A forma por sua vez, define-se pelo tipo de corte que opera, tendo em conta a resposta da árvore.

Época de poda
Poda de Inverno ou em seco
- quando realizada entre a queda das folhas e o abrolhamento.
- formação da árvore
- estimular o aparecimento de madeira,
- aumentar o vigor.

Poda de Verão ou em verde
- quando realizada durante o período vegetativo.
- a época ideal ocorre entre a quarta/quinta semana e a
O efeito da posição do ramo no crescimento vegetativo e na capacidade produtiva (Adaptado Oberfor, H (1990).
sétima/décima semana após plena floração.
- maior diferenciação floral,
- melhor cicatrização,
- maior arejamento da copa,
- melhorar a qualidade dos frutos
- menor custo de produção.

CONDUÇÃO EM VASO
Este sistema de condução adapta-se melhor à cultura do pessegueiro do que à cultura da macieira. Contudo existem variedades, como o caso da Reineta que devido à estrutura de rebentação desorganizada para condução em eixo, comportam-se melhor neste sistema.

RAZÕES PARA PODAR
Desenvolver um esqueleto forte capaz de suportar a produção.
Manter um equilíbrio adequado entre o crescimento vegetativo e a frutificação de modo a obter produção em quantidade e qualidade.
Renovar órgãos de frutificação
Manter estrutura da copa da árvore adequada para a entrada uniforme da luz (Fig 1) e dos pesticidas
Remover ramos secos, doentes ou partidos
Proporcionar e manter lenho de acordo com estrutura de frutificação característica da variedade em toda a copa
Ajustar parcialmente a capacidade produtiva antes da floração para reduzir o número de frutos a eliminar após o vigamento através da monda de frutos.

CUIDADOS A TER NA CONDUÇÃO EM VASO
Evitar ter mais de três pernadas principais.
A inserção das pernadas não deve coincidir no mesmo ponto, a fim de evitar ensombramento, improdutividade, perda de uma ou mais pernadas por rasgamento devido á carga. Ter cuidado de podar para que se desenvolva e mantenha lenho de frutificação próximo do centro da árvore, por forma a optimizar a produção e reduzir custos.
Evitar que a árvore cresça demasiado em altura, visto que a produção reduz-se e os custos aumentam quer na poda que na apanha
Podar atendendo ao efeito que pretendemos, de acordo com a Fig. 2.
Evitar deixar os ramos que se encontram inseridos em posição vertical, em especial se tem mais de 75 cm, caso contrário e quando inseridos com ângulo superior a 45º com a vertical, conjuntamente com o peso dos frutos poder-se-ão tornar produtivos.

À Plantação
O 1º gomo ou 1º lançamento seleccionado deve ficar virado para o lado do vento dominante.
Árvore sem ramos
Se comprar uma árvore sem ramos podar a cerca de 65 a 75 cm acima do solo.
Árvore com ramos
Se comprar uma árvore com muitos ramos, eliminar todos os que se situarem até 45 cm acima do solo. Seleccionar dos restantes
3 ou 4 ramos saudáveis, distribuídos uniformemente em torno do eixo, afastados 60º a 90º entre si. Cortar os ramos seleccionados a meio do seu comprimento.
Um Ano
A poda deverá ser feita no fim de Inverno. A melhor época para podar vai desde a floração até duas semanas após a queda das pétalas. Por isso não podar entre Janeiro e Março/Abril, porque as plantas nessa fase não tem capacidade para cicatrizar as feridas. Primeiro remover ramos partidos e doentes. Segundo eliminar os rebentos demasiados vigorosos e mal posicionados
Segundo Ano
As árvores começam a desenvolver o segundo “andar” de ramos, este sobre o do ano anterior. Seleccionar dois ou três ramos por pernada anteriormente seleccionada. Os ramos devem estar afastados na pernada cerca 15 a 20 cm entre si e 45 a 60 cm do tronco principal. Remover todos os outras pernadas. Cortar os ramos seleccionados para o 2 “andar” pela metade do comprimento.
Terceiro Ano
Com uma poda cuidada durante os primeiros dois anos, não será necessário uma poda severa. Todavia é importante manter o centro aberto (vaso) para a entrada da luz. Remover ramos que provocam sombra no interior da copa, principalmente os que tenham muito vigor. Esta operação deve ser feita em verde para evitar a substituição por novos ramos. Podar de modo a promover o desenvolvimento de órgãos de frutificação.

 

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flor macieiraFOLHAS DIVULGATIVAS: MACIEIRA
SERIE TÉCNICAS CULTURAIS - N.º 1
Autores: César Medeiros1; Conceição Carvalho2,David Lopes1
(1Dept. C. Agrarias-Univ. Azores, 2 Fruter)
MACIEIRA

POLINIZAÇÃO
Em fruticultura, a polinização é um dos factores mais importante para obter produções competitivas, com qualidade e em quantidade. A maioria das culturas frutícolas requerem polinização cruzada para produzirem frutos de valor comercial.
Polinização significa a transferência de pólen da parte masculina da flor, anteras, para a parte feminina, o estigma. Esta transferência, na maioria das espécies frutícolas é realizada pelos insectos, principalmente, as abelhas meliferas e as selvagens (bombus, abelhas solitárias).
Existem variedades de macieira que para produzirem necessitam de pólen de outras variedades (polinização cruzada). Existem também variedades cujo pólen tem fraco poder germinativo, pelo que não são boas polinizadoras.

ALGUMAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA UMA BOA POLINIZAÇÃO CRUZADA
Existirem no pomar duas variedades polinizadoras em que uma delas esteja em plena floração quando a variedade base esteja no inicio da floração e outra polinizadora que esteja em plena floração quando a variedade base está a “passar” a plena floração.

As variedades polinizadoras terem exigências em horas de frio idênticas ás da variedade base.
As variedades polinizadoras serem diploides (produtoras de pólen viável).
As variedades polinizadoras devem ser de vigor idêntico ou superior ás da variedade base.
A distância na linha entre polinizadoras não deve ser superior a 25 m.
As polinizadoras devem estar alternadas ao longo das linhas.
Antes da colocação das colmeias no pomar, o coberto vegetal deve ser cortado para que as flores das infestantes não desviem os insectos polinizadores.
As colmeias devem ser colocadas no pomar só quando estejam abertas 10 a 20% das flores.
Nos pomares expostos a ventos devem ser estabelecidas cortinas de quebra vento para reduzir a velocidade do mesmo e facilitar o trabalho dos insectos polinizadores.
Não efectuar tratamentos fitossanitários durante a floração, caso seja imperioso tratar de fazê-lo à noite.

DESENHO DO POMAR

A situação mais aconselhável é dispor as polinizadoras ao longo das linhas e alternadas. Isto porque as abelhas circulam no sentido de menor distância entre as plantas, ou seja, no sentido
da linha.
4 m X 6 árv.
Vamos supor que trabalhamos com:
Variedade base – Mutsu;
Variedade polinizadora 1 – Gala;
Variedade polinizadora 2 –Granny Smith
Distância entre plantas de 4 m.

LOCALIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE ABELHAS

Num pomar de macieiras devem ser colocadas 6 a 8 colmeias por ha. O clima influência directamente o processo de polonização pelo que em zonas mais ventosas e mais sombrias optar pelas 8 colmeias.
As colmeias devem ser distribuídas ao longo das linhas do pomar em grupos de 2 a 4, ou no topo das linhas.
As colmeias deve ficar orientadas a Sul para aquecerem mais rapidamente e as abelhas começarem a trabalhar mais cedo.
As colmeias devem colocadas 20 a 30 cm acima do solo por causa da temperatura.
As colmeias devem ter, no mínimo 6 quadros bem povoados.

TÉCNICAS CULTURAIS QUE PODEM MELHORAR A POLINIZAÇÃO

Conhecer o estado nutritivo do pomar com especial importância o boro.
Os tratamentos de Inverno com Óleo de Verão (4 a 5 L) + Cobre (700 g) por 100 L/ha, um mês antes da data prevista de abrolhamento.
Em pomares onde não existem variedades polinizadoras devem ser enxertadas algumas árvores para garantir a polinização. Em alternativa, na época de floração da variedade base colocar ramos com flores das variedades polinizadoras. Estes ramos devem ser colocados com a base dentro de uma bolsa de plástico ou de qualquer outro recipiente, que contenha água, para manter durante algum tempo os ramos com flores abertas. O n.º de bolsas pode variar, devendo no entanto estarem espaçadas de 10 a 15m na linha.
A aplicação de caldas açucaradas (2 a 3 kg mel/açúcar/erva cidreira) em algumas árvores do pomar estimula a “entrada” das abelhas no pomar. Preferível o mel ao açúcar devido ao aroma, recomenda-se a dose de 2 a 3 kg/100 L de água por ha.

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banana podaAMOSTRAS DE TERRAS
- Colher uma amostra composta por profundidade (0-20 cm e 20-50 cm);
- Colher cerca de 15 sub-amostras por profundidade de modo que ser
representativas da área em estudo.
- Cada sub-amostra deverá ser colhida na zona de projecção do sistema
radicular na direcção da sucessão mãe-filho-neto,

EXIGÊNCIAS DA CULTURA
A planta é exigente nos seguintes nutrientes por ordem decrescente:
o Macronutrientes - Potássio>Azoto>Cálcio>Magnésio>Enxofre>Fósforo
o Micronutrientes – Manganês>Ferro>Zinco>Boro>Cobre
As doses de fertilizantes usadas são muito variáveis desde a América do Sul, Brasil, Costa
Rica, Índia entre outros centros de produção , no entanto ficam algumas referências:
o Potássio 200 – 625 kg/ha/ano
O Azoto 100 a 400 kg/ha/ano
o Fósforo 0 – 200 kg/ha/ano, no entanto se o teor de fósforo for superior a 20 mg kg-1 de solo, dispensa-se a adubação fosfatada.

REACÇÃO DO SOLO – pH
O pH óptimo para da cultura varia entre 5,8 e 6,5.
O solo na cultura da bananeira tende a acidificar por causa da extracção de nutrientes, aplicação de fertilizantes azotados (por exemplo sulfato de azoto), precipitação, etc.
A análise de pH permite verificar através do equilíbrio iónico se algum(ns) nutriente(s) está mais ou menos disponível ao ponto de limitar a absorção e consequente produção final.
Se o pH for ácido, no caso, inferior a 5,8, é conveniente fazer calagem, dependendo do teor de Mg existente no solo.
Se o pH não for limitativo, deverá aplicar o (os) fertilizante (s) de modo a corrigir a deficiência em causa

FACTORES CLIMÁTICOS LIMITANTES À PRODUÇÃO DE BANANA
Os factores abióticos que mais influenciam a produção de banana nos Açores são:
Temperatura
Frio de Inverno – quando a temperatura mínima é inferior a 11ºC, resulta na perda de clorofila e as folhas ficam brancas, a intensidade varia com o
n.º de horas

Paragem de crescimento – ocorre quando a temperatura média mínima mensal é da ordem dos 9 ºC ou a temperatura média mensal é inferior a
14 ºC.
Crescimento lento – ocorre quando a temperatura média diária é inferior a 16 ºC, ocorre normalmente durante os meses de Dezembro a Março.
Velocidade do vento
Velocidade entre 18 e 36 km/h – provoca o rasgamento da folha
Velocidade da ordem dos 54 km/h - danifica severamente a plantação,
Velocidade superior a 72 km/h - pode colocar muitas plantas no chão (+ 50%) e reduzir severamente a produção.

PRÁCTICAS CULTURAIS
Densidade de plantação
Aconselhável – igual ou menos de 2000 plantas/ha
A evitar – superior a 2300 plantas/ha
Densidades elevadas em bananais com mais de 6 anos de produção, não compensam em produtividade. O efeito de ensombramento e competitividade pela água e nutrientes, resulta em menor peso e qualidade do cacho.
N.º de folhas à floração e durante o enchimento do cacho Floração – na ilha Terceira, as bananeiras emitem o rácimo, em média a partir de
21 a 26 folhas normais.
Enchimento do cacho – é aconselhável manter o maior n.º de folhas na planta durante o enchimento do cacho, no mínimo 8 folhas até à colheita.
Protecção do cacho
Reduz o intervalo de tempo entre a floração-colheita
Melhora o rendimento e qualidade dos frutos (largura e comprimento dos dedos)
Reduz problemas fitossanitários

SISTEMAS DE CONDUÇÃO
Poda de pencas
A execução desta prática cultural deve ser ponderada pela agricultor, pois consiste
na eliminação de uma ou das duas últimas pencas a formarem-se. A sua
eliminação pressupõe que as pencas situadas acima aumentam de peso e qualidade,
traduzindo-se num aumento de rendimento. Todavia é necessário avaliar a eficácia da medida nas nossas condições.


Eliminação da flor masculina
Na ilha Terceira, esta prática não é comum, no entanto, verifica-se que, a proliferação
de pragas (traça da bananeira) e fungos (charuteiro) tende a aumentar
nos casos em que esta prática não é comum. Pensa-se que a sua eliminação e a
colocação de sacos nos cachos pode contribuir para reduzir alguns problemas
fitossanitários.
Deve-se eliminar quando a parte masculina dista 15 cm da última penca.

Outras técnicas de poda e limpeza
Na cultivar “Pequena anã”, de Inverno é aconselhável retirar a folha mais próxima do cacho para que este saia sem problemas.
Limpar os resíduos florais, para evitar o surgimento da doença conhecida por ponta do charuto. Esta técnica é importante, especialmente na época Invernal-Primaveril, uma vez que chove abundantemente.
Eliminar as folhas que se encontrarem com mais de 50% da área afectada por doenças, cloróticas, ou outra razão semelhante.
Evitar que os filhos se situem do mesmo lado que o cacho, de modo a evitar danos provocados pelas folhas, ensombramento para o filho, desenvolvimento de fungos, etc.

PROGRAMAÇÃO DE COLHEITA
O período de colheita da banana determina em grande medida o rendimento do agricultor,
visto que o preço é em função da qualidade e da estação.
O clima dos Açores permite ao agricultor, ainda que de uma forma prolongada no tempo,
definir a época de colheita desejada em função das condições climáticas médias do ano,
da idade média dos filhos seleccionados e da época em que os selecciona.

SELECÇÃO DE FILHOS EM SISTEMA DE CONDUÇÃO EM LINHAS
Após a instalação do bananal em sistema de linhas, é muito importante ter em atenção um conjunto de condições que permita a continuidade do alinhamento das bananeiras visto que apresenta muitas vantagens para o agricultor.
De entre as inúmeras vantagens destacam-se:
Facilidade na aplicação de produtos fitossanitários;
Facilidade na aplicação dos fertilizantes;
Possibilidade de instalar sistema de rega;
Facilidade na limpeza das folhas;
Programação de colheita com eliminação de filhos com diferentes idades por linhas;
Menor esforço na colheita dos cachos;
Eliminação dos resíduos florais.

REGRAS A TER EM CONTA:
O objectivo a atingir é a manutenção das bananeiras em linhas, para tal é necessário ter em conta que:
A bananeira emite vários filhos em torno da planta-mãe após da indução floral;
Os filhos emitidos tem orientação aleatória (Fig 4);
A selecção do filho pressupõe que ao longo do tempo se elimine o mais cedo possível todos os rebentos laterais que não estejam minimamente enquadrados na linha ( +/- 2-3 folhas finas);
Ao eliminar um filho, a planta desenvolverá outro para o substituir, mas em outra posição;
Para eliminar os filhos pode-se utilizar a enxada, no entanto uma sonda como a mostra a Fig. 5, é mais prático e eficaz;
Todos os filhos a seleccionar devem estar orientados para o mesmo lado, e de preferência, contrário ao do cacho (Fig. 6);
Contudo, se não for possível, preferir aqueles que se encontram ao lado do cacho;
Após alguns ciclos a bananeira necessita de ser continuamente re-orientada, para tal é conveniente replantar nos locais onde os espaços são excessivos, de modo a aproveitar do melhor modo possível a área, a luz, a água e os nutrientes.

 

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