Cessando algum tanto sua fúria aquele monstruoso incêndio deu lugar a ser visto onde então claramente se viu o que acima tenho dito, convém a saber, o sítio, a serra, o lugar e causa donde tanta tribulação havia manado. Ali logo se achou menos o sobredito pico que naquele bosque era maior e mais fresco, e como nele e dentro dele ardera fogo, e daí tinha saído, deixando-o consumido, virado e tornado em outra tão baixa e profunda concavidade, quando alta era sua altura, à qual algumas pessoas desceram por mais de perto verem aquele prodígio.
Viram-se na dita concavidade muitas e diversas bocas, ainda que muitas mais se tinham já atupido, pelas quais o fogo ainda estava respirando e evaporando, mas não tão furiosamente. Por uma delas deitava somente fogo e ar calidíssimo, por outras alguma cinza, mas pouca, a qual também caía perto e ao redor delas, por não ir alta. Uma das ditas aperturas havia mui grande e espantosa, pela qual estava continuamente botando para o ar muita soma de uma terra muito negra e feita em grão, que subia mui alta e direita, fazendo com o delicado vento mil figuras e várias aparências. Ora parecia um verde acipreste , ora uma comprida faia com todos seus ramos. E outras vezes um alto castelo com todas suas torres; e, quando descia, tornava a cair dentro da mesma cova e boca, por ser mui larga e a dita terra ser pesada, feita em grão e não em pó; e por dentro da dita concavidade não entrar tanto vento que a espalhasse, pelo que tornava a cair direita, e assim estava indo e vindo continuamente. Mas, já nela, nem em nenhuma das sobreditas bocas, aparecia fogo, saindo somente delas grandíssima quentura. Daqui não há dúvida senão que saía aquela triste e negra terra que caiu sobre todos o dia de S. Pedro.
No meio da dita concavidade, estava um grandíssimo moledo de mais de quinhentos pés em redondo, e de altura mais de cinquenta palmos; o qual era de pedras, delas mui grandes, todas daquelas molares que o fogo criam , todo abrasado a maneira de um fogareiro mui aceso, ou a semelhança de um ardente forno de cal, quando tem suas pedras vermelhas e incendiadas. Esta era relíquia do pico gastado e consumido e o tal moledo era o âmago e ossos dele, que de tal maneira se lhe foi gastando e consumindo a terra e todo o mais, até que ficou nas pedras vivas que dentro tinha, e ainda essas o bravo fogo estava gastando e semeando. Este moledo tinha em meio uma grandíssima e ardentíssima boca, que era e foi a principal de todas, por onde a mais tribulação saía e a primeira que arrebentou na sumidade e coroa do dito pico; o que bem mostrava, por deitar ainda grandes e ardentes fachas línguas de fogo com grande fúria, e, de quando em quando, com mui grandes estouros, muitas pedras de diversas feições, muito altas; e depois, faltando-lhe a força com que, contra sua natureza, as faziam subir para cima, começavam a cair com grande fúria, algumas como pipas, quartos e grandes caixas, outras como grandíssimas balas de fardos de roupa, e outras muitas, pequenas; e, segundo eram grandes ou pequenas, assim iam para cima muito ou pouco, e descendo para baixo caíam também longe ou perto, mas todas já a este tempo das encumeadas da concavidade para dentro. Assim que claramente se viu e entendeu desta haverem saído todas quantas pedras tenho dito, e assim das outras, a cinza e a terra negra, que cada cousa saiu por sua apertura e boca diferente, até tanto que desfizeram, gastaram e consumiram o dito pico e o tornaram tal qual então se via.
Ainda que este pico era tão grande mui maior ficou a concavidade e caldeira onde estava, e tudo na dita cinza e pedra foi desfeito. Contudo, em nenhuma maneira, isso bastara a subverter e cobrir a décima parte do que cobriu, senão que dentro do centro e âmago da ilha saiu pelas ditas aperturas quantidade de dez tamanhos e maiores picos.
Também na mesma concavidade, da banda de leste, de uma altura e quebrada, nascia e manava uma ribeira de uma água mui fria e duma cor branca como soro de leite, que à vista parecia peçonhenta e corria em polme de enxofre e rosalgar e doutros semelhantes materiais, dos quais, a lugares, a dita concavidade estava tão semeada, que de bem longe parecia cor amarela. Esta água peçonhenta, correndo da dita ladeira para o baixo e meio da caldeira, vinha topar e dar no dito moledo encendido, em cujo fogo fazia grande guerra e ali se consumia.
Cada vez mais ia o dito fogo aplacando e mitigando sua ira, e portanto muitas pessoas o iam ver e cada vez lhe achavam mudanças e diferenças, principalmente nas ditas bocas, as quais achavam ora muitas atupidas, ora outras mais de novo abertas, ora sem bafejar e ora com muita fúria.
Como a gente teve lugar de ver a cousa mais de perto e ousaram descer abaixo, acharam que na sobredita água e em todo o baixo e caldeira havia tão grande fedor de enxofre e rosalgar, que enjoava e desatinava as pessoas. E aconteceu irem ali ter alguns cães, em companhia da gente, e estando breve espaço morriam.
Entre os que foram ver o dito fogo que arrebentou, a vinte dias depois de arrebentado, pouco mais ou menos, foram Jorge Tavares, Rui Tavares e Afonso de Goes, mestre que agora é da capela, na cidade da Ponta Delgada, e chegando ao dito mato, que dantes soía ser de mui espesso e alto arvoredo, de maneira que se não podia caminhar por ele, não viram árvore alguma, porque lhe ficavam debaixo dos pés em grande altura, por a cinza e terra, que do lugar do fogo haviam saído, fazerem caminho por cima dele. Chegando à altura de um monte, viram aquela concavidade que ao parecer teria em roda uma légua e meia, e, da boca ao fundo dela, um tiro de espingarda, que dantes era no mesmo lugar um pico mui alto e em cima dele uma grande alagoa. E para descerem abaixo, por não verem caminho, foram escorregando pela cinza e terra, que era fácil. E no meio da caldeira viram congelado um biscouto que ocupava pouca terra, e as pedras dele todas cobertas de enxofre, ao longo do qual, para uma ilharga, estava um poço tão profundo que parecia chegar ao centro da terra e teria de boca cinquenta passos, trazendo dentro de si grandíssima fúria de fogo, pelejando com a água, pedras, terra e polme grosso, com a qual, por espaço de um credo, lançava fora, a modo de bombarda, muito daquele polme misturado com pedras, as quais fazia ir conquistar a região do ar mui alto e, quando o polme e pedras tornavam a cair, vinham enxutas, como se foram stipticadas com a força de todo verão, a qual operação parecia causar a grandíssima altura que se julgava haver da boca aonde o fogo com a água faziam seu assento. Tinha esta caldeira o chão debaixo, de grande quantidade e redondo; da banda do norte se mostrava uma rocha viva, mui alta, da qual saía uma grande ribeira com tanto ímpeto e rumor, que atroava todo o lugar e parecia que alguma fúria assoprava, porque mais tinha tom de vento que rugido de água; o que era bastante a pôr grande medo a todos os que não tivessem ouvido os terramotos passados.
Outros muitos foram ver este lugar de cima da encumeada, mas não chegaram abaixo daquela covoada, toda à roda talhada de rocha, a notar tanto as particularidades dela.
Foram também ver o dito lugar, de Vila Franca, o vigairo da dita vila Belchior Homem e o licenciado Simão Pimentel, pregador, e Francisco Pacheco, Jordão Jácome Raposo, o padre beneficiado Frutuoso Coelho, Jorge Barbosa Ferraz, João Nunes, vigairo que foi na ilha de Santa Maria, e Bartolomeu Pires, homem que conhecia bem aquela terra, Afonso de Lima, tesoureiro em Vila Franca, e outras muitas pessoas. E, chegando ao lugar onde arrebentou o fogo, de muito longe, sobre a rocha, disse o dito Bartolomeu Pires que aquele alto onde estavam era dantes a faldra de um pico que tinha uma alagoa pequena, que se chamava o pico da Lagoinha de Vulcão, e que aquela concavidade que viam era uma alagoa que estava detrás do dito pico, de maneira que o pico e a alagoa era tudo uma concavidade mui alta de doze ou treze alqueires de terra e no meio como uma grande eira. Descendo abaixo o padre Frutuoso Coelho, com sobrepeliz, estola, cruz e água benta que levava, cuidando ser necessário por suspeitar que andavam ali demónios, e Jorge Barbosa, Afonso de Lima, tesoureiro, e outro, chegando ao lugar aonde arrebentou o fogo, estava aquela boca ardendo como um forno de cal, e derredor dela, obra de dois alqueires de terra cobertos de pedras que saíam daquela boca, ardendo tanto que com a quentura não podiam chegar a elas; e, estando todos em baixo, começaram ouvir um grande estrondo a maneira de trovão, e saíram pela boca, que deitou fora mui alto pelo ar, mais de quatrocentas mil pedras, que pareciam grandes bandos de estorninhos. Depois se abriu mais a dita boca, como que se apartava a terra uma da outra, e deitando de si uma pedra tão grande como uma pipa, tornava a cair para dentro na mesma boca algumas vezes, até que de uma a deitou fora e caiu logo ali junto da boca para uma ilharga dela; e este foi o derradeiro terramoto e estrondo que fez e a derradeira cousa que deitou fora, com medo do qual estrondo se foram os que ficaram em cima da encumeada; e os outros que desceram à caldeira lhe pesou bem acharem-se em baixo. Mas, o padre Frutuoso Coelho não fazia senão deitar água benta ao ar contra as pedras que caíam ao redor da boca e dentro nela. Além da qual boca, viram outras duas furnas, uma de polme que se movia a maneira de uma roda, e outra que deitava para o ar ferrugem por duas bocas, quando uma ia para cima, abaixava outra. Estava ao sul uma rocha pequena que merejava água, onde depois morreu um homem, passando ao longo dela, como logo direi. E estes se recolheram com assás medo, por estar a terra tão movida, que temiam grandemente de ali os subverter.
Também foram depois ver o dito lugar António de Crasto, Miguel Lopes de Almeida, Manuel Fernandes, que depois foi estribuidor em Vila Franca, e um valente homem, mancebo solteiro, chamado Afonso Pires, natural da ilha da Madeira, que lá morreu aquele dia, e o padre Pero Mendes, beneficiado na igreja de S. Sebastião, que então acertou de estar em Vila Franca, afora outros que foram em outra companhia, depois deles. Chegados ao lugar que dantes havia sido alagoa, que todo o ano tinha água, entraram dentro naquela concavidade algumas destas pessoas, ficando algumas vendo aquela concavidade e andando-a à roda por cima da rocha; outras desceram abaixo dentro nela, em um espaço grande, muito chão, coberto de pedra pomes, junto nuns altos e baixos que atravessavam a ribeira que corria de nordeste para o sudoeste, e ia ter a uma furna onde se recolheram as águas da alagoa, que ainda então estava tão furiosa dando de quando em quando alguns espantosos urros, como os que dava de contino naqueles dias atrás, que a todos pareciam os derradeiros da vida e do mundo. A qual furna não podiam ver senão de longe. E estes roncos que dava eram causados da pedraria que dentro da furna com água fervia; e aos que entraram e desceram assim então, abaixo desta concavidade, aconteceu o seguinte: António de Crasto e Miguel Lopes de Almeida, que sempre andavam juntos vendo o que dentro havia, ao passar da ribeira acima dita, os atordoou tanto o bafo daquela água, que, indo para diante pouco espaço, caíram como bêbedos; e dali embarbascados se apartaram, fugindo daquele perigo e tomaram cada um seu caminho, quase não sabendo o que faziam. Miguel Lopes, pelo caminho que seguiu, foi dar em um barranco de altura mais de um homem, e porque estava tudo coberto de pedra pomes, cuidou que era como todo o mais caminho por onde haviam vindo, e saltando do barranco em baixo em um rechão, por não rodear a ir buscar o caminho, achou-se em um pego de água mergulhado, e, atónito do engano que lhe havia feito a pedra pomes, todavia se tirou do atoleiro sem perigo e se foi onde estava a demais companhia. Logo chegou António de Crasto tão afrontado como ele, saindo ambos daquela ribeira tão inflamados e ardidos, como puderam sair duma fogueira de fogo.
Aos outros que também abaixo desceram, aconteceu isto. O mancebo Afonso Pires que ia diante, em passando a dita ribeira, por mais que foi avisado e requerido dos companheiros que não fosse por diante, não querendo senão ir, seguindo-o Manuel Fernandes, estribuidor, dando o bafo daquela ribeira a Afonso Pires, foi por diante embarbascado já do fedor dela. Manuel Fernandes cuidando que ia bem, o foi seguindo; mas não muito adiante caiu Afonso Pires para um cabo e Manuel Fernandes para o outro, onde o desatino de cada um e sua desaventura os levou, bem apartados um do outro. A gente, que de riba estava no cume, não fazia senão gritar aos outros de baixo, que já se vinham para a vila, dizendo: — acudi, acudi, a homens mortos.
Aos quais brados, se ajuntaram muitos dos que lá tinham ido aquele dia, e não sabendo que fizessem, porque ainda viam bulir Manuel Fernandes e não havia quem ousasse acudir-lhe, pelo perigo que nisso se oferecia, se ofereceu Bento de Noia, mulato, escravo de Simão da Mota, para os ir socorrer; e, tomando a metade de um pão ensopado em vinho e pondo-o nos narizes e boca, atado com um pano, de maneira que não pudesse recolher nenhum bafo, foi acudir a Manuel Fernandes que estava mais perto, ainda vivo, de bruços, gemendo com a boca no chão, da qual tinha deitado muita escuma; e, tomando-o por um braço, o levou arrastando, até o tirar e pôr em lugar seguro, donde o levaram para a vila como morto, e esteve muito mal alguns dias em cama, primeiro que convalescesse. E, querendo acudir a Afonso Pires que estava morto de boca arriba, com uma adaga, que levava na cinta, desembainhada e posta em cima da barriga, pelo perigo do lugar não compadecer nenhuma demora e ele ir abafado e sem fôlego, o deixou com muita mágoa sua e de toda a mais companhia.
Chegada a nova a Vila Franca de como ficava aquele morto, se ajuntou alguma gente para irem por ele; entre os quais foi um Manuel Nunes, mulato, natural da ilha da Madeira, que servia de prenseiro nos engenhos de açúcar, e por ser valente homem se atreveu i-lo tirar do lugar perigoso em que estava. Levando umas cordas e abafando e cobrindo a boca e narizes com uma toalha, se foi onde estava o defunto e atando-o com a corda pelos pés, com a mais pressa e ligeireza que pôde, ele com outra gente que estava fora do perigo, o arrastaram e o levaram à vila, onde o mesmo dia lhe deram sepultura.
Daí a poucos dias, foram ver o mesmo lugar o padre Frutuoso Coelho, Afonso de Goes e outros, e acharam o caminho bem ao contrário do que dantes estava, porque eram tantas as grotas, que a água da chuva tinha feito na cinza e terra, que por cima do mato primeiro acharam, que não tinham conto, indo cada uma delas buscar o solo da terra. Chegados ao lugar do fogo ou caldeira, não desceram abaixo pela verem toda cheia de água e pedra pomes por cima dela.
A dois de Setembro do dito ano de mil e quinhentos e sessenta e três foram Luís Botelho, cirurgião, e João de Escarsela, da vila da Ribeira Grande, ver o dito lugar onde arrebentara o fogo, partindo direitos da dita vila ao alto da serra, sem fazer rodeio por ser tudo atupido de cinza e pedra pomes que caíra, tornando rasos os altos e baixos; ainda que em algumas partes iam de gatinhas, por ser a serra muito a pique. E, tanto que foram em cima, se acharam sobre uma rocha muito alta, cortada direita, em redondo, cercando um baixo cavo, no qual viram algumas cousas confusas que desejaram ver de perto; pelo que desceram abaixo por uma parte baixa que da banda do sul estava, onde acharam tudo atupido de cinza, a modo de praia calcada, e viram nela da parte do norte cair quatro ribeiras nascidas no meio da rocha, três turvas e uma clara, e ali onde caíam faziam cada uma seu poço pequeno e redondo e nos mesmos poços se sumiam sem ver mais que caminho levavam. Não havia em toda aquela concavidade era, nem árvore; tinha no meio, algum tanto mais para o sul, um outeiro pequeno que estava fumegando. Indo para ver João de Escarsela, diante, meteu os pés em um atoleiro até as coxas, do qual, tomando-o Luís Botelho pelas mãos, o ajudou a tirar; e dizia que debaixo achara com os pés a água solta. Tinha esta praia pelo meio um sinal que apartava uma dura de outra mole. Buscando outro caminho para chegar ao outeiro pequeno, viram nele muitas gretas fumegar e de quando em quando veremelhejar como fogo, e ao longo dele algumas aves mortas, que eles julgaram morrerem de fedor que também ali lhes dava. Ao pé deste outeiro, para a banda do sudoeste, estava um grande buraco no chão, como furna pela qual saía muito fumo, e na boca dele andava ao redor, como em fervura de panela, um calhau tão grande como de quarenta palmos em roda nadando, o qual outras pessoas depois disseram que andara ali pouco tempo sobre a água e fizera assento. Era esta praia da concavidade maior que quarenta alqueires de terra, mais comprida que larga, tendo a compridão de leste a oeste. A rocha para a banda do sul era mais baixa , por onde desceram por um boqueirão escalvado e lavado, como que trasbordara por ele alguma grande cópia de água; da banda de fora tinha uma grota a modo de ribeira, e nela nascia alguma água, pouca, onde é o nascimento da ribeira que se chama da Praia, que vai ter ao mar da parte do sul desta ilha; ali desceram estes dois homens e fizeram com as mãos uma poça pequena para beber, mas a água lhes sabia e cheirava a enxofre.
No derradeiro domingo do Carnal , que foi no mês de Fevereiro, da era de mil e quinhentos e sessenta e quatro, duas horas da noite, depois do sol posto, se ouviu em toda esta ilha um terrível estouro, com que furiosamente tremeu toda, fazendo grande espanto e medo à gente, cuidando todos que tornava acontecer outra nova desaventura, pior que a passada. Em Vila Franca, e em Água do Pau, querendo-se começar a despejar as vilas, mandaram primeiro alguns homens por toda a ilha saber que cousa aquela seria. E acharam que junto donde arrebentou o primeiro fogo, no pico das Berlengas, arrebentara outro, abrindo outro algar muito grande, que deitava de si espessíssimo fumo, e ia correndo por baixo da serra algum licor para contra o lugar da Povoação Velha, com que tomaram algum alento e ficaram consolados por não correr contra as vilas, principalmente por não ter feito, nem fazer depois algum dano; porque, segundo foi o estouro grandíssimo e espantoso, ameaçava grande desolação e subversão de povoados e gente, que por sua misericórdia Nosso Senhor, como bom Pai, impediu que não acontecesse, nem viesse sobre os seus, ainda que maus filhos.
Fez depois este lugar, por diversos tempos, muitas e diferentes mudanças. Agora dizem que, assim como dantes era uma grande alagoa, já está também tornado alagoa muito maior, porque terá duas léguas de comprido e quase um quarto de légua de largo. E cada vez vai mais crescendo.