FOLHAS DIVULGATIVAS: MACIEIRA
SERIE TÉCNICAS CULTURAIS - N.º 1
Autores: César Medeiros1; Conceição Carvalho2,David Lopes1
(1Dept. C. Agrarias-Univ. Azores, 2 Fruter)
MACIEIRA
POLINIZAÇÃO
Em fruticultura, a polinização é um dos factores mais importante para obter produções competitivas, com qualidade e em quantidade. A maioria das culturas frutícolas requerem polinização cruzada para produzirem frutos de valor comercial.
Polinização significa a transferência de pólen da parte masculina da flor, anteras, para a parte feminina, o estigma. Esta transferência, na maioria das espécies frutícolas é realizada pelos insectos, principalmente, as abelhas meliferas e as selvagens (bombus, abelhas solitárias).
Existem variedades de macieira que para produzirem necessitam de pólen de outras variedades (polinização cruzada). Existem também variedades cujo pólen tem fraco poder germinativo, pelo que não são boas polinizadoras.
ALGUMAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA UMA BOA POLINIZAÇÃO CRUZADA
Existirem no pomar duas variedades polinizadoras em que uma delas esteja em plena floração quando a variedade base esteja no inicio da floração e outra polinizadora que esteja em plena floração quando a variedade base está a “passar” a plena floração.
As variedades polinizadoras terem exigências em horas de frio idênticas ás da variedade base.
As variedades polinizadoras serem diploides (produtoras de pólen viável).
As variedades polinizadoras devem ser de vigor idêntico ou superior ás da variedade base.
A distância na linha entre polinizadoras não deve ser superior a 25 m.
As polinizadoras devem estar alternadas ao longo das linhas.
Antes da colocação das colmeias no pomar, o coberto vegetal deve ser cortado para que as flores das infestantes não desviem os insectos polinizadores.
As colmeias devem ser colocadas no pomar só quando estejam abertas 10 a 20% das flores.
Nos pomares expostos a ventos devem ser estabelecidas cortinas de quebra vento para reduzir a velocidade do mesmo e facilitar o trabalho dos insectos polinizadores.
Não efectuar tratamentos fitossanitários durante a floração, caso seja imperioso tratar de fazê-lo à noite.
DESENHO DO POMAR
A situação mais aconselhável é dispor as polinizadoras ao longo das linhas e alternadas. Isto porque as abelhas circulam no sentido de menor distância entre as plantas, ou seja, no sentido
da linha.
4 m X 6 árv.
Vamos supor que trabalhamos com:
Variedade base – Mutsu;
Variedade polinizadora 1 – Gala;
Variedade polinizadora 2 –Granny Smith
Distância entre plantas de 4 m.
LOCALIZAÇÃO DAS COLÓNIAS DE ABELHAS
Num pomar de macieiras devem ser colocadas 6 a 8 colmeias por ha. O clima influência directamente o processo de polonização pelo que em zonas mais ventosas e mais sombrias optar pelas 8 colmeias.
As colmeias devem ser distribuídas ao longo das linhas do pomar em grupos de 2 a 4, ou no topo das linhas.
As colmeias deve ficar orientadas a Sul para aquecerem mais rapidamente e as abelhas começarem a trabalhar mais cedo.
As colmeias devem colocadas 20 a 30 cm acima do solo por causa da temperatura.
As colmeias devem ter, no mínimo 6 quadros bem povoados.
TÉCNICAS CULTURAIS QUE PODEM MELHORAR A POLINIZAÇÃO
Conhecer o estado nutritivo do pomar com especial importância o boro.
Os tratamentos de Inverno com Óleo de Verão (4 a 5 L) + Cobre (700 g) por 100 L/ha, um mês antes da data prevista de abrolhamento.
Em pomares onde não existem variedades polinizadoras devem ser enxertadas algumas árvores para garantir a polinização. Em alternativa, na época de floração da variedade base colocar ramos com flores das variedades polinizadoras. Estes ramos devem ser colocados com a base dentro de uma bolsa de plástico ou de qualquer outro recipiente, que contenha água, para manter durante algum tempo os ramos com flores abertas. O n.º de bolsas pode variar, devendo no entanto estarem espaçadas de 10 a 15m na linha.
A aplicação de caldas açucaradas (2 a 3 kg mel/açúcar/erva cidreira) em algumas árvores do pomar estimula a “entrada” das abelhas no pomar. Preferível o mel ao açúcar devido ao aroma, recomenda-se a dose de 2 a 3 kg/100 L de água por ha.
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