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PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS
O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal auxilia em muito o podador. Ele fica sabendo por que se poda, o que se pode e quando se poda.
Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação. A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva também pode ter a sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela osmose, etc.
A poda não é uma ação unilateral. Ela vai ensinando quem a está praticando. Mas, para isso é preciso respeitar seu ritmo, entender e conhecer a sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade da colheita. Assim conseguimos entender que a poda visa justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor.
Baseando-se na hidráulica vegetal, estabelecem-se leis nas quais se baseiam as podas das plantas:
1) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e edáficas.
2) O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circulação da seiva em todas as suas partes.
3) Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular. Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas.
4) A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos.
5) A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ramos mais expostos à luz, em vez de se dirigir àqueles submetidos à sombra.
6) As folhas são órgãos que realizam a síntese das substâncias minerais, e a sua redução debilita o vegetal.
7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos.
8) O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa com a intensidade da poda.
9)  O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos.
10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor.
11) A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas e vegetativas são antagónicas.

A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais rectilíneo for o ramo e quanto mais vertical for a sua posição na copa. Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais lenta essa circulação da seiva, maior será a acumulação de reservas e, consequentemente, maior o número de gemas que se transformarão em botões floríferos.
Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes, aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta resulta sempre em ramos vigorosos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As podas severas, portanto, têm geralmente a tendência de provocar desenvolvimentos vegetativos, retardando a entrada da planta em frutificação.
Diminuída a intensidade de circulação da seiva que ocorre após a maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas.
A frutificação é uma consequência da acumulação de carboidratos. Essa acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos, nos finos do que nos grossos.
Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutíferas necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeitamente distintas umas das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a economia da planta. A poda acompanha a planta desde a sua infância até a sua decrepitude. É, pois, natural que vá tendo diferentes funções, adequadas cada uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez variam com a idade. Podemos distinguir quatro modalidades principais de poda: