acaciaAcácia (Acacia melanoxylon R. Br.).

A segunda espécie mais importante na actualidade, no sector florestal, mas de facto a terceira na constituição da paisagem florestal dos Açores é a acácia. Sob esta designação existem várias espécies, mas a mais importante é a designada acácia preta (Acacia melanoxylon R. Br.). É uma folhosa persistente, originária da Austrália, que em tempos ocupou grandes áreas dos Açores.

A designação popular de pau‑para‑toda‑a‑obra revela o interesse desta espécie em marcenaria. No entanto o comportamento da sua madeira é pouco satisfatório para obras finas. Possui capacidade de se propagar vegetativamente e por semente, nos Açores.

As suas raízes superficiais podem avançar muitos metros e voltar a rebentar, e as suas sementes têm capacidade de germinar nos solos mais secos. De facto, o encharcamento é um dos poucos factores que limita a expansão desta espécie, que em alguns locais de baixa altitude tem comportamento invasor, Figura 4.40 (por exemplo nos Mistérios da Prainha, na ilha do Pico). Não só nos Açores, mas noutras partes do Mundo, é considerada uma das acácias mais conhecidas, por ser uma invasora temível que tem causado muitos problemas nos ecossistemas.

Sendo a Acacia melanoxylon R. Br. uma Leguminosa (família Leguminoseae) pertence à sub‑família Mimosacea. Esta mimosa apresenta, normalmente, um porte arbóreo médio, atingindo entre 8 a 15 m de altura podendo, por vezes, atingir os 20 m. É uma árvore de folha perene, com uma copa densa piramidal ou arredondada. As folhas são filódios laceolados a oblanceolados, ligeiramente curvadas e geralmente verde escuras.

Tem um tronco direito, com o ritidoma de cor cinzento acastanhado escuro e com ranhuras. Os ramos aparecem desde perto da base do tronco e têm geralmente uma disposição horizontal ou mesmo pendular. As inflorescências são compostas por capítulos globulares de côr amarela pálida. Os frutos são vagens castanho‑avermelhadas, mais estreitas que as folhas, algo comprimidas e torcidas. As sementes são rodeadas por pedículos vermelho‑rosados ou escarlate.

É nativa das florestas tropicais do Sudeste da Austrália e da Tasmânia. No entanto, tem sido disseminada pelo resto do Globo, sobretudo devido às suas propriedades ornamentais e ao valor da sua madeira negra. A sua presença começou a ser verificada nas ilhas do Pacífico, na Nova Zelândia, nas ilhas do Oceano Índico e na África do Sul.

Inicialmente, foi reconhecida como uma invasora nociva na África do Sul e hoje está em todos os continentes. Tem ainda povoamentos importantes na ilha do Pico em todas as encostas norte da ilha e em alguns núcleos dispersos nas ilhas Terceira e São Miguel. No entanto, o seu interesse decaiu fortemente com a entrada no mercado da madeira de criptoméria. Porém, o futuro destes povoamentos residuais não é preocupante, do ponto de vista de conservação, uma vez que o incenso facilmente recobre estas áreas e inibe a propagação de juvenis ou rebentos da acácia. Não quer dizer que seja melhor, mas sempre é menos uma espécie a levantar preocupações.

Antes do domínio da criptoméria existiram, com alguma dominância, outras folhosas, nos Açores, plantadas para a produção de madeira.
É o caso das tílias (Tília tormentosa, T. americana e T. x europeia), muito apreciadas pela sua madeira para marcenaria e com interesse ornamental e melífero; dos plátanos (platanus hybrida) em povoamentos até aos 300 metros de altitude; do tulipeiro‑da‑virginia (Liriodendrum tulipifera), grande árvore, produtora de óptima madeira e muito ornamental, para além das já citadas roseira e carvalhos. Também aqui a madeira de criptoméria desviou os mercados.

As madeiras de baixo interesse económico foram substituídas por esta, com proveito para as serrações. Nas madeiras nobres, o preço da importação tornou‑se compensador, em comparação com a produção local.

 

In Espécies florestais das ilhas, Eduardo Dias, Carina Araújo, José Fernando Mendes, Rui Elias, Cândida Mendes e Cecília Melo
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