Freguesia de Vila do Porto População: 3200

Actividades económicas: Pesca e serviços

Festas e Romarias: Senhor dos Passos (4.ª semana da Quaresma), Corpo de Deus (Junho), Santa Maria (15 de Agosto), Espírito Santo (Maio e Junho), S. João (24 de Junho), Festival “Maré de Agosto” e Nossa Senhora da Assunção (15 de Agosto)

Património: Igreja matriz, Forte de S. Brás, Igreja do Senhor dos Passos, Convento de S. Francisco, Biblioteca Pública (no antigo Convento de Santo António), fontenários, ermida dos Anjos e estátua de Colombo

Outros Locais: Jardim Municipal e Parque Florestal

Gastronomia: Nabos da terra, ensopado de feijão, molhos e torresmos de caçoilha, pratos de peixe, cavacas, biscoitos “de orelha”, “areias” e “republicanos”

Artesanato: Mantas e trabalhos em linho, Arraiolos e trabalhos em vime

Colectividades: Gonçalo Velho, Clube dos Marienses, Clube Asas do Atlântico (com a respectiva estação de rádio) e Clube ANA

Orago: Nossa Senhora da Assunção

DESCRITIVO HISTÓRICO


Situa-se esta freguesia no sudoeste da ilha de Santa Maria, entre as Pontas do Marvão e do Malmerendo, que formam uma pequena enseada.

Vila do Porto, mercê do seu ancoradouro, deve ter sido o ponto em que primeiramente aportaram os povoadores, datando dessa altura o início do povoamento.

Porém, Gonçalo Velho foi, sem dúvida, o impulsionador da sua colonização, não sendo possível precisar a data de tal facto.

Os cronistas da época henriquina apontam anos diversos. Assim, Gomes Eanes de Zurara refere que D. Henrique, em 1445, terá mandado Gonçalo Velho povoar outras duas ilhas dos Açores, concedendo o temporal e o espiritual de Santa Maria à Ordem de Cristo, de que fez Comendador Gonçalo Velho. Foi fundador da Vila do Porto Fernão de Quental, tendo Genes Curvelo trazido as provisões para a igreja e para a câmara.

Foi sede do primeiro governo açoriano, onde residiu, algum tempo, Gonçalo Velho, seu capitão donatário.

O foral deste concelho terá sido concedido em data anterior a 1472, ano em que se instalou o segundo município com sede em Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel.

Todavia, a respectiva documentação desapareceu, presumindo-se que tenha sido destruída no incêndio provocado pelos piratas, em 1616.

A primeira povoação mariense fundou-se nas margens da Ribeira do Capitão, no local hoje ocupado pela aldeia de Santana, a pequena distância da Praia de Lobos, onde desembarcou a expedição que foi povoar a ilha dos Açores.

Contudo, sujeito a frequentes inundações durante o Inverno, foi transferido este local para o actual sítio, uma lomba alterosa, onde já não havia o perigo de ser atingido pelas enchentes.

Desde os primórdios que esta freguesia foi alvo de ataques e pilhagens. Em 1480, uma nau castelhana desembarcou vários homens e, em 1576, várias centenas de franceses aqui desembarcaram, tendo sido travados duros combates com os moradores, que culminaram no incêndio de Vila do Porto.

Em 1616, uma grande esquadra comandada por um genovês atacou esta vila, incendiando igrejas e casais e o próprio Convento de S. Francisco. Quando finalmente se libertou a ilha, o Capitão Brás Soares de Sousa, em acção de graças, mandou edificar uma capela de invocação a Nossa Senhora do Livramento.

Deste modo, e tendo em vista a defesa desta povoação, durante os reinados de D. Sebastião e dos Filipes, procedeu-se à construção de fortes e redutos, restando apenas em bom estado o Forte de S. Brás. Quanto aos restantes pontos de defesa situados no Marvão, Praia, Anjos, Maia e S. Lourenço, encontram-se em ruínas.

Possui esta vila várias ermidas, capelas e igrejas. A Igreja da Conceição que foi antiga matriz e a Igreja do Corpo Santo, sede da Irmandade dos Pescadores, cuja nau quinhentista figura no dia da procissão de S. Pedro Gonçalves.

Conta ainda a Vila do Porto com a Ermida da Boa Nova, capela senhorial onde todos os anos se celebra o Império da Trindade, e a Igreja da Misericórdia, de invocação ao Espírito Santo, cuja data de fundação é anterior a 1536. Neste templo sobressai a imagem do Santo Cristo e do Senhor dos Passos, escultura italiana do século XVIII.

Na capela-mor da Igreja do Convento da Madalena, de invocação a Santa Maria Madalena, destaca-se a imagem do Senhor do Bonfim pelas jóias valiosas que ostenta.

O Convento de Santo António foi mandado construir por André Fernandes Almada.

No antigo Convento de S. Francisco, cujo orago é a Senhora da Vitória, estão instalados os Paços do Concelho. No corpo principal da igreja sobressai o Altar das Almas com dois valiosos painéis de azulejos.

A Igreja Matriz da freguesia, cuja construção data do século XV por iniciativa de João Tomé e Rui Fernandes, possui três naves e nela merece especial referência um lampadário de prata lavrada com as armas do Capitão Brás Soares.

Possui ainda esta freguesia a Igreja de Santo Antão, de construção recente, situada no mesmo local onde se achara a velha ermida que, em 1576, foi palco de uma luta sangrenta com os corsários franceses.

Actualmente, a nível económico, a maior parte da população de Vila do Porto dedica-se ao sector terciário, com evidente destaque para o comércio. Quanto aos serviços, têm um papel fundamental, em especial nas actividades ligadas ao Aeroporto, dado que o Centro de Controle Oceânico se situa nesta ilha. A construção civil é também importante, provando assim o crescimento da freguesia.

No sector primário, a pesca ocupa um segmento de população relativamente reduzido, enquanto que a agricultura e a pecuária funcionam sobretudo como actividades complementares. VILA FRANCA DO CAMPO