nêsperaUma nota de Carreiro da Costa em 1952 dá conta da exportação deste fruto para Londres, nos seguintes termos:

A nespereira do Japão (Eryobotria Japonica), a que os chineses chamam Loquat, foi introduzida em S. Miguel, por volta de 1810, pelo Barão da Fonte Bela, como árvore de ornato, e depressa se propagou,  pois encontrou nesta ilha terreno propício para o seu desenvolvimento.

Em 1849 escrevia-se a respeito desta árvore frutífera, n’«0 Agricultor Micaelense» que os frutos da nespereira eram «de tão particular e exquisito sabor que, depois da laranjeiras, nenhuma outra fructa é hoje tão abundante e comum em S. Miguel.» E acrescenta a notícia : «A árvore é robusta, extremamente prolífica, e amolda-se a todos os terrenos e circunstancias multiplica-se facilmente por mergulhia ou sementeira. Os fructos são succulentos, subacidos, e polposos, mas tão tenra é a polpa que toda se desfaz em agradabilíssimo liquor. Não há quinta nem quintal aonde senão encontre a Nespereira. Nos meses em que as laranjas começam a escacear, vem as nesperas consolar-nos avantajadamente da sua ausência».

As nêsperas, por essa época foram de tão boa produção e de tão boa qualidade que o micaelense Amâncio Gago da Câmara, na primavera do referido ano de 1849 as enviou para o mercado de Londres onde, informa aquele jornal, «sob mui favoráveis auspícios» se conseguiu que cada fruto fosse liquidado à razão de vinte e tanto réis.

«O Agricultor Micaelense» dá tal notícia com grande entusiasmo e quase apela para todos os fruticultores de S. Miguel para que tal exportação prossiga. Desconhece-se, no entanto, por que razão essa exportação não teve o desejado movimento.
C. da C. 1952

As nespereiras existentes nos Açores são em geral pouco cuidadas e o pouco fruto que chega aos mercados normalmente está cheio de marcas escuras, devido principalmente à Mosca do Mediterrâneo e ao Pedrado.

A Aguardente de Nêspera já foi muito produzida no Pico, destilada a partir do sumo de nêsperas bem doces, com graduação alcoólica de 40 a 45 graus.

Na Terceira há notícia de já ter sido produzida comercialmente na Quinta do Martelo. Não consta que exista neste momento nenhuma marca comercial e se é produzida é para consumo privado.

Na Madeira é produzido comercialmente um licor de caroço de nêspera (a receita popular consiste na infusão dos caroços em álcool alimentar durante 6 meses, adicionando-se depois açucar a gosto).

Para conseguir bons frutos, as árvores devem ser fertilizada duas a três vezes por ano. As flores são produzidas em cachos terminais perfumados a partir de Setembro  mas o fruto só surge a partir de Dezembro, amadurecendo no final de Fevereiro a Abril. Na Tailândia, devido ao risco de tufões, a árvore é conduzida para não ultrapassar 1 metro de altura, e os galhos são amarrados ao chão, porque alegadamente um ângulo de 45º promove maior floração.

No Brasil, os cachos de fruta são ensacados para eliminar as queimaduras solares. No Japão também são usados sacos de pano ou papel, contra as cochonilhas, pulgões, moscas de frutas e pássaros (um trabalhador pode aplicar 1.000 a 1.500 sacos por dia), usando um gancho para agarrar os ramos.

Deve realizar-se uma poda judiciosa após a colheita, caso contrário os rebentos terminais tornar-se demasiado numerosas e causar um declínio em vigor. Retiram-se galhos cruzados e reduz-se a densidade para permitir a entrada de luz ao centro da árvore. Ramos de frutificação mais velhos podem ser gradualmente removidos para reduzir o tamanho da árvore a uma altura que facilite o trabalho.

Quando afectada pela mosca, é importante remover todos os frutos atacados para não permanecerem como anfitriões, e tratar o solo para matar as pupas. Pode polvilhar-se a folhagem com pós de pimenta, o que repele a mosca e é fundamental usar armadilhas. 

A tolerância das nespereiras ao sal é muito boa e por isso podem ser plantadas ​​perto de zonas costeiras. Foi estudado que a aplicação de ácido giberélico (60 ppm) em plena floração aumenta a frutificação e aumenta o tamanho dos frutos e peso, açúcares redutores totais e teor de ácido ascórbico, reduz a queda de frutos, número de sementes, e acidez.

OUTRAS UTILIZAÇÕES A nêspera é um dos remédios para a tosse mais populares no Extremo Oriente e é ingrediente de muitos remédios patenteados. As folhas constituem um analgésico, anti-bacteriano, anti-emético, antitussígeno, antiviral, adstringente, diurético e expectorante.

Uma decocção das folhas ou rebentos é utilizada como um adstringente intestinal, como um colutório (solução para gargarejar) no caso de aftas e também no tratamento de bronquite, tosse e resfriados febris. As folhas  podem ser usadas frescas ou secas.

A penugem das folhas deve ser removida antes da sua utilização, a fim de evitar a irritação da garganta. As flores são expectorantes. O fruto é um pouco adstringente, expectorante e sedativo e é usado para reduzir vômitos e sede.

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